CASSIOPEIA fora o nome que, segundo a vovó, minha mãe escolheu para ser meu. Era um pouco diferente, entretanto eu o amava, assim como eu sei que amaria a mulher que me dera a luzVovó não falava muito sobre minha mãe, as vezes resmungava uma coisa ou outra quando eu insistia, mas nunca passava disso. E, infelizmente eu só sabia de três coisas sobre ela: 1º ela amava as estrelas, 2º eu parecia muito com ela, 3º ela escolheu a minha vida, ao invés da sua.
Mamãe morreu em meu parto, eu nunca tive a chance de conhecê-la, mas sentia a sua falta de um modo que nem eu conseguia explicar
Eu morava em uma cidade no Michigan chamada Frankenmuth, é o tipo de lugar perfeito se você gosta da Alemanha, já que é uma cidade Germânica. Eu sinceramente amava aquele lugar, só não muito das pessoas que ali habitavam. Principalmente os jovens e os homens, céus como eu os odiava.
Eu morei ali durante 14 anos sem muito reclamar, até o dia em que eu fui apresentava ao mundo dos garotos, sexo, drogas e falsidade. Dali em diante eu passei a odiar tudo e todos e bem, acho que a população residente daquela cidade em si também sentia o mesmo por mim! Ah, como era ótimo a reciprocidade
Nunca tive tanto contado com meu pai, embora me ligasse em ocasiões especiais para me desejar felicidades ou mandava mensagens para a mãe dele sobre a pensão, que eu não reclamava nenhum pouco aliás. Ele morava em Los Angeles enquanto eu ficava a 6h e 14m - de avião - de distância dele e 36h - de carro. Não que fizesse diferença já que ele quase nunca vinha me visitar
Ele nunca aprendeu a ser pai em 15 anos, até porque para aprender você precisa tentar, e ele nunca havia tentado.
Nunca, até aquele momento
— Por que ele quer que eu vá morar com ele? — Eu perguntei pela terceira vez a vovó naquele dia, ela apenas me olhava sem muita paciência por não ajudá-la e só reclamar da vida como se eu entendesse algo sobre
— Eu já te disse que não sei, mas será bom pra você — Eu a olhei, com a minha melhor cara de ofendida possível
— Bom? Em que mundo isso seria bom, mulher?
— No meu, talvez — Levei uma mão ao meu peito, do jeito mais dramático possível
— Você só quer se livrar de mim, não é? — Ela me olhou com um ar de divertimento, era óbvio
— Eu cuidei de 5 filhos, 4 netos e ainda vem mais por aí e não se esqueça da sua bisavó, eu ainda cuido dela. Eu só quero paz e aproveitar o pouco que resta da minha sanidade — Ela dizia enquanto dobrava algumas peças de roupas e colocava dentro da grande mala
Eu nunca havia imaginado sair daquela casa de madeira, embora eu sabia que algum dia iria fazer. Tinha sonho de fazer alguma faculdade, não pretendia morar pra sempre naquela cidade. As vezes dava pra entender o porque meu pai quis morar tão longe
— A senhora vai sentir minha falta? — Eu perguntei com um pouco de receio, eu e vovó nos alfinetava todos os dias, mas ela era a pessoa mais próxima de uma mãe que eu já tive e terei na vida
— Oh, meu amor — Ela finalmente larga as roupas de lado e se senta na minha frente ao perceber meu olhar cabisbaixo — É claro que eu sentirei a sua falta
— Eu não entendo, por que agora? — Franzo meu cenho — Ele teve 15 anos, por quê agora?
— Não sei o que se passa na cabeça dos meus filhos, Cassy. Talvez ele tenha percebido algo...
— Como por exemplo, que eu existo? — Se instalou um silêncio por alguns segundos, a mulher a minha frente apenas deu uns tapinhas na minha mão e um sorriso antes de se levantar
— Eu não sei de tudo, mas eu sei que isso será bom pra você, tudo bem? — Apenas balancei a cabeça em concordância e também me levantei para finalmente finalizar aquela bendita mala
As horas nunca pareceram demorar tanto para passar como naquele dia, o dia em que eu sairia do frio de Michigan para ir viver a vida na ensolarada Califórnia com meu pai
Com meu pai.
Após me despedir da minha grande família, meu tio levou a mim e a minha vó para o aeroporto que ficava em outra cidade
— Está com tudo aí, certo?
— Sim, vovó — A respondo pela vigésima vez, talvez ela realmente sentiria minha falta ou só estivesse contente em não ter mais que sair pela rua e escutar coisas ao meu respeito
— Acho que eu tenho que ir agora — Murmurei ao ver a hora no meu celular — A senhora está bem? — Perguntei após levantar o olhar para a mulher que aparentemente segurava o choro
— Sim, é só que eu sentirei saudades — Sorri de lado e a abracei
Pelo menos alguém, eu pensei
— Eu também irei, vovó — Me apertou mais em seus braços
— Agora a senhorita tem de ir — Limpa as lágrimas e volta a mesma carranca, as vezes ela tentava fingir que era forte para mim. Talvez para me dar algum tipo de exemplo que eu deva seguir, me abrir e permitir chorar apenas pra quem e com quem merece
É claro que aquilo não funcionava pra mim, eu chorava até com o comercial da Coca-Cola nos fins de ano. Em minha defesa, eram bem tristes
Eu nem havia me dado conta de que já estava sentada na minha cadeira no avião para Los Angeles até que eu finalmente ouvi a voz do piloto dizendo as mesmas coisas de sempre.
Havia uma moça que aparentava ter uns 50 anos sentada ao meu lado, me ofereceu um sorriso gentil, que eu retribui com toda a educação que minha vó me dera, claro que eu não a usava sempre.
A vista da janela de um avião era esplêndida, eu nunca me cansaria de olhar o céu, não importa onde eu estivesse. Observar a imensidão azul me acalmava, assim como as estrelas e a lua, ou o sol. Me fazia bem, eu me sentia mais próxima da minha mãe
Céus, como eu queria ter tido a chance de conhecê-la.
Me despertei dos meus pensamentos com a mulher ao meu lado se mexendo, ela estava tirando uma blusa de frio. Me lembrou a minha avó, mais uma vez
Eu não sabia o tanto que eu sentia falta daquela velha resmungona até aquele momento
'Isso será bom pra você' escutei sua voz em minha cabeça.
Eu espero que sim, porque não faço ideia do que pode acontecer na minha vida a partir de agora
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FAVORS, louis partridge
Fanfic'EU NÃO ACREDITO QUE REALMENTE ME SUJEITEI A APRENDER A SURFAR, EU TENHO MEDO DE TUBARÃO, LOUIS!' ꕥ 'CALMA AÍ, VOCÊ FALA ALEMÃO...