FAVORS, louis partridge

THREE ꕥ

ESCOLA

Eu odiava a escola, não o prédio em si, mas sim as pessoas

Ódio não era bem a palavra, talvez fosse mais o medo, medo das pessoas

— Tá pronta? — Henry me pergunta, me tirando dos devaneios

— Sim, eu tô

— Que tal tentar sair do carro? Estamos parados aqui há uns dois minutos

— É, estamos — Respiro fundo e abro a porta do carro preto que Henry insistiu em usar, era chamativo, mas tudo bem

— Boa sorte e boa aula

— Valeu — Fechei a porta colocando minha mochila nas costas

Sai caminhando até a porta de entrada da imensa escola, via alguns olhares curiosos em mim. Talvez eles nunca tenham visto alguém tão bonito quanto eu ou estejam impressionados com a BMW que me deixou na porta da escola, nunca saberei

Já fazia alguns minutos que eu esperava a boa alma da diretora parar de falar com algum aluno em sua sala para finalmente poder me atender

— Nem começou as aulas e você já está na minha sala, pode por favor não parecer aqui pelo resto da semana? — A mulher de aparentemente 1,70m diz enquanto abre a porta com um garoto de cabelos castanhos lisos como o dela

— Talvez, mas não posso te prometer nada — Ele sorri, fazendo seus olhos se fecharem

— Some da minha frente, garoto — ele mantém a sua postura relaxada e se vira para mim, eu até tento disfarçar que não estava prestando atenção na sua conversa, mas não adiantou muito

— Você deve ser Cassiopeia Williams — A mulher se vira pra mim, ignorando o garoto ao seu lado. Apenas concordo, tentando ficar tranquila com os quatro olhos perante a mim — Venha, vou pegar o seu horário

— Certo — Me levanto com a minha mochila

— Louis, por favor

— O que eu fiz agora?

— Por que ainda continua aqui?

— Tá, eu tô saindo — ele me lança um último olhar da cabeça aos pés e um sorriso, me deixando confusa e caminha na direção de onde eu vim

A diretora explicou as coisas sobre a escola, tecnicamente era como qualquer outra. Algumas aulas extracurriculares, um mapa de onde ficava cada sala e meu armário e a senha do mesmo.

Eu não sou boa com mapas, nem com geografia no geral, eu vou me perder por um bom tempo até conseguir me localizar

Demorei uns bons cinco minutos até finalmente achar o meu armário, coloquei a senha e abri o mesmo. Deixei a maior parte dos meus materiais ali e o fechei levando um susto com duas garotas paradas me olhando

— Você deve ser a novata — uma delas diz enquanto eu coloco a mão no coração, elas eram parecidas. Parentes, talvez — Eu sou a Maddie e essa é a minha irmã, Kenzie — a outra garota acena com a cabeça

— Cassy — tento ser gentil, mas eu estava era assustada com os dois pares de olhos grudados em mim

— Cassy de Cassandra? Ou só Cassy mesmo?

— Cassiopeia — Eu me sentia intimidada por elas? Talvez por estar me sentindo deslocada naquela multidão de pessoas desconhecidas

— Cara, sua mãe deve te odiar — A "Kenzie" diz enquanto solta um risinho, evito mandar elas irem se foder e apenas forço um sorriso, talvez fosse uma piada. De mal gosto, mas uma piada — É apenas uma brincadeira — concordo sem dizer nada

O sinal bateu, o que significa que o meu pesadelo iria começar, ser a nova da turma, apresentações na frente de todo mundo. Céus, espero que não

— Vocês sabem onde fica a sala de música? — Pergunto olhando para o meu cronograma escolar

— Claro, eu vou passar por ela — Maddie diz — Até depois, Kenzie — ela me puxa andando no meio da multidão que parecia se abrir apenas pra ela passar. Certo, aquilo era bizarro — E é aqui que você fica, boa sorte com a Sra. Davis

— Ela é tão má assim?

— Má? Não. Doida? Completamente — Solto um riso fraco — Bem, até mais — ela acena enquanto vira de costas — Oi — cumprimenta algumas pessoas enquanto andava

— Vamos lá, Cassy. Ser a novata não pode ser tão ruim assim — murmuro para mim mesma e entro na sala, havia alguns alunos ali e a professora mexendo em alguns papéis

Sinto os olhares em mim e tento apenas ignorar e não tropeçar nos meus próprios pés, caminho até a mulher de cabelos pretos com algumas mechas em tons mais claros, estavam um pouco bagunçado, assim como os papéis em sua mesa. Ela se vira para mim abrindo um grande sorriso em seu rosto, era agora que eu corro?

— Hm, aluna nova — ela me olha curiosa. Sorrio assustada e entrego o papel que a diretora me deu, era para fazer aquilo com todos os professores. Ela assina no verso da folha e me devolve — Seja bem-vinda, Cassiopeia — Lê o meu nome

— Cassy, me chama de Cassy

— Certo, então seja bem-vinda, Cassy — O seu sorriso fora acolhedor, como se soubesse pelo o que eu estava passando

— Obrigada

Eu não sei com o que mais estou nervosa, se era com os alunos me olhando e sussurrando ou se era ter que andar até algum lugar disponível. Eu só queria cavar um buraco e me esconder lá até tudo isso passar

— Oi — uma garota de cabelos castanhos e curto diz assim que eu me sento, animada

— Oi

— Sou a Millie — Estende a mão para mim

— Cassy — Aperto a mão dela brevemente

— Eu sei, ouvi a professora falando — Millie era descontraída e simpática. Ela se comunicava fácil, diferente de mim — Na verdade eu acho que todo mundo ouviu, ela não fala tão baixo quanto pensa

Millie conversou comigo até a professora chamar a atenção de todos para enfim começar a aula

— Bom dia à todos — ela deseja sorridente, as bochechas dela não doíam? — Como muitos de vocês perceberam temos uma nova aluna conosco — Pesadelo, aquele era o meu pesadelo. Todo mundo olhando para mim com todos os tipos de olhares. Millie passou a mão no meu ombro percebendo o meu nervosismo e eu a agradeci mentalmente — Cassy você canta ou toca algum tipo de instrumento?

Deus, o que foi que eu te fiz?

— Sim... os dois — Será que eu estou vermelha como um pimentão?

— Qual instrumento? — Essa mulher não para

— Piano, violão, guitarra, violino e um pouco de baixo — ela me olhou impressionada. Eu não tinha muito o que fazer no Michigan então aprender vários instrumentos era a minha rota de fuga da rotina

— Uau, isso é impressionante — Ela sorri novamente, eu estava cansada só de olhar para ela

A aula continuou normal, a professora falava sobre alguns músicos que foram importante para a cultura. Ela explicava bem e era dinâmica, dava para perceber de longe o quanto ela gostava de fazer aquilo e pelo menos não me fez falar novamente