a malquista carta

264 27 9
                                    

1991

– Violett, acorde!

A garota abriu os olhos preguiçosamente após fingir por alguns minutos que não ouvira a moça loira da primeira vez que a chamou. Aquela era Morgana, a monitora mais tolerável (ou ao menos a única que a tratava bem) da Casa Para Crianças Perturbadas Clearwater; mas Violett achava que o fato de a mulher ter morado ali na infância era o que a fazia ter mais empatia com quem está na mesma situação

– Bom dia, Violett. Feliz aniversário, inclusive. – "Céus, já são 6 de junho?" pensou a garota ao ser situada no tempo – Seu pai está aqui, no escritório principal. Se vista e o encontre lá.

Enquanto Morgana saía do quarto, Violett olhou em volta vendo as outras camas do dormitório que já estavam vazias e arrumadas e assim ela tratou de fazer o mesmo com a sua logo depois de ter vestido um suéter por cima da sua blusa de pijama.

Violett quase revirou os olhos ao constatar que o homem realmente estava presente no local. Homem qual ela não via sentido de chamar de pai, já que ele a largava em lares temporários, sempre a colocando em outro abrigo quando ela se metia em algum problema grande no anterior (o que era relativamente frequente). Ele nem ao menos registrara a garota com seu último sobrenome, e sim com o sobrenome de solteira da mãe dele. Violett realmente sabia muito pouco sobre Severo, apenas que ele era professor na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e que, assim como ela, ele era um bruxo. Claro que ele nunca a explicou diretamente sobre o mundo bruxo, ela nem chegava a se lembrar de quando soube o que era, já que eram poucas as vezes que os dois se viam. Todo o conhecimento de Violett sobre tal assunto vinha de livros que ele periodicamente mandava, com o intuito de que ela não fosse leiga no momento em que precisasse ser introduzida no meio bruxo.

– Feliz aniversário Violett – disse em tom monótono ao notar a presença da garota.

– Devo saber o motivo da sua visita, Snape? – perguntou Violett indiferente, mesmo sabendo exatamente qual era o motivo

– Creio que dá última vez que lhe vi, você tinha metade de sua atual altura – revidou o outro no mesmo tom

– Irás ficar a falar como és um péssimo pai ou podemos ir direto ao ponto?

Ele demorou alguns segundos antes de reponder:

– Estás a completar 11 anos hoje, não finja que não sabes o que significa. – respondeu após alguns segundos, estendendo um envelope para Violett

O envelope de Hogwarts.

A garota soltou o ar pelo nariz em uma forma de uma risada de indignação

– Ah claro – falou irônica pegando a carta da mão dele – eu mal me acostumo em um lugar e você já chega para me tirar dele

– Não comeces com... – Snape começara a responder, mas Violett o interrompeu

– Se era só isso que tinhas a fazer aqui, podes ir

Violett saiu do cômodo a passos duros, indo de volta ao seu quarto, e ignorando todos que a encararam nos corredores do palacete

– Escroto – xingou ela enquanto batia com força a porta atrás dela e se jogava na cama

– Violett? Está tudo bem? – a garota ouviu a voz apreensiva de Morgana, abafada pela porta que logo se abriu. – Querida, eu sei que pode ser difícil de lidar com seu pai, mas você tem que ir para Hogwarts.

A garota quase respondeu, mas logo se atentou e olhou a mulher confusa

– Como...?

– Nascida trouxa. – respondeu Morgana calmamente antes mesmo de Violett formular sua pergunta, como se ela já estivesse preparada para isso. Ela se aproximou mais e se sentou na beirada da cama – Alguns anos que mais nova do que seu pai em Hogwarts, então nunca chegamos à nos conhecer formalmente. Mas o reconheci quando ele chegou aqui mais cedo.

Se seguiu um momento de silêncio onde Violett tentava assimilar aquilo. Morgana então continuou:

– Olha, eu sei que pode parecer confuso, mas veja: eu sempre manifestei magia acidental causando confusões, então sempre acabava sendo mandada para lugares como este. Quando eu fui para Hogwarts eu continuava me sentido deslocada, mesmo estando no meio de outros nascidos-trouxa. Nunca mantive uma área favorita de magia na qual me fizesse querer ter um emprego no mundo bruxo, talvez minha magia acidental de infância fosse até mais poderosa do que minha magia intencional. A única coisa que eu era boa e tinha experiencia era em sobreviver em abrigos e lares temporários; então eu decidi voltar quando terminei Hogwarts. Mas desses 9 anos que eu trabalho aqui eu nunca vi nenhuma criança que entrava em confusões tão incomuns como você, Violett. Então eu logo percebi o que você tinha de especial.

Ela deu uma pausa, mas ao ver que Violett não diria nada continuou:

– Eu reconheço que possa parecer difícil ou estranho sair de uma vida que estamos acostumadas e seguir para outtra completamente diferente mas certas situações não temos como fazer escolhas. Você sabe o que acontece quando a magia é reprimida?

Violett afirmou com a cabeça. A magia se acumulava e consumia a pessoa.

 – A melhor das opções é ir para Hogwarts. – concluiu Morgana

– Ok. Obrigada. – respondeu Violett após alguns segundos, apenas por falta do que falar.

Morgana não disse mais nada, apenas lhe deu um sorriso de lábios, enquanto se levantava e saía do quarto.

Violett encostou as costas na cabeceira da cama, encarando o envelope que ainda estava em suas mãos. Ela não sabia dizer como realmente estava se sentindo, mas definitivamente não estava melhor do que antes.

 Ela não sabia dizer como realmente estava se sentindo, mas definitivamente não estava melhor do que antes

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

notas da autora:

hoje é o aniversário do harry então eu queria registrar os meus parabéns para ele também. os capítulos por enquanto estão mais curtinhos mas, assim que a história for se desenrrolando mais, os capítulos vão começar a serem maiores. espero que estejam gostando, até logo :)

Renegade - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora