o mundo mágico

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Idiotas

Esse era um pensamento frequente de Violett ao encontrar outros jovens que moravam nos abrigos infantis que ela já havia morado, especialmente quando era garotos de algum dos grupos de "valentões" como naquele momento

– Olha quem 'tá aqui. – provocou Anwir fechando a passagem de Violett no corredor e chamando atenção dos seus amigos que agora prestavam atenção na cena. – A esquisita resolveu sair do cativeiro dela e ninguém noticiou

O resto do grupinho começou a rir irritando Violett, mas a garota manteve uma expressão neutra no rosto. Ela já estava acostumada com esse tipo de gente; adolescentes que sabem não ter valor algum e tentam se destacar rebaixando os outros para parecerem melhores. Ela conseguia entender como eles se sentiam, mas sua empatia não era tão grande ao ponto de deixar amaciarem seu ego com ela.

– Tem um babuíno fora da jaula na minha frente e ninguém me avisou também – revidou tentando continuar seu caminho até o banheiro, mas o garoto a impediu agarrando seu punho com força

– Você se acha engraçadinha, é?

O grupo dele se aproximou formando um semicírculo em volta deles, os fechando em uma espécie de barreira humana. Violett reprimiu um gemido de dor pela pressão que o garoto fazia no local que já estava ferido.

– Por quê? Queres me chamar para o teu bando de palhaços?

O garoto levantou a mão com o punho fechado e, num impulso, Violett levantou seu joelho com força o atingindo na virilha. Ao ver seu líder caindo no chão com dor o resto do grupo saiu de formação e foram o socorrer, abrindo caminho no corredor novamente. Violett logo saiu dali antes que algum deles a seguisse, caminhando rapidamente pelos corredores até chegar ao seu destino.

Minutos depois Violett sentia seus músculos distensionarem enquanto a água fria do chuveiro corria pelo seu corpo. Já fazia dois meses que Snape havia trazido sua carta de Hogwarts e hoje ele viria lhe buscar para comprarem seus materiais de escola.

Seria a primeira vez que que ela iria para algum local bruxo e estava um pouco nervosa, para não dizer apreensiva. Por mais que durante um tempo Violett ansiou por aquele momento, a cada ano que se passava sua vontade diminuía

Violett balançou a cabeça e esfregou o rosto, na esperança de que a água portasse aqueles pensamentos para o ralo.

– Ele chegou, querida – anunciou Morgana quando Violett acabara de amarrar seu sapato, já de volta em seu quarto

A garota acenou e seguiu para onde seu pai estaria. Ao se encontrarem ele não falou nada, não precisava, apenas agarrou seu braço e tudo o que ela podia ver se distorceu.

Violett sabia o que era aparatação, mas não imaginou que seria realmente tão enjoativo como havia brevemente lido. Talvez fosse a hora dela começar a não subestimar os efeitos colaterais da magia. Ao abrir os olhos, que nem percebera que os havia fechado, viu que agora estavam no que parecia ser uma rua de comércio normal, porém esta vendia coisas como caldeirões, ingredientes para poções e vassouras mágicas.

Ela ficou tão impressionada olhando ao seu redor que nem percebeu que Severo voltara a andar, e teve que apressar o passo para o seguir até a loja Floreios e Borrões, onde iniciaram as compras.

Violett sempre amou livrarias (onde ela sentia que podia fugir da realidade temporariamente) e aquela parecia mais incrível ainda. As prateleiras estavam abarrotadas até o teto com livros do tamanho de paralelepípedos encadernados em couro, livros do tamanho de selos postais com capas de seda; livros cobertos de símbolos curiosos e alguns livros sem nada. Snape quase teve de arrastar Violett para longe de uma prateleira de azarações, onde achara livros como o Pragas e Contrapragas (Encante os seus amigos e confunda os seus inimigos com as últimas vinganças: perda de cabelos, pernas bambas, língua presa e muitas, muitas mais) do Prof. Vindicto Viridiano.

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