O Último Dobrador - Drarry

4 - Cristais De Gelo

Frio. Era o que o garoto estava sentindo assim que sentiu sua alma voltando a si naquele corpo que mal sabe de quem era, talvez seja seu, não importava muito agora. As esmeraldas podiam sentir cada fio do universo conectando a alma naquele corpo desconhecido, o vento frio passava por suas bochechas, os sons desconhecidos entravam em seus ouvidos e a sensação de estar vivo encheu seu peito de algo estranho. O que estava acontecendo com ele? Será que sofrerá algum acidente e talvez, apenas talvez, voltasse a vida com a ajuda dos ancestrais desconhecidos? Ou quem sabe ele tenha apenas caído da cama como muitas vezes e o inverno brusco tomou conta do chão. No final, ele chegou à conclusão de que nenhuma das opções se encaixava, principalmente quando um pano quente estava sendo colocada em sua testa, era bom e aconchegante.

As coisas que se passavam em sua cabeça, as dúvidas que estavam ali eram demais para si, queria sanar todas elas, mas a sensação de aconchego era boa demais para ser quebrada. Parecia que alguma mãe estava o abraçando forte, embalando em sonhos e nos braços quentes, algo que ele nunca teve, mas com certeza aquilo não era um abraço de mãe. Os olhos se abriram lentamente com um pouco de esforço, a claridade dominou seu campo de visão o fazendo fechar novamente bem rápido, ele odiava acordar com a luz do sol em si.

- Desliguem a luz. - Murmurou uma voz grossa demais para ser sua, mas sua garganta vibrou quando as palavras se desfizeram no ar.

Harry levantou de supetão com os olhos arregalados e a mão na garganta como se estivesse procurando algo de errado, e ao ver dele várias coisas estavam erradas. Começando pelo ambiente que parecia uma enfermaria, o cheiro de naftalina, remédios e ervas dominaram as narinas do moreno enquanto os olhos varriam pelo pequeno ambiente. A segunda coisa errada era o frio, em cima das montanhas não fazia tanto frio assim, nem mesmo no inverno ou quando estava em cima do Appa, então ele provavelmente estava em um lugar extremamente frio. A terceira e última coisa é que ele se sentia mais estranho que o normal, o corpo não parecia mais o mesmo e até mesmo a voz era grossa demais. Ele olhou para baixo e quase soltou um grito com o que viu. Seu corpo estava musculoso, mas nem tanto, as mãos grandes demais, as coxas grossas e bem torneadas, e aquele vestido ridículo de hospital estava mostrando até o que não deveria. Harry tinha muitas dúvidas, mas a única certeza que pairava era que não estava junto com os nômades do ar.

Os pés tocaram o chão frio e isso fez com que qualquer coragem de sair daquela cama sumisse de imediato, mas alguma hora ele teria que fazer isso, só que talvez agora não. Harry voltou a se deitar com a cabeça girando várias vezes tentando se lembrar as últimas coisas, ou qualquer coisa, que fosse última e explicasse a sua ida até lá, mas quando fechava os olhos só ouvia gritos, rochas caindo e uma pessoas sussurrando em seu ouvido para ele correr. Aquele sussurro, aquela pessoa que fez isso... ele se lembrava dela, mas o nome não estava em sua mente e isso fez o moreno ficar extremamente frustrado por ter a única lembrança falhada. Bela memória em Potter, pensou consigo mesmo. Toda sua linha de pensamento foi interrompida quando ouviu vozes chegando mais perto, ele apenas se virou de costas fingindo que estava dormindo e torcia para as pessoas irem embora.

- Olha, eu disse que ele está bem, mas exausto. Talvez daqui uns dias ou a qualquer momento ele acorde, não precisa se preocupar com isso. - Era a voz de uma garota e parecia confiante, o cheiro de água junto a suor fez Harry franzi o nariz com um certo nojo.

- Mione, não que eu esteja desconfiando de você ou da sua capacidade de cura, mas a gente nem sabe quem é esse garoto. Ele pode ser um assassino ou até mesmo alguém da tribo do fogo espionando a gente, ou até mesmo o tal príncipe. - A voz de um garoto apareceu.

- Ron, quer parar de ser paranoico? Se ele fosse alguém da tribo do fogo, não estaria dentro de uma geleira, e se ele for um assassino... Bom, a gente lida com ele.