Lágrimas e Sorrisos

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7:00 p.m, 4 de fevereiro, 2018, Califórnia, EUA

O teto do quarto parecia diferente depois dos últimos acontecimentos, mesmo que nada tenha mudado, tudo está diferente agora. Estou deitada por horas em claro e não percebi como o tempo passou rápido, o alarme tocou, me tirando dos meus pensamentos.

Abri a porta e me deparei com a minha mãe na cozinha, lendo o bilhete que eu forjei. Nele eu menti dizendo que o papai abandonou a gente, a mamãe estava bebendo enquanto lia o bilhete.

"Mãe?" me aproximei dela lentamente. Ela me olhou, e eu perguntei olhando pela casa "O papai não voltou ontem?"

"Acho que não, pode chamar o seu irmão aqui?" ela se virou e com o bilhete ainda em mãos bebeu mais um gole da cerveja.

Eu me retirei, cuidadosamente abri a porta do quarto do meu irmão, o mesmo dormia em cima da bagunça de seu quarto. "Marcelo, mamãe está te chamando, acorda". Depois de alguns xingamentos e travesseiros atirados, consegui convencê-lo a levantar. O segui até a cozinha, mamãe pediu para eu me retirar, e assim fiz.

Me escondi atrás da porta do quarto, ainda podendo ouvir a conversa que nada baixa ocorria agora na cozinha.

"Seu pai nos abandonou" a mulher disse simples, enquanto colocava a garrafa em cima do balcão.

"O que? Me chamou aqui pra isso? Ele deve ter dormido num bar, isso já aconteceu antes, se não se importa, tô voltando pro quarto" o mesmo se virou indo em direção a porta, mas foi parado quando sua mãe disse algo.

"As roupas sumiram, e esse bilhete tava na geladeira, algumas coisas sumiram, o carro não está na garagem, e ele levou o dinheiro que estava debaixo do colchão, não temos mais nada" era mentira, obviamente meu pai não levou nada, além do carro que agora estava totalmente quebrado e amassado, eu escondi o resto das coisas, e guardei o dinheiro num lugar mais seguro.

O garoto parado, não respondeu nada.

"Eu acho, que não vamos mais poder pagar a faculdade, você vai ter que trabalhar mais, e assim que a Sarah fizer 14 anos, ela vai começar a trabalhar para nos ajudar, mas até lá... acho melhor você trancar"

Por um momento eu achei que ele iria contar a verdade para a mãe sobre a faculdade, mas estava enganada, o mesmo apenas concordou e voltou para o quarto. Eu que estava ouvindo a conversa, logo soltei um espirro. "Droga! Devo ter pego um resfriado por causa da chuva" pensei.

Senti o pequeno gatinho miar e passar seu pelo pelas minha pernas, o peguei no colo e o deixei novamente na sua caminha temporária. Eu ainda precisava dar um nome à ele, mas com certeza era o menor de meus problemas agora. Já estava quase no meu horário e eu ainda não estava pronta para ir a escola.

Coloquei minhas roupas pretas simples, peguei meu celular e fone, alimentei o gato antes de sair e tranquei o quarto, tudo que eu não queria agora era que alguém encontrasse o coitado. Procurei algum remédio para resfriado na gaveta, por sorte havia apenas um e tomei. Peguei minha mochila, depositei um beijo na testa de minha mãe e saí.

Enquanto eu andava pela rua, fiquei pensando em quando será que minha mãe vai me contar sobre o abandono do meu pai, cedo ou tarde ela teria que fazê-lo. Quando eu estava me aproximando da escola, ouvi um tumulto incomum, parecia estar ocorrendo uma briga, cheguei mais perto pra poder ver melhor.

"Chupa essa Stanley, e vê se fala pro corno do seu pai não ligar mais pra minha mãe, ouviu?" o garoto babaca que me chamava de 4 olhos estava batendo no rosto de um outro garoto.

"Se a sua mãe tá traindo teu pai com o meu, acho que o corno aqui é o seu pai" o que estava apanhando não parecia estar com medo, apesar do nariz sangrando e da boca enchada, ele não se rebaixava.

Dead Inside (+16/+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora