Paradise

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"Seres extraordinários". Assim que eram chamados os humanos geneticamente multados.

Nos livros de história, consta que tudo começou com uma ideia inicial do governo americano para acelerar a distribuição de órgãos vitais, minimizando o sofrimento humano ao descongestionar as filas quilométricas por transplantes nos planos de saúde. No entanto, para tal sucesso, os cientistas precisavam criar um potencial "fornecedor", não só uma réplica comum, mas um super humano. Daí a proposta de combinação do DNA humano com o DNA animal, no caso o sangue lupino.

Foi uma ideia ambiciosa do governo, que envolveu bilhões de dólares, mas que no final deu resultados.

Por muito tempo o experimento foi um plano secreto, escondido a sete chaves, mas desde que a mídia teve provas concretas do experimento com humanos e lobos, começou a divulgar abertamente o caso, acusando o governo genocida.

Como esperado, houve alvoroço da população. Uma grande massa do público se mobilizou contra. Consequentemente, explodiram protestos em toda América. Assim que souberam onde ficava exatamente a sede desses experimentos sanguinários, radicais armados conseguiram invadir o local, liberando assim as pobres cobaias. Essas já em fase adulta.

Com medo de serem novamente explorados, esses mutantes fugiram para a floresta e por lá conseguiram se adaptar, visto que eram metade lobos, a memória genética foi favorável.

Entretanto, mesmo longe da humanidade, vivendo praticamente como selvagens, esses seres foram caçados e taxados como abomináveis, principalmente por grande parte da publicação religiosa, que pregava que o mundo estaria à beira do apocalipse.

O surto foi tanto, que até prometeram recompensa milionária para quem capturasse algum híbrido. E embora fosse um pensamento extremista, na época, a existência desses mutantes era mesmo assustadora. Ainda mais quando souberam que os genes desses híbridos permitiam que sofressem uma metamorfose, ese transformando em lobos nos períodos férteis, ou quando se sentiam de fato ameaçados.

Outra informação assustadora, era que esses seres dividiam-se em duas subclasses: alfas (os reprodutores) e ômegas (os receptores), mas que essas características não dependiam do gênero em si, ou seja, a fêmea alfa poderia ser um reprodutor em potencial e o macho ômega poderia gerar outra vida, visto que também possuía útero.

Na época, houve muitos debates acalorados com cientistas e políticas públicas sobre a exterminação total ou não dessas cobaias.

Leis foram criadas, medida de segurança também. Um novo mundo de possibilidades surgia, inclusive com o tratado de paz entre os mutantes e sua contribuição voluntária para novas pesquisas, incluindo a vacina de doenças sexualmente transmissíveis como a AIDS.

Enquanto isso, a população híbrida só aumentava, se espalhando pela Europa e Ásia.

Com o passar do tempo, as pessoas normais, os ditos cidadãos comuns, foram classificadas como "betas". Daí a sigla hoje conhecida como ABO (alfa, ômega e beta).

Dois séculos se passaram, e muita coisa mudou. A espécie humana aprendeu a conviver pacificamente com esses híbridos, até porque a temida mutação em si não existia mais. Embora, ainda fosse possível se comunicar com seu lobo interior, nenhum ser extraordinário conseguia mais se transformar.

Por causa do constante período fértil, com ciclos longos de cópula, a natalidade dos híbridos crescia rapidamente. Os cientistas até chegaram a afirmar que a nova espécie seria a classe dominadora no futuro, ultrapassando a população beta antes do ano 2050.

Essa verdade se sustentou por um tempo, no entanto, esse número começou a despencar depois que betas se relacionaram e engravidaram ômegas. Ou mesmo alfas que, milagrosamente, fecundaram betas.

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