Vermelho é a nossa cor [TaeGi]

01

— Filho, terminou de ordenhar as vacas? — Taehyung ouviu seu pai perguntar ao se aproximar dele. O homem sorriu quando viu seu braço direito sujo de terra. — Meg te derrubou de novo?

— O senhor sabe que ela não gosta muito quando uso a máquina. — Ele resmungou enquanto ajeitava sua jardineira. O jeans do tecido já surrado pelo tempo de uso.

Taehyung vivia em uma fazenda em Suwon com seu pai. Ele era um híbrido de camaleão e isso ficava evidente quando se notava a mudança contínua na cor de seu cabelo. Aprendeu a gostar dessa sua característica, mas nem sempre foi assim. Odiou saber que seu cabelo mudava de acordo com suas emoções porque se sentia exposto, como se todos soubessem como ele se sentia, sendo que deveria ser algo pessoal. Sua época colegial tinha sido estressante por esse motivo e, agora que iniciaria a faculdade, esperava que as coisas mudassem.

Sempre morou na fazenda com o pai e tinha poucas lembranças de sua mãe. Ela tinha falecido quando ainda era muito novo para entender o que tinha acontecido. Mas, aprendeu a suportar a ausência que ela fazia, assim como seu pai que sofreu por anos antes de perceber que não a teria fisicamente ali consigo.

A família Kim era conhecida na cidade pela qualidade de seu leite. As vacas usadas eram cuidadas com o devido respeito e isso também era algo que fazia com que a venda de seu leite fosse lucrativa. Por muito tempo tinha sido assim e Taehyung já tinha se habituado à rotina de acordar com o raiar do sol todas as manhãs e alimentar as vacas antes de ordenhá-las. Meg era uma delas e Taehyung tinha desenvolvido um afeto especial por ela já que tinha sido a primeira que conseguiu comprar com seu próprio dinheiro para aumentar a produção de leite. O único problema era que, mesmo aparentando gostar do dono, era muito instável quando ele aparecia no curral para ordenhar seu leite. Meg odiava a máquina, mas nunca reclamava quando Taehyung a fazia manualmente.

— Ela vai se acostumar. — Taehyung assentiu e o ajudou a empilhar os fenos do lado de fora do curral. Seu pai já estava velho e ainda assim insistia em fazer o trabalho pesado. Prometeu contratar dois funcionários para ajudá-los, mas precisava esperar as vendas desse mês para saber se conseguiria mantê-los permanentemente. A produção de leite atraiu a atenção de um investidor em Seul que logo estaria ali na fazenda para almoçar e conversar sobre um possível contrato.

— Appa, eu consigo terminar isso aqui. Entre e descanse um pouco. — Taehyung pediu e controlou suas emoções para que não soasse irritado com a teimosia de seu pai em trabalhar por tantas horas seguidas. Não queria ter o laranja em seu cabelo e seu pai visse. Suspirou quando viu o pai assentir e caminhar devagar até a varanda da casa.

Observando-o de longe, Taehyung só relaxou quando o viu entrar. Respirou fundo algumas vezes desejando que seu cabelo permanecesse preto. Encarou o feno que ainda precisava ser empilhado e retornou para o trabalho. Ele sabia que o trabalho ficaria intenso demais para ele e o pai caso o investidor queira realmente fechar contrato com eles. Era uma oportunidade única exportar para outras cidades, algo que nunca pôde ser feito por falta de dinheiro. O que conseguia arrecadar era quase que completamente investido para melhoria da fazenda e dos cuidados com as vacas, nem sempre sobrando para que desenvolvesse e expandisse outras ideias.

Quando terminou pôde apenas sentar no chão e se recostar na pilha de feno organizada. Esfregou sua testa com o dorso da mão para enxugar o suor que escorria devido ao esforço feito e encarou o céu azul claro, o sol alto no céu. Era hora de almoçar, conseguiu deduzir pela posição do sol, assim se levantou para poder tomar banho e ajudar seu pai com o almoço. Não se importava muito com extravagâncias ou luxo, mas tinha noção da necessidade de conquistar o investidor com suas boas maneiras e inteligência. Seu pai sempre deixou claro que fazia aquilo por ele, para que pudesse administrar melhor no futuro, quando já estivesse formado e com maior experiência.