Capítulo 2

31 3 0
                                    




You and I and nobody else
Inner feelings I never felt
The way you got me under your spell, uh
Don't you keep it all to yourself (Touch - Little Mix)




- Eu admiro essa sua força de vontade. No seu lugar eu já teria dado para ele - comentou, me fazendo rir.
- E eu pensando que você era gay - brinquei vendo Eloise revirar os olhos.
- E eu sou com muito orgulho, mas aquele deus tem o poder de fazer isso até com quem não gosta da fruta - disse.
- Maluca - balancei a cabeça, bebendo meu vinho - Nós vamos almoçar juntos outra vez amanhã, e vamos sair no sábado - contei, fazendo Eloise arregalar os olhos surpresa.
- Ele com certeza quer te comer - disse.
- Cala a boca - revirei os olhos - Ele só está sendo gentil - completei. Nem eu mesma acreditava nisso.
- Claro, e quer te comer - insistiu. Eu ri, Vince se mexeu no meu colo quando parei de fazer carinho nele - Ah qual é Maria? Quanto tempo você não sai com alguém? - perguntou, dei de ombros. Na verdade eu sabia sim, mas para que ficar voltando em um assunto como aquele?
- E a Justine? Como vocês estão? - retruquei. Eloise suspirou alto.
- Você é uma chata, como o gostosão vai tirar sua calcinha assim? - ralhou, e tive que segurar uma gargalhada. Essa era Eloise, dramática e curiosa - E respondendo a sua pergunta, Tine e eu estamos bem obrigada - disse.
- Nós podíamos sair para dançar no próximo fim de semana - sugeri, Eloise comprimiu os olhos como se me repreende-se. Forcei um sorriso para ela que finalmente desistiu daquele assunto e assentiu.
Terminamos o vinho, a comida estava como sempre uma delícia. Eloise decidiu dormir comigo aquela noite, já que ela tinha exagerado no vinho e eu não iria deixá-la ir embora de carro.
Tomei um banho rápido, mas que me ajudou a relaxar antes de ir para a cama. Suspirei sentindo a maciez do meu colchão e travesseiros. Na minha mente tudo o que rolava era sobre Julian, a voz rouca, o modo intenso como me olhava, e pensando nele que peguei no sono e aquela foi a primeira vez que sonhei com ele.

Cheguei bem mais cedo que o normal no escritório e aproveitei para organizar a mesa da senhora Lindsay e os documentos para a primeira reunião que teríamos no dia. Quando terminei, fui pegar um café com leite para ela e um para mim e encontrei Glória dando uma ajeitada na copa, hoje ela estava usando o uniforme azul escuro com o nome do escritório bordado em branco ao lado esquerdo do peito.
- Bom dia, Glória - gracejei, preparando o café da minha chefe.
- Bom dia, Maria - ela sorriu, deixando o pano que estava de lado e se aproximando de mim - Como você está? - perguntou.
- Muito bem - respondi, tirei a xícara e coloquei a minha.
- Então, como foi sua noite? - quis saber.
- Foi boa - disse, peguei minha xícara e dei um gole no café - Jantei com a minha prima, conversamos. E a sua noite?
- A mesma de sempre, nada muito diferente - contou.
- Bom, depois conversamos mais Glória, a senhora Lindsay tem uma reunião no primeiro horário e preciso terminar de organizar os documentos antes que ela chegue - expliquei.
- Claro, depois nos falamos - assentiu. Sorri para ela e sai da copa.

A tensão na sala estava carregado, o ex-casal irritado não parecia que iria entrar em acordo, a loira estava irredutível, era visível a mágoa que ela sentia do homem diante dela.
- Bom, pelo visto não entraremos em um acordo. Não vejo por que continuar com essa reunião - Lindsay disse, fechando a pasta azul, cruzando os dedos sobre ela.
- Concordo - o senhor Peterson, advogado do loiro que parecia estar fervendo de raiva - Nós nos vemos então no tribunal - disse ele dando o veredicto final, levantando-se ajeitando o paletó, com o loiro em seu encalço.
- Você não vai ficar com nada Hellen, isso eu garanto - o loiro provocou, a loira arfou surpresa e pronta para responder a afronta do ex-marido, mas a senhora Lindsay foi mais rápida.
- Como o seu advogado disse senhor Wilson, nos vemos no tribunal - ela lançou um daqueles olhares que fazia qualquer um correr de medo - Peterson controle o seu cliente - mandou olhando o moreno mais velho por cima dos óculos.
O advogado respirou fundo, pegou a pasta preta e saiu da sala com o loiro raivoso atrás dele.
- Senhora Wilson, sugiro que não revide nenhuma provocação do seu ex-marido. Isso só vai piorar as coisas - pediu, tirando os óculos e olhando firme para a loira.
A loira se levantou, pegando a bolsa. Ela era alta tinha os cabelos lisos que iam até um pouco abaixo dos ombros, ela parecia uma super modelo.
- Não se preocupe, sei bem como Frank agi. Afinal fui casada com ele por três anos - disse. A loira forçou um sorriso para mim e para a advogada, eu podia imaginar o quão difícil estava sendo para ela.
A senhora Lindsay a acompanhou até a saída enquanto eu me ocupava em organizar aqueles documentos e depois fui para a minha mesa, tinha tantas coisas para fazer até a hora do almoço.
Recebi uma mensagem de Eloise, dizendo que já tinha confirmado com Justine sobre a nossa saída no fim de semana seguinte e que tinha encontrado o vestido perfeito para o jantar na sexta.

Pouco antes do almoço, precisei correr até a sala de arquivos. A senhora Lindsay tinha saído mais cedo para um almoço com um cliente e aproveitei para guardar alguns processos concluídos.
Não me dei ao trabalho de fechar a porta, mas ainda assim me assustei quando Julian entrou na sala. Ele não parecia surpreso por encontrar ali, então imaginei que ele soubesse que eu estava ali.
- Julian, oi - sorri para ele, sem perder o foco do que estava fazendo, mesmo que aquilo fosse algo terrivelmente difícil.
- Pensei que não veria você hoje - a voz rouca dele, me fez morder os lábios. Agradeci por estar de costas para ele, engoli em seco me recompus antes de me virar para ele que estava bem perto.
- É, a senhora Lindsay teve uma reunião bem cedo - expliquei, minha pulsação estava acelerada.
- Glória me disse. Você está linda - elogiou, seus olhos azuis pareciam ver minha alma.
- Obrigada - mordi o lábio envergonhada, minhas mãos tremiam tanto que acabei deixando cair a pasta que não tinha guardado ainda. Me abaixei para pegá-la ao mesmo tempo que ele também se abaixou, o cheiro dele me atingiu em cheio, não consegui evitar fechar os olhos e quando voltei a abri-los, os azuis dele estavam intensos em mim, mas seus lábios foram tão convidativos que meu olhar caiu para eles, e eu suspirei.
- Não faz isso comigo, Maria - pediu baixo - Ou não vou conseguir me controlar mais - disse, franzi as sobrancelhas encarando seus olhos outra vez sem entender o que ele estava falando. Julian acariciou meu lábio com o polegar, estremeci com aquele toque.
- O que? Julian... - eu não estava entendendo nada, mas não iria reclamar se ele tomasse a iniciativa e me beijasse naquele momento.
- Nosso almoço ainda está de pé? - perguntou, o sorriso contido no canto dos lábios. Ele me ajudou a levantar.
- Claro - assenti devagar, atônita - Obrigada - murmurei, pegando a pasta que ele me entregou.
Julian se aproximou tocando meu rosto levemente, me fazendo sentir sua respiração controlada rente aos meus lábios, diferente da minha. Sua outra mão me segurou pela cintura, pude sentir o calor dela mesmo por cima da roupa. A sensação era de estar em chamas, minha pele estava ardendo em febre, por ele. Pelo toque dele.
- Você é tão linda - sussurrou, colou seu peito firme ao meu.
-  Julian... - murmurei, perdida na imensidão daquele azul.
- Eu quero tanto você, Maria - disse, engoli em seco. Senti sua mão apertar minha cintura - Mas eu sei esperar.
- Do que você está falando, Julian? - indaguei, apoiando as mãos em seu peito.
- Quero conversar com você. Quero explicar algumas coisas e você vai entender - disse baixo, arfei quando de repente ele beijou meu rosto, tão perto do canto da minha boca, fechei os olhos quase cometendo a loucura de implorar para que ele me beijasse logo de uma vez - Te vejo daqui a pouco - ele murmurou, antes sair da sala, me deixando mole, desnorteada e excitada.

- Ele o que? - afastei o celular da orelha antes que ficasse surda com o grito de Eloise.
Precisei de alguns minutos para me recompor e então corri para ligar para a minha prima, eu precisava contar aquilo para alguém.
- Meu Deus, eu quase desmaiei - confessei, enquanto me abanava.
- Minha nossa, ele quer mesmo comer você - murmurou, concordei mesmo que ela não pudesse ver.
- E agora o que eu vou fazer? - perguntei, ao limite de entrar em pânico.
- Dar para ele, é claro - respondeu num tom óbvio.
- Eloise - resmunguei, me encolhendo na cadeira.
- Que foi? Para de bobagem, Maria. O cara é um gostoso, tudo de bom e está tão afim de  você, qual é o problema? - retrucou.
- Na verdade... nenhum - suspirei, derrotada.
- Então. Dá uma chance para ele, Maria - continuou.

Dizer que parei de pensar nele, seria mentira, uma enorme mentira. Por que, tudo o que eu fiz foi pensar em Julian, em seu corpo, cheiro e no tom rouco e sexy da sua voz.
Alguns minutos antes do horário do almoço, fui até o banheiro para retocar a maquiagem, passar um pouco de perfume e ajeitar o cabelo. Quando voltei para a minha mesa, ele já estava lá me esperando enquanto conversava com meu pai, meu coração estava tão acelerado e alto que poderiam ouvi-lo à distância.
- Querida - meu pai sorriu ao me ver, retribui seu sorriso me juntando aos dois homens.
Joel Brandon, era alto e robusto, ao auge dos seus cinquenta e três anos, ele estava em forma. Os cabelos castanhos escuros assim como seus olhos, ele era um homem tão bonito.
- Oi pai. Está indo almoçar também? - perguntei.
- Ainda não, tenho alguns documentos para dar uma olhada ainda - respondeu - Julian estava me contando que vocês vão almoçar juntos - comentou, olhei rapidamente para o moreno ao meu lado, e aquela troca rápida de olhares foi o suficiente para fazer meu corpo inteiro estremecer com a lembrança do toque firme dele.
- Vamos sim - concordei, nervosa.
- Bom, então não vou atrapalhar vocês dois. Aproveitem o almoço - desejou, papai acariciou meu queixo como sempre fazia desde quando eu era criança, e então se afastou indo direto para a sua sala.
- Está pronta? - perguntou. A voz baixa e o toque de sua mão em minha cintura, me fez arrepiar, engolindo em seco olhei para ele e assenti, sendo guiada por ele até o elevador.

FeverOnde histórias criam vida. Descubra agora