From the past to the present

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Minha cabeça parecia fervilhar com tantos acontecimentos nas últimas horas. Como tudo saiu do controle assim? Eu me via perdida, sem saber o que fazer, mesmo quando minhas obrigações eram claras. Heyoon era uma criminosa, e eu uma oficial do departamento de polícia, isso nunca poderia dar certo.

- Droga! - exclamei irritada, batendo com a mão contra o volante do carro.

As imagens daquele vídeo se repetiam constantemente, frisando em minha cabeça uma desculpa para justificar os atos impróprios da coreana. Nada, infelizmente, nada justificava fazer justiça com as próprias mãos, não para a policia. O grande problema era que meu coração não parecia compreender isso, pois tentava a todo custo fazer minha cabeça aceitar que eu poderia perdoá-la. Eu não poderia. Heyoon havia mentido, não só para Josh durante os longos anos de casamento, mas para todos ao seu redor, incluindo eu, a pessoa que ela disse estar apaixonada.

- Por que você tem que ser assim?

Meneei com a cabeça em um sinal negativo, enquanto continuava a dirigir pelas ruas de Nova York, a caminho de casa. Depois do confronto no galpão abandonado, onde de fato eu pude descobrir tudo, incluindo os motivos para Heyoon exercer tais praticas, eu deixei que ela fosse embora. Eu sabia que era errado, que a morena poderia muito bem reunir todo o dinheiro roubado, e se perder no mundo em uma fuga repentina. No entanto, eu simplesmente não pude reagir de outra forma ao ver seu olhar perdido após o término do vídeo em que Josh Beauchamp assassinava Lamar Hype. Apesar de seu ar imponente e forte, bem característicos de sua personalidade singular, eu pude notar a falta de brilho em seus olhos castanhos, agora tão opacos. Era nítida a maneira como aquilo a afetava brutalmente. Heyoon em certo momento de sua vida foi destroçada, e agora estava sedenta por vingança.

- Eu não devia ter deixado você ir! O que você fez, Sina? - disse a mim mesma, em uma briga interna entre o certo e o errado.

E se ela tivesse a coragem de matar Josh? E se realmente fugisse? Eu teria colocado tudo a perder por ser fraca o suficiente, por não dar a cabeça de Heyoon em uma bandeja de prata. Até em que ponto eu poderia deixar meus sentimentos de lado para cumprir meu dever como profissional?

Bufei em frustração, e pisei fundo no acelerador do carro. Eu precisava de um tempo pra mim, um tempo longe de tudo aquilo. Eu não poderia simplesmente agir por impulso, precisava pensar e analisar tudo que qualquer decisão minha poderia acarretar. A madrugada parecia mais fria do que o normal, a movimentação era fraca, apenas a presença de alguns carros pelas avenidas desertas. Faltava pouco para amanhecer, e quando todos estivessem ativos, eu queria estar bem longe daqui. Assim que cheguei a minha casa, tendo todo cuidado para não acordar Joalin, cuidei de arrumar uma pequena mala. Havia decidido que precisava ficar longe, mesmo que fosse por alguns dias. Eu poderia dar uma desculpa no trabalho, por uma viagem de uma ultima hora para complementar minha investigação, que agora estava completa. Mas meu verdadeiro destino estava em Miami, na nova casa de minha família. Eles poderiam me trazer calma.

[...]

Errado, não poderiam. 

Não quando sua cabeça estava cheia de pensamentos que envolviam Heyoon. Ela era mais do que qualquer um poderia suportar. Se infiltrava em minha cabeça, e permanecia ali por um tempo indeterminado.

- Estou tão feliz que está aqui, filha. - Meu pai murmurou, enquanto fazia um carinho leve em meu braço.

- Eu também estou, pai. Senti sua falta.

- Eu também senti a sua. - disse ele ao me abraçar de lado. - Mas me diga, por que não nos avisou que viria? Eu teria ido buscá-la no aeroporto.

Xeque-Mate || Version SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora