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 A brisa fria daquela noite fez todos os pelos do meu corpo arrepiar. Esfreguei as mãos em meus braços cobertos pelo grosso casaco preto em busca de calor. Já era tarde e eu ainda estava presa naquela delegacia. Neguei com a cabeça e retirei as luvas de minhas mãos para capturar a minha pequena caixinha onde continha meus cigarros. Precisava daquilo para acabar com minha ansiedade.

Estávamos no inverno, Nova York estava coberta por uma grossa e fria camada de neve. Até que tudo estava bonito daquele jeito, eu particularmente amava essa época do ano. Eu ainda poderia ver alguns jovens brincando de guerra no meio daquele gelo todo na casa da vizinha ao lado. Pedro me avistou de longe e acenou animado.

- Oi Sina! - gritou o loirinho.

Eu sorri para ele e acenei. O menino voltou sua atenção aos amigos e a brincadeira na qual estava. Peguei um cigarro para colocá-lo entre os lábios, capturando meu pequeno isqueiro desenhado com a bandeira do Estados Unidos. Vi a faísca se ascender quando pressionei o pequeno botão, até ver o fogo por completo. Assim que o cigarro ascendeu, coloquei o isqueiro de volta no bolso. Traguei o mesmo de forma intensa, sentindo automaticamente meu corpo melhor.

Maldito vício.

Soltei à fumaça que se desenhou no ar frio daquela noite. Eu precisava sair dali. Tive um dia extremamente exaustivo na delegacia. Naquele momento eu tinha uma pilha de papéis com inúmeros casos para resolver. Assaltos, mortes, agressões tudo muito pouco e nada satisfatório. Eu era a delegada em Mount Vernon, uma pequena cidade do estado de Washington, amava o que fazia, mas nos últimos anos todos casos pareciam pequenos demais. Eu amava ser desafiada, amava correr atrás de situações que pareciam ser impossíveis de resolver e isso não estava acontecendo, não em minhas mãos.

- Delegada Deinert?

- Sim Loukamaa?

- Deixei todos os casos arquivados em sua mesa, a moça de hoje mais cedo está aqui novamente e quer retirar a queixa do marido.

- Você está brincando, não é? - perguntei a fitando.

Joalin Loukamaa negou com a cabeça, dando de ombros.

- Essa mulher não percebe o que está fazendo com a própria vida? Vou prender seu marido, e nunca mais soltar. Ela pode chorar lágrimas de sangue. - resmunguei irritada fazendo a oficial rir.

- Vou apoiar você, Sina.

Eu sorri para ela, e traguei novamente um pouco de meu cigarro. Entregando-o para que ela fizesse o mesmo. Ela se aproximou e se encostou na parede fria onde eu estava, pegando o pequeno cigarro de minha mão para colocar entre seus lábios. Ela não demorou a soltar a cortina de fumaça entre os lábios. Joalin era minha melhor amiga, trabalhava comigo como Escrivão e Investigadora, ela era quase uma irmã desde os tempos do colegial no qual nos conhecemos. Estávamos sempre juntas para tudo que houvesse nessa vida.

- O que houve? - perguntou me encarando com as sobrancelhas arqueadas.

- Mandei nossas fichas para Nova York hoje, estou um pouco ansiosa para saber se vamos ou não ser chamadas.

- Você e sua sede de casos grandes. - sussurrou com o cigarro ainda na boca.

- Ainda bem que sabe, eu não aguento mais isso aqui.

- Gosto daqui, Sina. - disse ela fitando o nada.

- Gosto daqui também, mas eu quero crescer como delegada. E nessa cidade eu não vou conseguir, eu preciso de algo grande! Que seja difícil, mas que tenho certeza que vou conseguir. E você também Joalin. - digo de uma forma sincera.

Ela deu de ombros e assentiu.

- Veja bem, já parou para pensar na gente morando na cidade de Nova York? Vai ser incrível!

Xeque-Mate || Version SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora