Capítulo 4

149 13 1
                                    


Usando uma mecha de cabelo para trás da orelha, Hermione tentou se concentrar no que Drew Potter dizia. O homem a sua frente tinha a mesma fisionomia de Harry, o que era suficiente para distraí-la. E, para sua surpresa, pegou-se fazendo comparações entre as diferenças de personalidade e atitudes dos dois irmãos.
Sempre ouvira dizer que entre gêmeos, um tende a ser extrovertido, e o outro, introvertido. E os gêmeos Potter não fugiam à regra. Harry era comunicativo charmoso, e Drew parecia mais sério e distante.
Sem avisar, Harry abriu a porta da sala de reuniões e entrou como se tivesse todo o direito de estar lá. Hermione não se espantou com a súbita aparição.
— O que é desta vez, sr. Potter? — indagou, impaciente.
— Estou apenas checando se está tudo em ordem. — E endereçou-lhe um sorriso insinuante.
O mesmo que fazia o coração de Hermione disparar dentro do peito.
— Tudo estava bem até dez segundos atrás. —Hermione tentou ignorar o modo como o tecido da camisa se ajustava aos contornos dos ombros fortes e realçava o tom azul dos olhos dele.
— Acho que está se tornando inconveniente, querido irmão.
— Você acha, Drew? Só porque é quinze minutos mais velho que eu, julga-se muito mais esperto?
— O suficiente para perceber que está aborrecendo a investigadora Delgado.
Hermione assistiu àquele diálogo com interesse, e uma grande tristeza se abateu sobre ela. Nunca tivera uma irmã, alguém a quem dar e pedir conselhos, alguém com quem compartilhar vitórias, derrotas e até mesmo a mais simples brincadeira.
Desviando-se de tais pensamentos, voltou depressa a suas anotações, tentando se esquecer de tudo que a vida a privara.
— Ainda vai precisar de mim, sra. Delgado? — Drew consultou o relógio de pulso. — Minha filha chegou do colégio resfriada e preciso telefonar para a babá para saber como Amanda está.
— Tudo bem. Por ora é suficiente.
Drew estava viajando quando houve a tentativa de assassinato de Daniel. Portanto, não pôde acrescentar novos indícios à investigação.
A princípio, Hermione o interrogou sobre a morte da mulher, pensando que poderia haver alguma conexão entre os dois fatos. Entretanto, após revisar tudo, concluiu que não havia nenhuma ligação. Como herdeiro do trono de Altaria, Daniel fora vítima de um assassino sem escrúpulos, e Talia perecera por seu próprio estilo de vida autodestrutivo.
— Se precisar interrogá-lo de novo, entrarei em contato. — E Hermione sorriu.
— Claro. Gostaria de ver o sujeito que tentou matar Daniel preso e fora de circulação por anos.
— Estamos fazendo o possível para isso — assegurou ela, estendendo-lhe a mão. — Obrigada pela colaboração, sr. Potter. Espero que sua filha se restabeleça depressa.
Drew balançou a cabeça em um gesto de agradecimento e dirigiu-se à saída, mas, antes de sair, voltou-se apontando para o irmão.
— Quero lhe dar um conselho, Hermione — disse, com um brilho divertido nas pupilas. — Seria melhor deixar de ser tão pedante.
— Por que está dizendo isso? — Harry fingia-se de inocente. — Estou apenas tentando ajudar.
— Está esquecendo que a moça carrega uma arma na cintura. Ela pode decidir usá-la, se continuar atrapalhando e impedindo-a de trabalhar.
Quando Drew fechou a porta atrás de si, Hermione encarou Harry.
— Também tenho o direito de prendê-lo por retardar as investigações. E é o que farei se continuar me interrompendo.
— Por que quer me prender se a única coisa que estou tentando fazer é zelar por seu bem-estar? — perguntou, com um tom de voz baixo e sedutor que a fez estremecer.
O problema era que Harry era sexy demais, e estava tão próximo que Hermione podia sentir seu cheiro viril.
— Sr. Potter...
— Harry.
— Está bem, Harry. — Tentou afastá-lo, mas ele era tão sólido quanto um pedaço de granito. — Há um código de conduta relativo a amizades íntimas com...
— Por acaso sou a vitima do crime que está investigando?
— Não. Mas...
Mais uma vez Hermione tentou afastá-lo, agora impelindo mais força, e perdeu o equilíbrio. Harry enlaçou-a pela cintura para evitar que caísse, o que só serviu para fazer seu coração tornar a disparar.
— Considera-me um suspeito? — Harry pressionou a testa contra a dela.
— Não...
Com um movimento de braços, ele a trouxe para junto de si até seus corpos se tocarem.
Com aquela boca a milímetros da sua, era quase impossível manter a concentração, decidiu Hermione.
— Então, isso significa que estou fora dessas regras. — E pousou os lábios sobre os dela, numa doce carícia. — Certo?
Hermione assentiu. Depois franziu o cenho, como se tentasse focar a mente de volta ao trabalho.
— Isto... está ficando muito confuso.
— Não, Hermione. Não poderia estar mais transparente.
Numa fração de segundo, sua boca tomou a dela, e Hermione se esqueceu de todas as normas e da jura que fizera um ano atrás, a respeito dos homens. Em especial os como Harry Potter.
Nem mesmo teve tempo para pensar onde estava ou que alguém poderia entrar na sala de reuniões a qualquer momento. Como era maravilhoso sentir a boca de Harry sobre a sua... os braços fortes prendendo-a com firmeza.
Hermione rendeu-se, entregando-se por completo ao calor daquele beijo. Harry soltou um gemido abafado fazendo-a estremecer.
Então, puxou-a com mais firmeza, fazendo-a saber o quanto estava excitado. Uma necessidade devastadora surgiu no ventre de Hermione. Os seios sensíveis formigaram, e os mamilos enrijeceram. Jamais fora beijada daquela forma. Nem mesmo nos primeiros dias de seu casamento, no auge da paixão, tivera sensações tão estonteantes.
O som da porta da sala de reuniões se abrindo a trouxe de volta à realidade.
Céus! O que estava fazendo?! Afinal de contas, estava no cumprimento do dever!
— Pa... pare —Hermione tentava se afastar.
Harry permitiu um pequeno espaço entre eles, mas não a soltou.
— Nossa, isso foi incrível! — Ele ainda ofegava. — Você é maravilhosa... tão...
— Inacreditavelmente estúpida. — Hermione reuniu todas as forças que possuía e o empurrou, mas Harry prendeu-lhe as mãos, impedindo-a de escapar. — Não estou interessada em me envolver-me com você, nem com ninguém.
Harry a contemplou com muita atenção antes de falar:
— Não vou negar que gostei do beijo e que vou beijá-la de novo. Mas, na próxima ocasião, encontraremos um lugar com mais privacidade.
— Isso não se repetirá.
— Oh, sim, pode apostar, querida! Porém, só quando você estiver preparada para isso — retrucou Harry, com um súbito sorriso que a desarmou.
Hermione se afastou e sentou-se na cadeira de couro. Caso contrário, poderia ter caído ao chão. Era espantoso como aquela voz sensual fazia seus joelhos bambearem.
— Não perca seu tempo esperando por isso, Potter. Não tenho interesse em você ou em algum outro homem.
Harry ajoelhou-se, apoiou as mãos nos braços da cadeira e inclinou-se para a frente.
— Não sei quem é o sujeito, ou o que ele lhe fez para feri-la tanto, mas não sou igual, Hermione. — Acariciou-lhe a face. — Sei que podemos nos dar bem, juntos. Mas não quero que se sinta pressionada. Não é bom para você, nem para o bebê.
Dizendo isso, Harry se ergueu, caminhou até a porta e deixou a sala de reuniões.
Isso não é nada bom, decidiu Hermione. Alcançou a agenda sobre o tampo e notou que tremia. Respirou aliviada quando constatou que faltava apenas um item para dar o dia por encerrado. Assim que falasse com o chefe do departamento de contabilidade, iria para casa, colocaria os pés para cima e se esforçaria para esquecer o que acontecera ali. Não queria lembrar o deleite que aquele beijo lhe provocou ou que desejara coisas que seu coração jamais poderia ter.


Harry consultou o relógio digital da mesa, enquanto a equipe discutia os compromissos do restante da semana. Um pensamento dominava-lhe a mente, distraindo-o de tudo a sua volta. Nada em sua vasta experiência com o sexo oposto poderia tê-lo preparado para a emoção que experimentara ao beijar Hermione. No instante em que suas bocas se uniram, fora como se o mundo tivesse parado e jamais voltasse a ser o mesmo.
Mais do que nunca, alimentava o desejo opressivo de conhecê-la melhor... de voltar a beijá-la e...
Respirou fundo, tentando ignorar o estranho sentimento que o dominava. Não queria se envolver.
Um arrepio de pânico percorreu-lhe a espinha. Para ele, aquilo representava ser responsável por outra pessoa. Colocar a própria felicidade nas mãos de uma mulher e se arriscar com a possibilidade de um deles falhar. E fracasso era uma palavra que jamais permitira em seu vocabulário.
O súbito zumbido do interfone afastou aquele momento de introspecção. Harry fez uma careta. Dissera a Fiona que não o interrompesse durante a reunião.
— O que é? — perguntou, irritado.
— Sinto incomodá-lo, sr. Potter. Mas pediu-me para avisá-lo assim que a investigadora Delgado terminasse os interrogatórios.
— Obrigado, Fiona. — Olhando para os membros da equipe, desculpou-se: — Sinto muito, mas teremos de adiar este assunto para amanhã.
Os cinco rostos se entreolharam, perplexos. Com uma carranca, Henry Sadowski ergueu uma pasta de papéis.
— Mas e sobre o...
— Pode esperar — cortou-o Harry, com firmeza. Vendo-os deixar o escritório trocando olhares intrigados, teve paciência apenas para esperar que batessem a porta, antes de apertar o botão do interfone.
— Fiona, por favor, poderia ir até a sala de reuniões e dizer à sra. Delgado que estarei pronto para sair em alguns minutos?
— A investigadora Delgado já foi embora.
— O quê?! Quando?!
— Não estou bem certa. Saí para lanchar e, quando voltei, ela havia deixado um bilhete em minha escrivaninha dizendo que amanhã retornaria.
Desligando, Harry apanhou o casaco pendurado próximo à entrada. Hermione teria se excedido e se sentido mal? Estaria com problemas, como naquela noite no restaurante?
— Não voltarei mais hoje, Fiona — afirmou, passando pela sala da secretária e encaminhando-se para os elevadores.
No corredor, reduziu o passo. Sabia muito bem por que Hermione se fora sem ao menos se despedir. E podia jurar que não tinha nada a ver com seu estado de saúde.
Percebera a apreensão e a cautela em seus lindos olhos depois que a beijara. Ela estava tentando estabelecer uma distância segura entre eles... fugindo dele.
E, se fosse inteligente, faria o mesmo. Afinal, não passara a última meia hora enumerando todas as razões pelas quais não deveria se envolver com Hermione ou com qualquer outra mulher?
Quando o elevador chegou, entrou e apertou o botão da garagem. Hermione tinha razão. Aquela era a atitude mais sensata a ser tomada.
Decidindo que seria melhor para os dois, saiu do elevador e caminhou em direção ao Jaguar. Passaria pelo apartamento dela apenas para ver se estava tudo em ordem. Depois disso, não iria importuná-la mais.


Hermione cobriu a cabeça com uma almofada e tentou ignorar as batidas insistentes na porta. Talvez a pessoa se cansasse e desistisse.
Devia ser Martha McNeery, sua vizinha. Depois que soube que Hermione era policial, chamava-a pelo menos duas vezes por semana para checar se havia intrusos em seu apartamento.
— Sra. McNeery... — Arrastou-se para fora do sofá. — ...não há ninguém escondido em seu armário, debaixo da cama ou na escada de incêndio.
Antes que pudesse girar a maçaneta, as batidas soaram mais fortes.
— Estou indo, sra. McNeery! — gritou, metendo os pés nos chinelos.
Escancarou a porta, bocejando. O bocejo ficou congelado em sua boca quando encontrou Baby saltitando a seu redor.
— O que está fazendo aqui, fofura? — Hermione se agachou para pegar a cadelinha no colo. Quando se ergueu, Harry se materializou. Carregava uma enorme sacola. Havia um brilho especial em suas íris.
— Parece que alguém aqui acabou de acordar...
Hermione esfregou o rosto. Devia estar parecendo um espantalho com aquela enorme camiseta de moletom, calça folgada e chinelos improvisados de seus mocassins.
— Vai me convidar para entrar, ou pretende me deixar do lado de fora, enquanto nosso jantar esfria?
Dando um passo para trás, Hermione o observou pendurar o casaco e depois ir até a cozinha, onde retirou duas embalagens da sacola. O cheiro delicioso de comida italiana se espalhou pelo ambiente, aguçando-lhe o apetite.
Sem a menor cerimônia, Harry abriu o armário e pegou dois pratos e dois copos.
— Onde estão os talheres?
— Faça de conta que a casa é sua, Potter. — Tornou a bocejar.
— Talheres? — repetiu, sorrindo.
— Na primeira gaveta à esquerda. — Hermione colocou Baby no chão e perguntou-lhe: — Seu papai é sempre assim tão insistente?
Baby abanou a cauda e latiu, como se quisesse dizer que sim.
— Não lhe dê ouvidos, Hermione. As vezes Baby exagera.
— Tenho um pressentimento de que ela está falando a verdade. O que faz por aqui, Harry? E como entrou no edifício?
— Aquela sua vizinha que estava saindo na sexta-feira...
— A sra. Simpkins.
— Sim, a sra. Simpkins me deixou entrar. E vim aqui para garantir que está se alimentando direito. — E começou a remover as tampas dos recipientes. — A propósito, Mário ficou feliz em saber que está melhor.
— Harry, não tem de ficar tomando conta de mim.
Ele a ignorou e retirou uma garrafa de dentro da sacola.
— Imaginei que vinho esteja fora de questão por causa do bebê, mas acho que um suco de uva não lhe fará mal, não é?
Hermione fez um gesto afirmativo.
— Ótimo! — Harry abriu a garrafa e encheu os copos, que colocara ao lado dos pratos. — Espero que goste de lasanha de legumes.
— Não tem de se preocupar comigo — retrucou, desejando saber o que fazer para se livrar dele.
Harry era o homem mais obstinado e mais amável que já conhecera.
— Sei que não. Mas, quando passei no restaurante, na volta do trabalho, me lembrei de que naquela sexta-feira você perdeu de experimentar a melhor comida italiana de Chicago. Além disso, não estava com vontade de jantar sozinho. Baby não fala muito durante as refeições...
Hermione não pôde conter o riso.
— Acha que ela fala com você?
— Óbvio! Não do modo convencional, mas sabe como me fazer entender o que pensa e o que deseja.
— Ah, sim! Já havia esquecido sobre as almofadas. — Hermione sentou-se na cadeira que Harry lhe ofereceu.
— Seu carro já saiu da oficina? — indagou, abrindo outro pacote.
— Ainda não. O mecânico disse que levará uma semana para ficar pronto.
Harry tirou várias almôndegas e as colocou em uma pequena tigela.
— Venha comer, Baby. Hermione, virei buscá-la amanhã de manhã.
— Não é necessário. Posso ir sozinha.
— Entendo, mas estarei aqui às oito horas para pegá-la. Agora, coma antes que esfrie.
Harry examinou o prato de Hermione e ficou satisfeito quando ela terminou de comer toda a lasanha.
— Obrigada. Estava divino! — Engoliu o último pedaço de pão italiano. — Estou satisfeita.
— Que bom que gostou! — Harry se levantou para levar os pratos para a pia.
Após procurar uma máquina de lavar louça e não encontrar, abriu a torneira e começou a lavá-los.
— Não, não, não, Harry! Eu mesma...
— Precisa de repouso, garota. Por que não vai se deitar com a Baby no sofá?
— Não posso permitir isso. Você é meu convidado.
— Eu me convidei para vir; logo, não posso me considerar um convidado.
Hermione pediu, argumentou, porém Harry se manteve indiferente a seus protestos.
— Olhe, Potter, não ficarei aqui parada discutindo. — Dizendo isso, tentou pegar a esponja sobre a pia, mas Harry tirou-a de seu alcance. — Você forneceu o jantar. Agora eu cuido da louça.
Ele lhe dirigiu um olhar de pura teimosia.
— O que acha de chegarmos a um acordo? Eu lavo e você seca?
Por fim, Hermione desistiu.
— Não se importa mesmo?
— O que a faz pensar que me importaria?
— Creio que porque Michael teria morrido antes de se oferecer para ajudar.
— Quem é Michael?
— Meu marido. Ou melhor: ex-marido.
Harry quase deixou cair o prato que segurava ao relacionar aquele nome.
— Você foi casada com Michael Delgado?!
Fazendo uma careta, Hermione assentiu.
— Posso lhe assegurar que não foi a coisa mais inteligente que fiz. Até mesmo minha mãe adotiva, Molly, o achava uma cobra. Logo ela, que sempre consegue ver algo de bom em todas as pessoas. Porém, não a escutei, e vivi para lamentar isso.
Harry não tinha intenção de lhe contar, mas sabia que Michael Delgado era um advogado assistente de distrito, com reputação de ser o maior dom juan de Chicago e tão escorregadio quanto uma enguia.
— Não sabia que ele tinha sido casado. Quanto tempo ficaram juntos?
Hermione enxugou um prato e o colocou em uma pilha dentro do armário.
— Estivemos casados durante quatro anos, mas creio que Michael nunca se considerou comprometido. A tinta da certidão de casamento nem mesmo teve tempo de secar e ele já havia se envolvido com outras mulheres. — Sua entonação refletia um profundo desgosto.
Harry inferiu que Michael deveria ser o pai da criança que ela esperava.
— Como ele se sente em relação ao bebê?
— Não se importou das duas vezes em que fiquei grávida dele. Por que se preocuparia com este?
Harry a encarou.
— Esse é seu terceiro filho?
— Não. As duas primeiras vezes sofri abortos involuntários.
Harry sentiu todos os músculos enrijecerem. Teve um pressentimento de que não deveria, mas não pôde deixar de perguntar:
— Está grávida de quantos meses?
— Dois.
Com exceção das razões óbvias, não era de admirar que Hermione estivesse apavorada pelos problemas que vivenciara.
— Os médicos lhe disseram o que houve de errado?
— A principal causa foi estresse. Estava tentando conciliar trabalho, maternidade e um casamento falido.
— Então, Michael não é o pai do bebê?
— Não. Ele me deixou no Dia dos Namorados do ano passado. Pedi o divórcio e nunca mais o vi.
— Sendo assim, quem... — Harry balbuciou, temeroso de que ela lhe respondesse que aquilo não era de sua conta.
Porém, para seu espanto, Hermione riu.
— Não vai acreditar. Mas não faço a mínima idéia de quem seja o pai...
Harry derrubou o segundo prato, mas conseguiu evitar que se espatifasse no piso.
— Não fique tão chocado. — Hermione deu de ombros. —Tudo o que sei sobre o pai de meu filho é que é alto, tem olhos verdes e cabelos pretos. Até poderia ser você.
O coração de Harry quase pulou fora do peito.
— Eu?
— Relaxe, Potter. — Os olhos castanhos brilharam, divertidos. — Não precisa se preocupar. A não ser que tenha doado sémen para o Banco Partners and Fertility.
Harry meneou a cabeça.
— Nunca considerei essa hipótese.
— Foi o que imaginei. — Ela secou o último prato, colocou-o no armário e fechou a porta. — Meu doador foi um médico residente.
— Por quê?
— Para ser franca, eles pagam pelas doações. Ouvi dizer que muitos alunos de medicina conseguem concluir seus estudos doando sémen.
— Não. Quero dizer, por que...
— ...recorri à inseminação artificial? Era a única solução lógica. Assim, terei o filho que tanto quero, sem os problemas de uma relação. Não precisarei compartilhar a custódia com ninguém e o bebê será só meu.
Harry ficou arrasado. "Furioso" seria o termo mais adequado. Por um momento, sentiu um profundo desapontamento por Hermione não ter esperado por ele para ser o pai de seu nenê.
Seus instintos o alertaram, afirmando que o mais sensato a fazer era sair dali o mais rápido possível.
— Preciso ir. — Consultou o relógio, pegou o casaco e chamou Baby, — Já ia me esquecendo de que tenho outro compromisso esta noite.

De Solteirão à papaiOnde histórias criam vida. Descubra agora