The General's Wife

Prólogo

As correntes tilintaram quando a mulher ergueu o rosto para observar o recém-chegado. A cabeça estava zonza, seus braços dormentes devido à posição incômoda e imutável, e ela mal conseguia enxergar com o olho esquerdo. Um gemido escapou de seus lábios ao sentir a dor da costela quebrada e a mulher prendeu a respiração por um instante enquanto se movia e reprimia as lágrimas com todas as forças restantes em seu corpo. Doía, dóia tanto...

Ela havia prometido a si mesma não voltar a chorar, não demonstrar fraqueza.

Ele a observou atentamente de cima a baixo, franzindo os lábios ao notar o estado lastimável da antiga herdeira de um dos maiores clãs do País do Fogo e a mulher que antes havia sido considerada a mais bela em todas as Cinco Grandes Nações... E também, a ex-esposa dele.

As mãos estavam presas por correntes de chackra acima da cabeça, os cabelos longos e brilhantes haviam sido cortados de forma desigual e pareciam ter perdido seu brilho característico, o olho esquerdo estava roxo e inchado e ele tinha certeza de que ela tinha uma ou duas lesões internas. Por um momento ele quase se compadeceu daquela beleza decadente, mas ele sabia que por trás daqueles olhos inocentes se escondia uma serpente ardilosa.

- Seu cão de guarda foi enviado de volta aos Hyuuga depois de receber punição adequada. – A mulher reagiu á provocação estreitando os olhos. - Ele ainda respirava quando saiu pelos nossos portões... O destino, no entanto, não vai ser tão benevolente com você!

Cruzando os braços e com uma carranca enfeitando as feições bonitas, o moreno manteve-se em silêncio enquanto observava atentamente a mulher á sua frente, procurando desvendar os segredos sórdidos escondidos nas profundezas daqueles olhos brancos. Era irônico para ele que a mulher que ele havia considerado como a personificação da pureza fosse capaz de tanta crueldade, e o quanto ele havia sido cego.

- Ibiki-sama contou que você se recusa a confessar seus crimes mesmo havendo provas e testemunhas... – Sentindo o ódio borbulhar devido ao silêncio da mulher, o moreno socou a parede próxima tentando conter a raiva. – Como você foi capaz de machucar uma criança inocente? Mei ainda está se recuperando do aborto que você provocou... Está satisfeita?

- Você acha que eu me importo com a sua cadela e seu bastardo?

A voz foi baixa, rouca e fria... Muito diferente do tom manso e obediente que ela sempre usava para responder a ele... E aquele olhar... Aquele único olho são o encarava com ódio puro e latente, e por um segundo aquela emoção o surpreendeu e incomodou.

Era ele quem deveria sentir ódio, era ele quem deveria guardar ressentimento.

A morena mudou de posição, a pele branca de suas coxas expondo-se á seu olhar quando o tecido do vestido que ela usava subiu atraindo seu olhar inconscientemente. O moreno grunhiu irritado, como ela ainda conseguia arrancar aquelas reações dele quando sequer estava tentando?

- Quando eu segurei a minha criança sem vida em meus braços onde você estava? Onde estava à justiça do todo poderoso general Uchiha e seus torturadores? Você sequer investigou corretamente o que aconteceu... – O moreno recuou um passo, as palavras acertando-o como uma adaga certeira e afiada. Ela jamais havia falado naquele tom com ele. – Quando aquela Oiran¹ manchou a honra da minha casa com sua presença vil e arrancou a vida do meu primogênito, ONDE ESTAVA A SUA MALDITA JUSTIÇA?