"Escolhido a quem amar"

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Como combinado, Lily encontra Régulos no banco ao lado da cerejeira. O garoto tinha um volume grosso de uma saga em seus braços enquanto fitava um lugar qualquer no enorme pátio. Estava pensativo, Lily supôs.

--Cheguei!

Lily nota as costas do garoto se tencionar, antes de seus olhos fitarem ela parada logo ao seu lado, aguardando suas palavras. Régulos aparentava ter chorado, seus olhos vermelhos a fitavam como se ela fosse um fantasma.

--Lily, oi... Se senta aqui.

O garoto bate no espaço ao lado do banco, sinalizando para ela se colocar sentada aí, o que Lily faz levemente tensa.

--Então, por que você me beijou?

Tudo que Régulos menos queria era que Lily jogasse a pergunta na lata, mas ela havia jogado, o que significava que ele teria que arcar com as consequências ao respondê-la de forma sincera.

--Eu a beijei porque senti vontade,--Começa com seus olhos voltados às sapatinhas pretas da ruiva.-- Porque eu gostei do selinho dado sem querer. Mas você também não se afastou quando eu selei meus lábios nos seus de novo, então imaginei que você quisesse na mesma forma que eu queria. Desculpa se eu fiz algo que você não quisesse, sério.

Régulos leva às mãos aos olhos e Lily sente seu rosto corar, isso sendo instintivo de sua parte.

--Sabe, eu gostei do beijo.--Lily soa nervosa.-- Foi bem súbito, mas eu não consegui fingir que não gostei do toque. Você sente algo por mim?--Aquela era uma das muitas dúvidas que corriam soltas por sua mente desde a noite anterior.--Para você ter me beijado daquela forma...

Régulos leva a mão direita à nuca, onde ele a coça de forma pensativa. Ele não havia parado para pensar sobre, mas olhando para o rosto da ruiva, o sorriso e a forma que o cabelo ondulava ao redor de seus ombros e rosto, além das sardas ao redor do nariz e bochechas, junto com aqueles olhos verdes. A ruiva era realmente linda.

--Não sei... Você?

A ruiva arqueia uma sobrancelha, analisando cada traço de Régulos. Os cabelos castanhos longos, os lábios finos, aqueles olhos castanhos brilhantes. Régulos não aparentava ser mais novo que ela, mas também não aparentava ser mais velho.

E ele era lindo, a garota nota surpresa.

A ruiva não sabia se era o fato de ele ser mais novo que a incomodava, ou o fato de ter a Marca Negra no braço esquerdo. De qualquer forma, ela sabia que o mais novo nunca quis aquela maldição em seu braço, então longe dela o culpar por isso.

--Também não sei...

Ambos se fitam, aflitos, como se esperassem o veredito final de uma sessão judicial.

--Então, simplesmente nenhum de nós sabe o porquê de ter beijado o outro?--Régulos pergunta por fim, assustando a ruiva perdida em pensamentos. Não era de se estranhar ela estar pensando justamente no beijo que não saíra da sua cabeça por um minuto sequer desde o ocorrido.

--Estamos confusos com tudo que anda acontecendo, quem sabe seja por isso que tenhamos nos beijado.--A ruiva tenta, mas Régulos apenas nega com a cabeça.

--Duvido muito, eu nunca beijei uma garota a qual eu não tivesse sentimentos, não sou muito de sair por aí beijando qualquer uma sem motivo.

Lily apenas arqueia uma sobrancelha, ela não era qualquer uma? Ela decide não dizer nada, deixando o espaço aberto para o silêncio fazer presença.

--Não vai dizer nada?--Régulos pergunta quando o silêncio se tornar exaustivo.--Eu não faço ideia do que dizer...

--Eu também não, quer dizer, a gente poderia esquecer do beijo, se você quiser.

Terra Molhada-Snames, Snack, SnupinOnde histórias criam vida. Descubra agora