Os bombardeios não pareciam cessar e pouco a pouco, meus homens iam caindo pela areia manchando a mesma e colorindo aquele tom amarronzado de vermelho. A cena era de uma guerra sangrenta e injusta, máquinas contra homens, não estávamos preparados para isso, com alguns acontecimentos a mais pude ter certeza, haviam me enviado ali para morrer e meus homens, fiéis e leais, estavam sucumbindo ao monte de corpos que desciam rolando pelos montes e se acumulavam num buraco qualquer, minha garganta seca arranhava a cada grito que dava, pensando que uma daquelas bombas em fim haviam me acertado, não havia tempo de lamentações mas tinha um sentimento crescendo em meu peito, um sentimento de ódio junto ao de traição, havia sido traída pela minha própria família e aquela sensação embrulhava meu estomago e me dava ânsia, junto ao cheiro de carne queimada.
Eu corria com todas as minhas forças e agora, desarmada, eu só tinha essa chance, correr na esperança de conseguir fugir das explosões e tiros de metralhadora que choviam dos céus.
A esperança do ser humano é algo intrigante. Mesmo sabendo das circunstâncias, mesmo tendo ciência das limitações do corpo e as que o ambiente em si nos dava, lá estava eu e Parker fugindo juntos aos poucos que restaram vivos, pelo deserto adentro, sabendo que no fundo, uma hora irão nos acertar e tudo estaria perdido. Havia um genocida no comando daquelas aeronaves e sabíamos bem de quem se tratava. Nosso próprio líder, nossa única família, querendo ver todos mortos até não sobrar um.
Pulei alguns corpos e ajudei um dos homens que tropeçou em minha frente a se levantar, levei um susto e gritei quando uma bala atravessou seu crânio espirrando sangue e massa encefálica em meu rosto me fazendo cuspir aquilo e sentir meu estomago se embrulhar. Eu sentia minhas pernas fraquejarem e a cada bombardeio a areia ao redor de nós cedia mais um pouco nos fazendo cair. Olhei para Peter e gritei quando uma bomba caiu perto dele e de outros dez homens, todos caíram rolando morro abaixo e eu gritei em desespero quando vi que nenhum deles havia sobrevivido, corri mais um pouco até outra bomba cair bem em minha frente atingindo a mim e mais alguns homens que explodiram junto.
Rolei depois de sentir o impacto de uma bomba ser lançada bem próxima a mim e um bloco de concreto de uma estrutura em ruína que havia ali atingiu minhas costas me prensando contra a areia, senti o sangue escorrer junto a queimação em minha coluna, havia quebrado e deslocado meu ombro com o impacto, desci um dos morros rolando sem parar, após outra bomba, engolia e aspirava aquela areia fina e quente e sentia meus pulmões ameaçando a parar de funcionar, meu corpo foi aos poucos perdendo seus sentidos e ali naquele momento, soube que iria morrer, ali, traída, perdida, sozinha e quebrada, no meio do deserto do Marrocos, antes de apagar completamente, olhei para o corpo ao lado vendo Parker desacordado, derrubei uma lagrima e em fim, fui de encontro com a escuridão.
Uma semana antes...
Depois do ocorrido com o líder das forças egípcias, entramos num consenso e ele “permitiu” que eu liderasse as tropas até o fim da missão e nisso, seguimos com os próximos passos antes de embarcarmos nos aviões. Rob havia me repreendido pela minha atitude, dizendo que embora fosse algo comum entre os homens, eu não poderia tomar tantos riscos assim, ameaçando um líder importante que poderia se voltar contra nós, o que poderia não acontecer nada, mas ainda sim seria um risco. Eu não dei muito assunto a ele sabendo que aquele comentário era extremamente machista e que eu tenho total certeza de que se fosse ele o ofendido, teria uma reação igual ou pior.
Havia se passado uns três dias desde a reunião e eu estava melhor, em relação a Pietro, fui obrigada a cancelar meu número antigo pois ele me ligava insistentemente e aquilo estava sendo um gatilho para voltar para ele e dar um soco em sua cara por ser tão irritante e incrível, que mulher não quer ver o homem que gosta correndo atras de você pedindo para voltar? Eu adoro e voltaria sem pensar duas vezes, se a circunstância não fosse tão intensa e perigosa. Ontem eu havia sido nomeada Major e bem, junto ao cargo vieram as responsabilidades, tive acesso ao pergaminho entregue pelos árabes e a notícia não havia sido muito boa. A Rússia havia bombardeado um pequeno vilarejo de Marrocos com uma pequena bomba nuclear, isolando e aniquilando todos que ali moravam. O número de mortos fora quase cem por cento em relação ao número da população da região e isso foi a pior coisa que podiam ter feito, já que chamaram atenção mundial ao feito e bloquearam nossa rota de fuga que no passado, era nosso plano B caso algo desse errado em nossa rota principal.
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Hawks and Guns - Entre areia e ossos
Akcja"Eu tinha tudo planejado para aquela missão funcionar assim como as outras, já havia lidado com coisas absurdas, situações de pirar, que te tiram do eixo e mechem com sua sanidade. Eu era a melhor, fui designada ao comando dessa operação por ter um...