Capítulo 22

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Enquanto Deena estava no banho, eu refleti sobre tudo o que havia acontecido naquela noite e cheguei à conclusão de que Peter teria sido capaz de me estuprar se Deena não houvesse aparecido. Ela teve razão sobre ele o tempo todo e por eu não ouvi-la, fiz com que ela ganhasse uma boca toda machucada e o supercilio e maçã direita do rosto cortados e se eu não houvesse empurrado Peter, talvez ela estaria muito pior. O mínimo que eu poderia fazer era pedir desculpas.

- Ela se importa com você. – A voz de Cindy interrompeu meus pensamentos e eu olhei para seu rosto calmo. – Sei que o modo dela demonstrar os sentimentos dela é um tanto confuso, mas a Deena é assim. Há anos eu a vejo babar por você. – Ela se ajeitou na cama - A única alternativa que ela encontrou de ficar perto de você durante todo esse tempo foi te infernizando. Ela pagou o almoço da estagiária da secretaria do colégio por um mês só para descobrir os seus horários e se matricular nas mesmas turmas que você. Às vezes sinto vontade de socar a cara dela de tanto que ela fala sobre o modo que você fica linda de laço ou sobre fica fofa quando está batendo nela. Quando ela dorme aqui em casa em dia de semana é um inferno porque ela levanta de madrugada para se arrumar só porque quer estar no colégio antes de você. – Ela segurou minha mão – A ameaça que Sheila fez a você naquele dia ainda está valendo, Samantha. Se eu vir minha amiga chorar por sua culpa mais uma vez, eu vou te arrebentar a cara.

- E eu vou ajudar, com um pedaço de tronco. – Alice completou a ameaça sentada ao lado de Cindy e eu senti muito mais medo da minha melhor amiga do que da garota sentada ao lado dela.

- Eu não fazia idei... – A voz de Deena ecoando de dentro do banheiro me interrompeu.

-Cindy, pode trazer a toalha pra mim?

- Pode fazer esse favor para mim, Samantha? – Cindy perguntou sorrindo e jogando a toalha em cima de mim.

- Claro! – Eu sorri sem mostrar os dentes, fui até o banheiro e bati na porta.

- Ela não vai ouvir, pode entrar. – Cindy fez um gesto com a mão enfatizando suas palavras e Alice soltou um risinho muito estranho, mas eu dei de ombros e entrei no banheiro.

- Cindy, obrig... – As palavras morreram em sua boca no instante em que ela se virou. Eu ainda estava com a boca aberta pela visão de seu traseiro desnudo. Por que ela ficava perdendo tempo olhando a minha bunda? Se eu tivesse uma bunda igual a dela, eu ficaria a vida toda em frente ao espelho me admirando. Olhei em seus olhos arregalados sem coragem de olhar para baixo e engoli a seco antes de entregar-lhe a toalha.

- Cindy pediu para eu trazer. – Ela pegou a toalha e sorriu sem mostrar os dentes.

- Hum... você pode me dar licença para eu me trocar? – Ela perguntou e eu pisquei umas cinco vezes antes de me dar conta de que ainda estava parada no meio o banheiro com a Johnson pelada dentro dele. Senti meu rosto enrubescer enquanto corria para fora do banheiro, me deparando com Alice e Cindy aos risos. Desde quando elas eram amiguinhas?

- Demorou, Sam, se perdeu lá dentro? – Alice perguntou com um risinho e enquanto Cindy a acompanhava.

- Cala a boca, Alice!

- Que seja! Eu estava conversando com a gatinha e decidimos que você e eu vamos passar a noite aqui.

- Gatinha? – Eu perguntei e Alice abraçou Cindy pelos ombros. A garota pareceu congelar.

- Sim, gatinha. Por que, está com ciúmes? – Ela me olhou provocadora e eu me sentei ao lado de Cindy abraçando-a pelos ombros também.

- Não estou com ciúmes. – Eu estava sim.

- O banheiro está livre! – Eu peguei a roupa que Cindy havia me entregado mais cedo e corri para o banheiro.

Durante o banho eu assimilei todas as palavras sobre Deena que Cindy havia dito para mim. Era completamente estranho saber que Deena gostava de mim com aquela intensidade, digo, durante todo o tempo eu interpretei seus atos como meros jeitos de me irritar, mas olhando por outro prisma, tudo aquilo foi até... hum... bonitinho. Se eu gostasse de meninas eu até que poderia gostar de Deena de um jeito romântico, mas até então eu só gostava do filho da puta do Peter e nunca me senti atraída por meninas e...

- Termina logo essa merda de banho! – O grito de Alice interrompeu meus pensamentos enquanto ela esmurrava a porta. Eu me sequei, vesti as roupas de Cindy e sai resmungando do banheiro. Todas as três estavam sentadas no tapete do quarto formando um semicírculo e havia uma pizza gigantesca no meio delas. Eu me sentei no espaço vazio ao lado de Deena, a todo momento tendo consciência dos nossos joelhos se tocando.

Pelo visto a boca toda machucada de Deena não a impediu de comer quase metade da pizza sozinha e no final acabamos brigando pelo último pedaço. Garota ridícula!

- Eu resolvo isso! – Alice tomou a fatia pizza da mão de Deena, deu metade para Cindy e enfiou todo o resto dentro daquela boca gigante dela enquanto eu definhava de fome. Eu reclamei durante uns quinze minutos, mas parei depois que Alice ameaçou deixar a minha cara pior que a de Deena.

- Então está combinado. Eu emprestarei roupas para Samanha e Alice irem para o colégio amanhã e a irmã da Alice vai passar na casa da Samantha e da Deena para pegar o material delas e encontrar com a gente na entrada do colégio. Agora só falta decidirmos onde vamos dormir. – Cindy sentenciou depois de alguns minutos de conversa.

- Eu vou dormir contigo! – Alice abraçou Cindy que arregalou os olhos e pareceu parar de respirar. Desde quando Alice era tão amorosa com as pessoas? Ela geralmente queria espancar todo mundo e só era amorosa com ela mesma. Muito estranho...

- Não é melhor eu dormir com a Cindy no quarto dos pais dela e Alice e Samantha dividirem esse daqui? – Deena sugeriu e eu não estava me importando com quem eu iria dormir, só queria dormir e esquecer aquela noite dos infernos.

- Cala a boca, Johnson, eu vou dormir com a Cindy e pronto! – Ninguém mais reclamou e todas nos preparamos para dormir. Cindy e Alice saíram do quarto e Deena começou a forrar os cobertores no chão.

- O que você está fazendo? – Perguntei com o cenho franzido.

- Arrumando minha cama.

- Para de palhaçada, vem logo! – Eu bati no espaço ao meu lado na cama. Ela deu de ombros se deitou de frente para mim.

- Você acha que está bem para ir para a escola amanhã? – Ela me perguntou depois que eu desliguei a lâmpada, mas o quarto ainda estava iluminado pela claridade que vinha de fora.

- Eu estou sim, só não quero que aquele filho da puta saia empune. E você, como está? – Eu toquei seu rosto machucado e ela fechou os olhos, inspirando fundo.

- Eu já falei que era só sangue. – Ela abriu os olhos e sorriu.

- Sim, era só sangue. – Eu concordei com um sorriso antes de senti-lo se desmanchar – Desculpe por não ter acreditado em você.

- Só promete para mim nunca mais chegar perto dele. – Ela sussurrou e eu retirei a mão de seu rosto, sentido sua respiração bater em meu rosto.

- Eu prometo. – Eu sussurrei de volta.

- Isso é ótimo - Ela sorriu mais uma vez antes de fechar os olhos. – Boa noite, Sam!

- Boa noite, Deena!

You Hate Me While I Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora