Capítulo 18

4.3K 473 658
                                    

Depois de muito refletir, eu cheguei à conclusão de que havia sido um pouco idiota com a satanás, digo, Deena. Ela não tinha culpa de ser burra o suficiente para demonstrar que gostava de mim através do tormento. Absolutamente nada do que eu disse a ela era mentira, mas eu talvez deveria ter usado melhor as palavras, mas quais palavras eu deveria ter usado?

Outra conclusão à qual eu cheguei foi de que eu tinha sim o direito de me sentir revoltada, afinal, a garota que eu sempre odiei e sempre demonstrou não gostar de mim, de repente falou que me amava. Eu não podia simplesmente esquecer anos de hostilidade só porque ela falou isso, eu não era uma máquina com um botão de desligar sentimentos. Apesar de tudo isso, eu deveria sim pedir desculpas para a Johnson e eu faria aquilo no dia seguinte quando chegássemos mais cedo à escola. Só para deixar claro, ela também teria que pedir desculpas por haver mentido sobre o Peter.

- Obrigada pela carona, pai! – Eu beijei meu pai no rosto antes de descer do carro e ir em direção aos armários a passos lentos. Talvez meu coração estivesse um pouco acelerado por ter de reencontrar a Johnson após ter falado aquelas coisas para ela. Eu prometi a mim mesma que naquele dia eu não iria ficar chateada se ela colocasse fotos estranhas no meu armário ou maionese no meu cadeado... daquela vez eu iria relevar.

Quando estava chegando perto dos armários, não visualizei a silhueta familiar ao lado do meu armário. A idiota não estava lá com os braços cruzados embaixo dos seios e o sorriso arrogante no rosto. Dei de ombros e fui pegar meus livros, era bom não ter que me estressar logo de manhã.

- Bom dia, Sam! – Eu pulei de susto ao ouvir a voz de Peter e me virei para meu futuro marido com um sorriso no rosto.

- Bom dia, Peter! – Ele olhou para algo ao meu lado e meu sangue imediatamente gelou. A Johnson finalmente havia chegado? Eu não tinha coragem de olhar.

- Pelo visto hoje não teremos a perturbação de uma certa pessoa. – Eu finalmente olhei na direção que ele estava olhando e constatei que a dona do armário ainda não havia chegado.

- Sim. – Eu sorri mais uma vez.

- Olha, desculpa pela festa, você não lembra de nada, não é? – Eu meneei a cabeça, concordando com ele – Eu não tinha noção de que você estava tão bêbada, desculpa! A Jonhson veio me acusar de ter embebedado você e depois arrancou você de mim, mas eu não sabia, Sam, eu juro que não fiz de propósito. – Eu sabia que deveria ter ouvido as duas versões. Era óbvio que Peter dizia a verdade, ele não tinha motivos para mentir, ao contrário da idiota. Mas talvez ela tenha se enganado e visto coisa onde não tinha, eu não podia ser mal agradecida porque ela cuidou de mim, mas eu já havia sido mal agradecida então...

- Tudo bem, Peter. Você não me forçou a beber aquilo, não é?

- Não, mas eu quero me retratar, o que acha de eu levá-la ao cinema amanhã?

PARA TUDO! Eu ouvi direito? O meu crush da vida me chamou para ir ao cinema? Ai, caralho! Claro que eu aceito. Aceito tudo, meu amor! Se você quiser também podemos nos casar e termos um monte de Peterzinhos e andarmos no shopping com nossos três filhos parecidos contigo enquanto vamos às compras de fim de semana. Eu posso amarrar a sua gravata quando você estiver indo para o trabalho... eu não sei dar nó em gravatas, mas deve ter tutorial para isso na internet e...

- Samantha? – A voz do meu futuro marido atrapalhou os meus pensamentos e eu me toquei que estava com um sorriso na cara, sem haver respondido sua pergunta.

- Sim, eu aceito ir ao cinema contigo amanhã. – Ele sorriu e eu sorri junto. O mundo estava até mais feliz.

- Ótimo! Te pego às sete. – Ele fechou o armário dele – Agora eu tenho que ir, qualquer coisa eu te ligo. – Ele me beijou no rosto – Tchau, Sam.

- Tchau, Peter. – Eu acenei bobamente antes de me escorar no armário e o observei ir embora com aquela jaqueta do time maravilhosa, que deixava seus ombros mais largos ainda.

- Você é uma idiota! – Uma voz feminina interrompeu meu momento de apreciação e eu senti um cutucão do no meu ombro. Olhei para frente e me deparei uma Sheila furiosa sendo segurada por Cindy. – Me larga, Cindy! Eu vou arrebentar a cara dela.

- Arrebentar a cara de quem? A minha? – Eu não estava entendendo nada.

- Deixa ela, Sheila, não vale a pena se encrencar por causa dela, além disso, a Deena vai ficar puta da vida contigo. – Cindy disse ainda segurando a amiga que se debatia enquanto olhava séria para mim.

- Se você fizer minha amiga chorar mais uma vez eu vou quebrar todos os seus dentes, Fraser! – Ela parou de se debater - Me solta, Cindy, eu não vou bater nela. – Cindy a soltou e eu escorei mais ainda ao armário. Sheila parecia um pinscher possuído. Ela se aproximou de mim e eu estava pronta para apanhar, mas ela só apontou o dedo com a unha pintada de verde para mim. – Eu só vou te avisar uma vez, Feaser, não chegue mais perto da Deena, ok? – Sheila era menor e mais magra que eu, mas o olhar inflamado dela fez meu corpo tremer de medo, por isso eu assenti em concordância. Ela se afastou e o olhar que Cindy me dirigiu ratificava a ameaça da amiga.

Saber que Deena havia chorado fez com que a culpa por ter sido grosseira pesasse sobre mim como mil elefantes e eu não via a hora dela chegar à escola para que eu pudesse me desculpar e me livrar daquele peso.

Ela não apareceu. O lugar ao meu lado permaneceu vazio durante todas as primeiras aulas e durante o almoço eu também não a vi, muito menos durante as aulas seguintes. Alice e Kate disseram que iriam me dar um gelo de dois dias para eu deixar de ser imbecil e aquilo só me fez sentir pior.

Quando cheguei em casa, pela janela do meu quarto eu olhei para o seu quarto, mas as cortinas estavam completamente fechadas. Meu olhar correu até a parte de trás da casa e meu coração se apertou ao me deparar apenas com um pedaço do tronco da Lacinho ainda fincado na terra. Eu não podia acreditar que Deena havia cortado Lacinho. As bananas dela eram realmente deliciosas, como ela pôde?

"Você não pode querer a Lacinho sem querer a dona dela também, isso é injusto"

Meu subconsciente gritou para mim e eu mandei ele calar a boca, isso é, se subconsciente realmente possuísse boca. Enfim...

Ok, eu já havia admitido que eu era uma idiota e que eu devia desculpas à demo, mas eu não tinha coragem de ir à casa dela fazer isso então eu decidi que esperaria ela voltar para a escola. Ela não iria faltar para sempre.

No dia seguinte, eu resolvi que iria esperar Deena um pouco na entrada do colégio, eu queria falar com ela antes de entrarmos na sala. Eu queria resolver aquilo tudo logo. Ao longe eu vi uma moto se aproximando e eu sorri internamente.

A moto freou em frente à entrada do colégio eu percebi que não era Deena. Havia duas silhuetas femininas vestindo jeans e couro e a pessoa que estava no carona abraçada ao piloto, desceu da moto e tirou o capacete. Eu reconheceria aquela juba em qualquer lugar, eu nem precisei ver o rosto da garota para saber que era Deena. A piloto também tirou o capacete e eu inspirei fundo. Que garota linda da porra! Ela sorriu para Deena e a idiota correspondeu antes de puxá-la pela lapela de sua jaqueta e beijá-la.

Que porra era aquela?

You Hate Me While I Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora