Sasuke
— Sasuke, tem quatro mulheres tentando entrar pelas portas do fundo do beco direito.
Tirei meus olhos da papelada a minha frente e encarei Kiba, um dos meus seguranças, parado na soleira da porta do meu escritório. Estreitei meus olhos, processando o que ele tinha me dito, o meu cérebro ainda focado nas palavras dos contratos que eu estava lendo.
— O quê?
Ele não me respondeu, sabendo que eu tinha entendido muito bem o que estava acontecendo. Era só o que me faltava. Meu dia estava uma merda total. Começou com a traseira do meu carro sendo amassada por um Fusca e sua dona doida e mentirosa, depois uma reunião chata de duas horas com os acionistas e para fechar com chave de ouro o meu avô Madara caducando e falando baboseiras sobre herança para o meu irmão Itachi, e claro, agora isso.
Liguei a tela do meu computador, bufando. Imagens acinzentadas das câmeras da The Crow surgiram rapidamente, eu tinha providenciado câmeras até nos becos ao redor da boate por causa de coisas como aquelas, além de alarmes que avisavam os meus seguranças quando tentavam entrar.
Fui clicando até chegar nas imagens da câmera que eu queria: a do beco direito. Arqueei uma sobrancelha quando vi as quatro mulheres amontoadas na porta trancada com cadeado. Uma, em particular, parecia mexer na tranca com certa confiança, enquanto as três observavam tudo.
— Você quer chamar a polícia ou quer que nós as expulsemos? — indagou Kiba, esperando minha ordem.
Estreitei meus olhos tentando enxergar melhor, minha atenção presa em uma das mulheres. Ela me parecia vagamente familiar. Os cabelos curtos e a postura altiva... onde eu tinha visto aquela mulher?
Espera aí.
Dei zoom na imagem e assenti quando me dei conta. Era a doida que tinha batido no meu carro hoje de manhã. Ela estava bem mais arrumada, usando uma saia preta e uma blusa vermelha fina. Puta que pariu. Além de doida era uma mentirosa de péssima qualidade, porque na hora que as palavras tinham saído da boca dela eu sabia que a maluca estava mentindo. Sério, ela teria que aprender a mentir para o próprio bem.
Doida, mentirosa e invasora. Ótimas primeiras impressões.
— Pode deixá-las — respondi, vendo a de casaco de pele conseguir abrir as portas sem muitas dificuldades.
— Mas...
— Pode deixar, Kiba. Obrigado, volte ao trabalho.
Kiba pareceu confuso, mas logo saiu, me deixando sozinho.
Abri meu e-mail e encontrei a ficha de informações que Shikamaru tinha me mandado. Claramente a tal da "Maria Torres" estava mentindo pra mim, então eu tinha mandado a numeração da placa do carro dela para o Nara, um amigo que trabalhava com essas coisas de T.I, e em menos de uma hora ele tinha conseguido reunir todas as informações online da motorista que acabara com minha Ferrari. Sim, posso estar parecendo um stalker, mas considere o meu carro destruído e a culpada disso estar mentindo na cara dura, por favor. Eu nem tinha visto o arquivo ainda, com o meu dia corrido ficou difícil.
Sakura Haruno.
Esse era o nome verdadeiro dela.
Sorri comigo mesmo, porque eu ainda não tinha acreditado na cara de pau daquela mulher. Uma foto 3x4 dela foi a primeira coisa que apareceu no arquivo. Sakura tinha cabelo rosa e olhos verdes claros, uma combinação muito peculiar, mas inevitavelmente marcante. Ela também tinha sardas no nariz e uma covinha na bochecha esquerda. Era bonita, mas de uma forma bem única. Estudava Medicina em Harvard e fazia residência no principal hospital de Boston, ou seja, era inteligente pra caralho, apesar de louca. Tinha nascido 28 de março, no interior do Arkansas. Filha de um pequeno empresário local — dono de uma loja de pescaria. Mãe falecida, mas tinha uma madrasta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pretend
RomanceSasuke tinha diversos motivos para me odiar, afinal eu tinha acabado com a traseira do carro chique dele com o meu Fusca, mentido descaradamente e ainda por cima eu havia entrado na sua famigerada boate ilegalmente, mas parecia que ele tinha outras...