Esse cara não batia muito bem das ideias. Jantar? O que era isso? Um filme? Na verdade, minha cabeça nem estava ali comigo. Acho que ainda estava um pouco chapada, porque eu estava me perguntando do porquê de ter um ESCRITÓRIO numa fucking boate. Achei meio conceitual. O escritório era bem simples, com uma mesa escura e uma poltrona da mesma cor. Tinha umas estantes cheias de livros atrás da mesa e dois computadores em cima da mesma.
Encarei Sasuke, esperando que ele gargalhasse e dissesse que estava tirando uma com a minha cara, mas não. Ele não estava brincando. Na realidade, o bonitão parecia que nunca brincava. Além dos sorrisos sardônicos que ele me dera, Sasuke aparentava ser o tipo de pessoa que raramente ria ou fazia piada. Coitado. O que será que faz ele rir? Aposto que é uma coisa bem sem graça, aquelas piadas de tios.
— Jantar? O quê? Por quê? — perguntei, desconfiada e ainda um pouco tonta da minha queda e da maconha.
Minha imaginação foi a mil. Ele está falando de jantar, mas na verdade iria me levar para uma mata fechada e me matar. Sim, isso era bem provável. Fontes? Bom, eu não precisava! Sasuke era um desconhecido, e eu tinha acabado com o carro dele. Um jantar não fazia sentido algum, só se no dicionário dele jantar significasse morte sanguinolenta.
Ele pareceu pensar um pouco, talvez arrependido do pedido? Seus dedos tatuados começaram a batucar na mesa, e me peguei tentando desvendar que ritmo era aquele.
Eu já tinha dito que aquele homem era ridiculamente bonito? Isso me deixava um pouco irritada. Homens bonitos NUNCA prestavam (homem no geral já não prestava, é que os bonitos eram os piores). Sasuke tinha cílios tão longos que eu fiquei com um pouco de inveja — será que era alongamento? — e a boca dele era tão perfeita, não eram aqueles lábios finos de político e nem lábios não naturais cheios de Botox. O nariz era reto e longo, o queixo forte e bonito... ele seria o cruzamento de um anjo com um deus grego se isso fosse possível.
Não gostei disso nele.
— Sim, jantar. Estou precisando de uma acompanhante, e você está me devendo uma, então é bem conveniente, não acha? — ele perguntou retoricamente e incisivo.
Sasuke colocou o queixo na palma de sua mão direita e ficou me encarando, provavelmente esperando por uma resposta minha. O gostosão parecia bem indiferente — com os olhos escuros opacos e a boca retorcida em desinteresse —, mas seus pés balançavam debaixo da mesa, demonstrando que talvez ele estivesse um pouco ansioso. Sim, vejo vídeos de um cara no YouTube que faz análises de linguagem corporal, sou a própria CSI, meus amores.
E o que ele disse fazia sentido, certo? Eu estava muito mais do que "devendo uma" para ele, pelo amor de Deus, e um jantar não era nada demais (considerando que seria realmente um jantar, não o meu assassinato), provavelmente ele não queria pagar uma grana marota por uma acompanhante de luxo — Ino dizia que elas custavam uma fortuna.
— Ok, faz sentido, mas não vou transar com você, Sasuke — declarei, apontando um dedo pra ele sem temer por minha vida pelo visto.
Ele fez uma careta de desgosto como se essa ideia fosse totalmente repugnante. Nossa, que filho da puta. Fiquei levemente ofendida. Talvez eu não fizesse o tipo dele (o tatuado tem cara de quem sai com modelos apenas), mas eu não era tão feia, pelo amor de Deus.
— Não precisa fazer essa cara também, credo. Um "sim, Sakura, transar está fora de questão" já era suficiente.
Babaca.
— É um jantar... de negócios. O anfitrião exigiu que os convidados levassem uma acompanhante. Considere o que temos um acordo de negócios também, Sakura. Eu agrado o homem e você paga sua dívida comigo — disse Sasuke, plácido.
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Pretend
RomanceSasuke tinha diversos motivos para me odiar, afinal eu tinha acabado com a traseira do carro chique dele com o meu Fusca, mentido descaradamente e ainda por cima eu havia entrado na sua famigerada boate ilegalmente, mas parecia que ele tinha outras...