Capítulo 18

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Era só o que me faltava! Ficar presa na escada de incêndio.

A gente tinha acabado de tentar abrir a porta do 3° andar, mas sem sucesso nenhum. Meus pés já tinham começado a me incomodar e o meu cabelo que até então estava perfeito já se transformou em um coque frouxo.

— A gente vai ter que esperar o desfile acabar pra conseguir sair.

O olhar que estava sobre a porta se voltou e fixou em mim.

— Eu não vou ficar aqui todo esse tempo! – Ok, ele está bravo.

— Se a do 4° andar não abrir eu vou arrombar. 

Ele continua olhando para mim, mas aos poucos sua expressão vai se suavizando.

— Até estragar a nossa noite o infeliz consegue e eu só estou piorando a situação, desculpa.

— A culpa não é sua, você só deu uma surtadinha, e se não tivesse sido você teria sido eu a primeira a surtar.

Ele olha para escada e pergunta:

— Pronta?

Eu penso por um minuto.

— Não! – ele me olha confuso – eu não vou subir mais um degrau com esses saltos – a parede seria o mais adequado mas é nele que eu me apoio para não cair enquanto tiro os saltos.

— Agora sim! 

A cada lance que a gente subia esperávamos encontrar uma porta, mas essa porta nunca chegou. As escadas terminaram e a última porta que trombamos foi a do 3° andar.

— Se esse prédio pegasse fogo, todo mundo estava ferrado, quem planejou deve ter comprado o diploma não é possível.

— Me lembre de nunca aceitar convites para cá.

O prédio tem 22 andares, nem preciso ir na academia semana que vem de tanto esforço que eu fiz. Antes de começar a saga para descer as escadas, nós nos sentamos no primeiro degrau, estávamos um de frente para o outro, Vinicius já estava sem seu paletó e com a gravata um pouco frouxa, a camisa social branca só acentuava ainda mais os músculos que ele nem tentava esconder.

Eu também estava sem meu salto a um bom tempo, meus brincos já foram para dentro da minha bolsa e o cabelo continuava com o coque.

— Por mim nós dormiríamos aqui até amanhã sem problema nenhum.

— Já esta desistindo, tão fácil assim?

— Não tem mais nada que a gente possa fazer! A única porta aberta é a que dá para o desfile, por onde não podemos passar, pois corremos o risco do Murilo me ver e se ele me ver tudo já era! Então sim... eu estou desistindo.

— Olha só quem acabou de surtar – ele diz tentando segurar o riso mas falhando completamente.

— Você tá rindo de mim?

— Você também riu de mim, então estamos quites. – Realmente, quando foi ele que surtou eu ri.

— Mas você tem que ser cavalheiro, não pode rir de uma dama.

— Ok, Ok... Não estou rindo mais, olha só minha cara – eu olhei bem pra ele e parecia mesmo que ele estava tentando não rir, mas no final nós dois caímos na risada.

— Eu tenho uma ideia! – ele diz virando o corpo pra mim e se encostando na grade da escada – ninguém me conhece, eu sou totalmente insignificante...

— Você não é insignificante – eu o corto.

— Deixa eu acabar meu raciocínio – eu concordo brevemente com a cabeça – como eu ia dizendo antes de você me interromper, posso passar despercebido por todos e pegar emprestado uma ou duas garrafas de champanhe.

— Ok, eu gosto do seu plano, e por que a gente ainda tá aqui?

— Tem razão!

Ele levanta e fica um degraus abaixo do que eu estava, vou me levantar mas sua mão já esta na minha frente antes que eu perceba. Aceito sua ajuda, mas acho que ele usou força de mais, pois em um momento eu estava sentada no degrau, já no outro estávamos cara a cara.

— Acho que usei força demais – por estarmos perto ele sussurra fazendo com que sua respiração se misture com a minha.

Graças ao degrau, estávamos na mesma altura. Consequentemente boca a boca. Minhas mãos estavam apoiadas no seu peito, enquanto uma de suas mãos descansava em minha lombar e a outra ainda estava segurando a minha.

Um silêncio recaiu sobre nós! Os únicos movimentos perceptíveis era nossa respiração e a caricia que ele fazia na base da minha coluna.

Ele me olha profundamente como se quisesse admirar cada traço do meu rosto e guardar na memória até os pequenos riscos da minha íris. Seu olhar repousa sobre os meus lábios e ali permanecem fazendo com que eu automaticamente olhe para os seus.

Meus lábios estavam entreabertos buscando algum ar extra, pois minha respiração já estava começando a ficar irregular.

O calor que emanava de nós dois era o suficiente para fazer com que meus lábios secassem de 5 em 5 segundos, fazendo com que eu inconscientemente levasse a ponta da minha língua até eles para umedece-los. 

O movimento é a última coisa de que me lembro antes dos seus lábios cobrirem os meus.

Começou lento, como uma simples carícia. Minhas mãos que até então estavam paradas foram para sua nuca despertando algo nele que o fez intensificar o nosso beijo.

Após alguns instantes ele se afasta bruscamente e seus olhos verdes acinzentados que a alguns minutos atrás tinham começado a brilhar agora estavam mais opacos do que eu me lembrava, como se o nosso momento tivesse feito com que ele lembrasse de que algo estava errado. 

Até me olhar parecia doloroso, por isso o mesmo desceu mais dois degraus e fixou seu olhar no chão.

A vontade de perguntar o que houve é grande, mas está parecendo ser uma coisa bem pessoal e não temos intimidade o suficiente para isso.

Pego minhas coisas do chão, junto o seu paletó e o encaro, tentando disfarçar o quanto tinha ficada abalada.

— Acho melhor acharmos um jeito de sair pelo desfile mesmo.

Sem me encarar ele responde:

— Não tem como, ele vai te ver!

— Eu sou baixinha, consigo me esconder atrás das pessoas.

— Ainda assim ele pode te ver.

— Eu não ligo – desço os poucos degraus que nos separam e estendo o paletó para ele que o pega.

Sem olhar pra ele eu continuo descendo, o mesmo só me segue depois que já estou um lance na sua frente.

Todo o percurso foi assim, eu na frente, ele atrás e um silêncio que era quase palpável.

Chego ao segundo andar e enquanto espero por ele vou me arrumando, coloco meus saltos e solto o meu cabelo deixando que ele caia sobre os meus ombros e cobrindo parte do meu rosto.

Quando termino ele já esta ao meu lado todo alinhado. como se nada tivesse acontecido. Ele abre a porta e passa por ela segurando em seguida para eu poder passar.

Olhamos pelo salão e por alguma força divina o Murilo estava de costas tanto pra gente quanto para o elevador, o que facilitou nossa passagem.

Após chegarmos no estacionamento não me dirijo para o carro mas sim para o portão que dava direto para rua.

— Onde você vai?

— Vou de táxi.

— Não precisa, eu te trouxe, eu te levo!

— Ainda acho melhor ir de táxi, até amanhã Lucas.

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Oiii meus leitores! Como vocês estão?

Finalmente trouxe pra vocês o tão esperado primeiro beijo deles, espero que tenham gostado.

Uma boa semana a todos e um beijo na testa 😘

Era Uma Vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora