Capítulo 20

17 0 0
                                    

— Então prova – ele diz me entregando o capacete.

Como sou cabeça dura, tiro o capacete das suas mãos e coloco, na cabeça, tento fechar, mas...

—Ta vendo, não fecha, vou de táxi – digo já tirando da minha cabeça.

— Não fecha porquê você não sabe fechar, vem aqui – ele pega o capacete da minha mão e coloca com cuidado na minha cabeça prendendo a jugular logo em seguida.

— Ta vendo, fecha sim – ele se afasta de mim e vai até o outro capacete, coloca em sua cabeça e sobe na moto – vem!

Eu chego perto cautelosamente.

— Prometo não te deixar cair – dou uma risada bem forçada, ele estende a mão para me ajudar a subir.

Só aceito porquê o medo de cair é realmente grande. Subo atrás dele, mas deixo uma distância bem razoável entre nós, solto sua mão e seguro bem forte na alcinha que tem para segurar.

— Pode segurar em mim se quiser!

— Não, não. Estou bem aqui.

— Ok, você quem sabe. Preparada?

— Não, mas eu não tenho escolha então vamos lá.

Ele sai de onde está estacionado bem devagar, provavelmente para não me assustar. Isso muda quando entramos em uma avenida. Ele acelera me arrancando um gritinho de susto e fazendo eu me agarrar a ele.

Nossos corpos se colam e minhas mão que estavam em volta do seu tronco, agarradas a camiseta podiam sentir perfeitamente os gominhos por baixo.

Para tentar me tranquilizar ele começa a fazer um carinho na minha perna esquerda. Estava funcionando até eu perceber que pra ele estar fazendo carinho, uma de suas mãos esta fora do guidão, dou um tapa em seu abdômen.

— Duas mãos no guidão ou eu mato você.

— Sim senhora – ele diz tirando a mão da minha perna, fazendo com que eu sinta uma falta enorme do seu toque.

O resto do caminho foi tranquilo, ele mantém suas mãos no guidão e eu mantenho as minhas em volta dele.

Chegamos em frente ao prédio e ele me ajuda a descer e a tirar o capacete, subimos juntos até o meu andar pois ele iria visitar sua tia avó. Nos despedimos normalmente e entro no meu apartamento.

_______________*_______________

Paraliso!

Aquilo não podia estar aqui.

Ela não podia ter conseguido entrar aqui.

O cenário era o mesmo que deixei a algumas horas atrás, apenas um livro em cima do aparador da sala mudava isso.

Apesar de ter um bilhete em cima quase tampando a capa, não tinha como eu deixar de saber que livro era aquele.

Passei a minha infância e minha adolescência escutando que aquele livro dava mais orgulho do que eu para minha mãe.

Ela vivia jogando na minha cara que eu não teria o sucesso que ele tem.

Chego mais perto e leio o bilhete:

"Pare de fazer merda, é o meu nome e o sucesso do meu filho que estão em jogo. Eu estou de olho em você"

FILHO? Era assim então que ela passou a chamar esse livro idiota, que fez da minha vida um inferno?

Eu estava fervilhando de raiva, quem ela acha que é pra me fazer ameaças.

Tiro o livro de cima do aparador e jogo ele com toda minha força em direção a porta. Jogando o autocontrole para o espaço eu pego um vaso que tinha do lado e dou pra ele o mesmo fim.

Era Uma Vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora