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Ah, já sei qual é meu problema

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Ah, já sei qual é meu problema. Tem macarrão no meu cabelo.


Renjun solta um assobio baixo.

Eu me sinto entorpecido, como se tivessem arrancado o interior dos meus braços e a única coisa que faz peso em meu corpo agora é esse marcarão com alho demais.

Onde deixei minha voz não encontro minha voz não encontro minha

Yuta bate as mãos.
— Mark eu não sei se você sabe mas a comida vai na boca não no cabelo.

Me levanto rápido, molho pingado no chão, rosas na bochecha nada pra esconder minha vergonha.

Olho pra Haechan.
Ele está me fitando. Quero banhar minha alma no preto insondável de seus olhos.

Ele se inclina até sua mão
alcançar a minha. Se levanta, me guia por corredores com flores demais. Entramos no que eu acho ser o banheiro.

Ele sussurra:
— Como você está? — e eu quero beijar cada belo batimento de seu coração.

— Com macarrão no cabelo.

Ele sorri um sorriso miúdo. Divertido. Seus lábios se contorcem como se ele tentasse não rir. Seus olhos se abrandam conforme estudam os meus.
— Sério? Mal tinha percebido.

Inclino-me para trás encosto na parede, de modo a ver seu rosto.

— Preciso limpar isso.

Ele ri um pouco e recua. Toma minha mão cheia de molho e a examina.
—Você acha?.

Não estou mais respirando.

Ele se afasta e meu coração gela. Ouço o barulho da torneira se abrindo, haechan puxa minha mão, coloca debaixo da água junto da sua. Ele avança devagar e eu estou quase com medo de respirar. Seus dedos roçam minha pele.

— Qual seu nome? — Sua voz rasga o ar e meu fluxo de consciência em um só movimento. Posso sentir sua respiração muito mais perto do que ele estava antes. Meu coração está acelerando e não consigo controlar isso.

Seus olhos esquadrinham a silhueta de minha estrutura e esse vagaroso movimento faz meu coração disparar. Apanho as pétalas de rosa conforme me caem do rosto, flutuam em volta da moldura de meu corpo e me revestem em algo cuja sensação remete à ausência de coragem.
Pare de olhar para mim, é o que quero dizer.
Pare de me tocar com seus olhos, mantenha suas mãos afastadas e por favor e por favor e por favor...

Só me beije.

Me afasto, macarrão caindo no chão. 

Pinga pinga pinga.

Volto meus joelhos traidores para a porta, lhe ofereço um obrigado rápido. Tento recolher as pétalas que despencam do meu rosto, exijo que meus girassóis não floresçam mais.

—Qual é meu poblema? Sussuro baixinho.

Trombo em algo grande e sólido. Lucas parece um bloco de força, 1,80 de altura. Ele sussurra:
— Cara acho que tem macarrão no seu cabelo.


Minha mãe gosta de dizer:
"As coisa são como são".

E são uma merda.

Essa minha bela e trágica história de amor que não é  bela, e trágica apenas na unilateralidade. Na verdade, é simplesmente a história de como uma pessoa vive tranquilamente, até que, certa manhã, sem intenção nenhuma, ela olha pro lado e descobre tem um desejo súbito e intenso de colocar a lingua na boca do outro.

E de fazer qualquer um reter lágrimas.

Observo Haechan comer, pegando cuidadosamente pedaços de cenoura e batata no prato. Era difícil acreditar que poucas horas antes os mesmos dedos delicados derrubaram Jaehyun na quadra de basquete.

Renjun se inclinou na minha direção.
— Não há vergonha em sentir atração, Mark.

Eu engasguei com um pedaço de carne.
— O quê? Não, eu não estava…

— Encarando? — Renjun sorriu.

— Você está de onda comigo — respondi.

Renjun está me olhando como se eu tivesse acabado de pedir para ele dar um soco na própria cara.

— Eu preciso saber o que está acontecendo.

Viro-me para ele, desesperado, sentindo-me idiota.

— Você sabe, não sabe? Você sabe o que está errado...

— Claro que sei.
Ele franze as sobrancelhas, cruza os braços. Direciona o olhar para mim— Eu conheço você, pobre infeliz.

— E?...

— Sim, ahn, mas sabe o que vou fazer? Vou ajudá-lo a dar o fora deste lugar onde todos estão ouvindo tudo o que falamos.—Essa última parte ele diz mais alto, olhando ao redor, balançando a cabeça.— Voltem aos seus lances, pessoal. Não há nada para ver aqui.

É apenas nesse momento que percebo que falo alto demais. Todos os olhos estão piscando para mim, julgando julgando julgando, imaginando que diabos está acontecendo.

Renjun me empurra para um dos muitos corredores longos.
— Diga-me o que está acontecendo.

— O quão ferrado você tá?

— Tá muito na cara?

— Você  pedir conselho pro Jaemin, isso é praticamente um pedido de socorro.

— Eu só quero... saber oque fazer.

Renjun passa uma das mãos pelos olhos; bufa, irritado.

Examina meu rosto antes de respirar fundo. Lança-me um olhar. Diz:
— Certo, bem, você já viu um acidente de perto?

Não espera que eu responda.
— Tem um monte de merda pegando fogo e todo mundo gritando, tipo, que diabos acabou de acontecer, e você sabe que as pessoas ou estão mortas ou estão prestes a morrer e você não quer mesmo olhar, mas não consegue parar de olhar, sabe?— Ele acena com a cabeça. Morde a parte interna da bochecha.— É parecido com isso. Você tá parecendo maldito acidente.

Não consigo sentir minhas pernas.

—  Você tem que parar com essa merda toda cara, você lida com o pior das pessoas todo os dias. Mas, ai derrepente, você sente vontade de enfiar sua boca na de outra pessoa e explode.

Renjun se afasta e bate no meu ombro ao ir embora.

— Você só está apaixonado.

É tudo que o escuto dizer antes de ele sumir.

Só.

Puta merda, é o que eu diria a ele se eu tivesse a menor ideia de como falar.

Puta merda, é o que eu diria a ele se eu tivesse a menor ideia de como falar

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𝗧𝗼𝗱𝗮𝘀 𝗔𝘀 𝗙𝗹𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗗𝗼 𝗠𝘂𝗻𝗱𝗼| markhyuck ❁Onde histórias criam vida. Descubra agora