Minha válvula de Escape

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Josh Beuachamp
 
- Vamos garoto, não tenho o dia todo. 

O segurança disse, quando estava terminando de pegar minhas coisas na sala do silêncio. O encarei mortalmente, querendo ter uma faca em mãos para poder calá-lo, pois o mesmo não me deixava em paz. Balancei a cabeça tentando dispersar esses pensamentos, mas a ideia de poder ver sangue em minhas mãos parecia ser a melhor opção para me acalmar. Essa necessidade aumentou de intensidade.

Ao conferir tudo o que era possível, o guarda novamente olhou minha mochila e vendo que não tinha nada fora do comum, me deixou passar junto com dois outros seguranças que me prendiam pelo braço. Eles são imbecis se acham que eu vou fazer alguma coisa... Aqui.

Quando consegui me livrar deles, respirei fundo vendo as pessoas me olharem estranho do lado de fora do manicômio. Sim, eu tinha acabado de sair. Estou um pouco cansado, mas o desejo de ver sangue ainda me atormentava. Para não fazer besteira e voltar para aquele lugar, tive que respirar fundo e pensar seriamente no que faria. Foi assim que me lembrei que deveria passar na casa de meus pais. Suspirei, confirmando que ainda tinha uma faca em meu calcanhar e que eu poderia usá-la, não com eles, mas caso houvesse necessidade.

Saí do meio da rua e fui em direção à minha antiga casa. Tenho que me entender com os dois assim que entrasse naquele lugar.

                               (...)

Enquanto olhava as pessoas ao meu redor com seus filhos, podia me lembrar da última imagem que vi da Heyoon. Ela estava de costas para mim, tentando achar a chave do carro e eu consegui perceber o quanto ela ficou incomodada. Naquele mesmo dia havia decidido ficar olhando pela janela depois de receber a notícia de que finalmente sairia do manicômio. Essa foi a única coisa boa que aconteceu depois que disse tudo aquilo para ela e enfim deixei-a ir embora. Enquanto olhava a janela, não deixei de perceber o seu carro estacionado no mesmo lugar que ela tinha o estacionado na primeira vez que percebi o quanto as coisas estavam complicando. Lá estava ela, impecavelmente linda e com seu jeito meigo, como eu me lembrava, porém com um ar de mais madura. Eu havia ficado surpreso por vê-la novamente por perto, mas ela não olhou para mim, o que de certa forma me confortou em saber que Heyoon estava melhor sem mim.

Despertei de meus pensamentos ao ver que estava de frente para minha casa. Respirei fundo e toquei a campainha.

A imagem de minha mãe apareceu diante de mim e eu simplesmente não consegui expressar nenhuma reação, não depois de me lembrar a última vez que nos vimos quando eu tentei matá-la há sete anos.

- Josh, meu filho que saudade. - Fui surpreendido, ao sentir os braços de minha mãe ao meu redor, me abraçando forte. Ela claramente estava com saudades.

- Oi... Úrsula. - Disse sem ter mais o que dizer.

- Você ainda está desacostumado em me chamar de mãe não é? - Perguntou, sorrindo emocionada.

- Me desculpe. - A abracei forte, tentando soar convincente e logo vi Ron nos encarando.

Soltei-me dela e o encarei.

- Olá, filho. - Ele disse se aproximando de mim e me abraçando. - Que bom que está de volta. - Sussurrou culpado.

Nada disse também me soltando dele.
De repente senti um cheiro familiar. Um perfume.

-Heyoon esteve aqui. - Minha mãe confessou, olhando apreensiva. A encarei, surpreso e a mesma suspirou. - Ela pareceu bem chateada quando nos visitou. Porque vocês se afastaram Josh? Os dois estavam tão bem. - Ela perguntou.

- O que aconteceu ou deixou de acontecer não interessa mais. - Encarei os dois com um semblante sério. - Acabou. Mas, eu ainda quero saber do porque da visita dela. - Confessei, cruzando  os braços.

𝐏𝒔𝒊𝒒𝒖𝒊𝒂𝒕𝒓𝒂 𝒅𝒆 𝒖𝒎 𝔸𝒔𝒔𝒂𝒔𝒔𝒊𝒏𝒐  [Concluída✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora