𝐏𝒔𝒊𝒒𝒖𝒊𝒂𝒕𝒓𝒂 𝒅𝒆 𝒖𝒎 𝔸𝒔𝒔𝒂𝒔𝒔𝒊𝒏𝒐 [Concluída✓]

Uma vida normal

Ursula Beuachamp

- Ron, isso que você está me dizendo é verdade? - Perguntei aflita.

- Sim, Úrsula. Infelizmente Robert sumiu. Tenho que avisar imediatamente a Heyoon. - Pegou seu celular e discou o número de Any, saindo rapidamente da sala enquanto eu mexia inquietamente em meus cabelos. Tudo o que está acontecendo é por minha causa. Tudo por causa de um mísero deslize meu. Como pude ser tão burra?

Lembro-me que há trinta anos, conheci Ron quando completei 17 anos. Eu realmente era uma garota sonhadora e desejava ser feliz com o marido que tivesse. Assim que o vi pela primeira vez, soube que era com ele que queria ficar para sempre. No entanto depois de meses de namoro, quando ainda estávamos nos conhecendo, fui à casa dos avôs de Ron e o mesmo me apresentou eles e inclusive a Robert, seu irmão mais velho. No princípio, meu infelizmente cunhado parecia um garoto normal que desejava muito ser engenheiro. Era engraçado e companheiro, sempre apoiava Ron em todas as suas decisões e foi um dos primeiros a nos parabenizar no momento em que Ron me pediu em casamento e eu aceitei. Porém com o passar do tempo eu via uma mudança de humor de Robert. Sempre que estávamos sozinhos ele tentava se aproximar e até pegava em minha cintura dizendo que gostava de quando eu estava muito perto dele. Desabafei com Priscila, minha melhor amiga, e a mesma me aconselhou que eu contasse tudo a Ron, mas eu não queria estragar o clima entre irmãos e nosso momento como noivos. Só que as consequências logo vieram quando Robert me agarrou e o fez beijá-lo. Eu cedi, achando que com isso ele desistiria de mim de vez, porém foi ao contrário. Ele ficou obcecado por mim. Toda a vez que estávamos a sós, ele arranjava um jeito de chegar ao limite comigo. Então decidi filmar e mostrar o que ele fazia quando estávamos sozinhos. Quando o Ron descobriu, quis colocá-lo na cadeia por ter abusado de mim, porém os pais deles não quiseram envolver a polícia e disseram que nós devíamos nos resolver. O problema é que a saúde mental de Robert foi piorando e então, depois que eu e Ron nos casamos, resolvemos nos mudar para que não houvesse mais problemas com ele.

Fui interrompida de meus pensamentos com o barulho da porta se abrindo e logo em seguida fechando. Era Josh, ele parecia estar de bom humor.

 - Oi filho, tudo bem? Onde estava?

- Eu estava cuidando da Heyoon. Não voltei para casa ontem, pois dormi na casa dela. - Disse simples, não me olhando porque sabia de minha reação.

- Vocês dormiram juntos? - Aprofundei o assunto, querendo saber mais. Vi de canto de olho, Ron nos olhar e logo voltar para onde estava. Deve estar falando com Heyoon.

- Sim. - Disse encarando-me desconfiado. - Úrsula eu vou para meu quarto agora, se não se importa. - Virou as costas para mim, mas logo deu meia volta. - Onde está Ron? - Suspirei por ver que Josh não consegue dizer mãe e pai. Deve ainda estar muito magoado por achar que fomos culpados do que aconteceu com ele e Heyoon.

- Está em nosso quarto. - Assentiu dessa vez indo de vez deixando-me sozinha. Era sempre assim. Josh não me deixa aproximar dele. Desde que deu um surto e tentou me esfaquear, ele não é o mesmo comigo. Espero muito que, se Ron resolver o problema de seu irmão, e continuarmos com o plano, nós finalmente possamos ter uma vida normal. Sempre digo a mim mesma que a culpa não foi minha por estarmos passando por isso, mas se eu não tivesse me deixado levar pelas provocações de Robert, talvez ele desistisse e não nos faria ficarmos tão preocupados. Ele nunca teria prejudicado Heyoon, não teria feito Josh passar por aquilo.

 Graças a mim, estamos vivenciando todo dia o inferno.

- Pronto. - Despertei ao escutar a voz de Ron e logo direcionei meu olhar para ele que estava parado em minha frente.

Pôs as duas mãos em meu rosto, acariciando o lugar.

-Heyoon me convenceu de que pode ir atrás de Robert. - Comentou fazendo-me tirar suas mãos de meu rosto e tropeçar para trás, afastando-me.