No Além-do-mundo [Sam Cortland]

No Além-do-mundo

  No Além-do-mundo, Sam Cortland tinha visto sua garota ser mandada a Endovier, virar a campeã do rei, se apaixonar pelo capitão da guarda real, ter o seu coração quebrado novamente após a morte daquela princesa, ver quando viajou pelos mares e conheceu o príncipe de cabelos prateados. E quando o príncipe se juntou a jornada de Celaena... Não... Não era mais a sua Celaena, ela era Aelin... Não era mais sua... Aquela mulher, aquela fêmea, ficou ao lado dele assistindo tudo que ambos passaram juntos. A parceira de mentira do príncipe Rowan, ela estava tão quebrada quanto Sam. Ele e Lyria eram parecidos, felizes por seus amores estarem respirando e podendo viver felizes depois daquela guerra... Mas não podiam deixar de desejar que fossem eles ali ao lado de seus amados, os ajudando a enfrentar tudo, e depois que toda aquela situação acabasse, tendo uma família grande e bonita.

  Aelin e Rowan já estavam esperando a quinta criança, e o fato de Rowan ter tido a iniciativa de nomear o primeiro filho homem como Sam... Isso foi motivo suficiente para ele enterrar toda a inveja que sentia do príncipe com todo amor romântico que sentia por Aelin. Se algum dia os dois chegassem ao além-do-mundo, Sam receberia ambos como velhos amigos... Bons amigos... E nada mais. Até mesmo avisaria a Rowan que Rhoe queria matar novamente todos os namorados que a filha tivera, digamos que o antigo rei ainda enxergava sua filha como a garotinha de oito anos que amava personagens de livros. Aedion também levaria uns bons cascudos por não ter a deixado longe de rapazes.

  A única coisa que preocupava Sam era Lyria, ela sim não parecia lidar bem com Rowan estando ao lado de Aelin. Ele já tinha deixado o amor de lado e substituído pela amizade, mas ela... Talvez para Lyria fosse mais difícil, seu filho não teve a chance de nascer e Aelin já estava esperando o quinto filho de Rowan. E a iniciativa da rainha de nomear a segunda filha com o nome dela não foi algo que amoleceu o coração da fêmea, na verdade, ela até mesmo debochou bastante no dia em que a menininha nasceu. Evalin quase bateu em Lyria pelo deboche da homenagem de Aelin, mas Gavriel apaziguou as coisas enquanto Sam consolava Nehemia e dizia que logo logo ela deveria ser homenageada. Nesse dia, Sam não ficou para comemorar com os outros o nascimento da nova criança, passou o tempo todo longe deles conversando com a fêmea e tentando fazê-la rir para esquecer a amargura que a família de Rowan a trazia. Apesar de toda a hostilidade em relação ao seu antigo amor, ele não a achava alguém ruim, ela só estava quebrada assim como ele estivera antes de aceitar que sua amada deveria seguir em frente... Sam iria cuidar de Lyria assim como Rowan estava cuidando de Aelin, e talvez, com o tempo, pudesse fazê-la sorrir e rir verdadeiramente de novo. A ajudaria a reconstruir o coração quebrado, mesmo que ele tivesse que dar o seu a ela. Talvez começasse a leva-la junto quando reunia os antigos reis de Terrasen, Gavriel, As Treze e Nehemia para procurarem alguma diversão. Fazer amizade com eles poderia deixá-la- feliz... Se bem que ele não tinha certeza se seria uma boa idéia, ela poderia muito bem começar alguma briga com Evalin ou As Treze se fizesse algum comentário ácido. E ele tinha absoluta certeza que nem metade das almas no Além-do-mundo seriam capazes de segura-las se começasse uma briga.

  Mas ele olhou para Lyria que estava com a cabeça encostada em seu ombro observando mais um dia-a-dia dos novos reis de Terrasen, reparou naqueles olhos castanhos-escuros levemente escondidos pelo longo cabelo castanho solto e deu um sorriso.

- Tire esse sorrisinho da cara antes que eu o arranque - ela nem mesmo virou o rosto para olha-lo.

- Eu estava apenas cogitando se vale a pena - arriscar um encontro aqui no além que poderia começar uma guerra, apenas para ver você se divertir.

- E vale? - ela ergueu o rosto e o olhou, tentando compreender o contexto daquela frase através da expressão dele, e quando não conseguiu, apenas o observou com curiosidade e cautela.

- Eu acho que vale - se for para você tentar interagir com outras pessoas, tentar se alegrar com elas e sorrir ao menos um pouco... Todo o risco iria valer a pena.