O Estopim

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MileneReis486

-- Você tá ficando maluco! - Desdenhou a garota.

-- Não Sam, eu não fiquei louco. Marcamos isso e você não vai dar pra trás agora, não é?!

-- Tudo bem! Mas já vou avisando; entrar no Castelo não vai ser fácil.

Edwin assentiu. Sabia que se fosse pego se tornaria prisioneiro de batalha, sofreria tortura e muito mais. Mas invadir aquele local era uma singela forma de mostrar que ele não tinha medo, e que Fratter não iria entregar a Flor tão fácil assim. Repassou o plano mais uma vez para que não houvesse dúvidas. Os três marcaram de se encontrar na Floresta Densa.

Edwin voltou para o Castelo, no caminho evitava os súditos de Fratter. Quanto menos pessoa falasse com ele, menos chance de se auto-sabotar ele tinha. Discrição e mentira eram alguns dos dons que o príncipe tinha, porém raramente usava. Subiu a torre e entrou no seu quarto. Ao cair da noite o Castelo fechava as portas, entretanto era o horário mais fácil de sair sem causar estranheza e sem precisar responde perguntas desconfiadas ou dar satisfação de seu futuro paradeiro.

Já era umas sete horas da noite, a lua já brilhava, agora ele tinha 40 minutos pra encontrar seus subordinados na Floresta. Abriu a escotilha de seu quarto e foi direto pro topo da torre. A quarta torre era onde seus aposentos ficava, isso queria dizer que era atrás do Castelo, com visão para Fratterville. Pôs-se de pé e analisou o reino, precisava de alguma forma não chamar a atenção de nenhum guarda noturno. A torre tinha uns 15 metros de altura, então pular era uma loucura, isso não queria dizer que ele não faria.

Foi pra ponta do telhado e deixou que a gravidade levasse-o para baixo. Bem próximo ao chão Edwin congelou as próprias pernas, para que obtivesse um pouso seco, produziu um ruído meio alto, mas ele estava no chão e seguro. Ajeitou a jaqueta de couro preta e deu a volta no Castelo.

Era só questão de tempo. Precisava se esconder dos guardas então tratou de chegar na Floresta rápido.

Henry estava inquieto e com a mão no punho da espada, que estava na bainha e presa à cintura, usava jeans preto e botas de couro.

Sam, loura de cabelos curtos, analisava suas adagas com um olhar perdido.

-- A donzela estava se maquiado? - Questionou a garota.

-- Samantha não enche! Quer ir pra guilhotina? - Desdenhou Ewdin.

-- Vamos logo! Já perdemos tempo demais - Falou Henry.

-- Vamos, não esquece do batom mocinha - Disse Sam se virando, Edwin fez careta.

Partiram Floresta adentro. Os três sempre tiveram uma amizade concreta. Desde a época das primeiras aulas de esgrima. Eram jovens mas já estavam nas Forças De Segurança, possuíam habilidades inquestionáveis.

A Floresta os levaria as portas de Merken, porém eram quase seis quilômetros de distância. Isso levaria mais de uma hora de viagem.

A Floresta não tinha animais muito perigoso. Alguns insetos e aves. Então era muito silenciosa, porém escura, por causa das copas das árvores altas e com folhagens espessas, a luz não penetrava muito bem.

-- Sabe que se formos pegos hoje, as chances da guerra explodir amanhã são maiores? - Comentou Sam.

-- E? Está prestes a acontecer mesmo - Continuou Henry.

-- Eu ficaria triste por não poder assassinar nenhum elfo - Disse a garota.

Edwin continuava calado. Não iria de forma alguma ser capturado.

Após o que pareceram anos, avistaram as luzes do reino. Ouviram as vozes. Diferente de Fratter, Merken não dormia. Tinha festa quase sempre e os elfos sempre estavam presentes. Estavam no fim da Floresta, então pararam.

-- Bom, não contávamos com esse tanto de gente no vilarejo dançando e cantando - Henry apontou o pessoal que bebia e ria à uma boa distância deles.

-- Alguém tem alguma técnica de disfarce? Edwin, pode transformar a gente em neve?

-- Eu nem vou te responder porque sei que isso foi uma piada - Disse Edwin e adiantou-se fazendo sinal pra eles esperarem.

Edwin esgueirou-se devagar pelo povo, o vilarejo era pequeno, então ninguém percebeu, tinha muita gente ao redor. Quando teve dimensão de que estava no meio, respirou fundo e bateu o pé direito no chão. As pessoas todas ao seu redor congelaram em uma fina camada de gelo. Ele acenou pros dois e saíram correndo pra próximo do Castelo.

-- Quanto tempo eles vão fixar congelados?

-- Tempo suficiente pra chegarmos mais próximo do Castelo Samantha.

Correram como loucos até se depararem com o Castelo. Estavam longe do vilarejo. Mas não podiam chegar mais perto por causa dos guardas que estavam à postos nas torres e nos portões centrais.

Estavam arfando como peixes fora d'água. O plano era entrar pelas torres. O encantamento estava em um livro, o caminho mais rápido pra biblioteca era a torre do meio, atrás do Castelo.

Teriam que criar uma distração muito boa, para que os guardas terrestre não os vissem em ação. Samantha tomou as rédeas e foi em direção a parede da direita do Castelo, onde havia dois guardas rondando.

-- O que ela está fazendo? Meu Deus ela tá fazendo tudo errado - Reclamou Henry. Edwin que conhecia muito bem a amiga sorriu de lado.

Samantha voltou, dizendo que estava pronto para agirem.

-- O que você fez pra que deixassem a gente passar? - Questionou Henry.

-- Disse que vim entregar a Flor Gelada.

-- Oi? Você é maluca?

Edwin aprontou-se. Entendeu o que a amiga queria dizer. Movimentou as duas mãos em círculos e logo tinha uma réplica em gelo da Flor Gelada dentro de uma redoma.

-- Aqui está senhorita, seu molotov de gelo - Edwin piscou pra amiga, ela agarrou a redoma, sorriu e saiu andando.

Henry encarou o amigo.

-- Molotov de gelo? Porque eu não sabia disso? - Edwin deu de ombros. Samantha era mais engenhosa que podia imaginar.

-- Usei contra ela em treinamento.

Henry fez uma careta. Um facho de luz tomou conta do lugar. Os guardas estavam congelados em definitivo, e em minutos estavam nos fundos do Castelo. Agora, bastava alcançar o topo da torre, e dar um jeito nos guardas de cima.

Edwin criou degraus de gelo para que subissem como se fosse escada de marinheiro, todos eles presos na parede da torre. Tinha em média dois guardas por torre, então cada um teria que subir em uma torre e combater no mínimo três guardas, para que saindo das extremidades, que eram a torre na esquerda e na direita, encontrassem com Edwin na do meio. E assim foi.

Henry quando puxava a espada era um absurdo. Bastava segundos pra cortar o peito do inimigo e guardar a espada novamente. Sam usando sua arte marcial letal, atirava as asas e esfaqueava como se estivesse cortando pão no café da manhã.

Edwin gostava de humilhar qualquer inimigo. Estava lutando contra dois guardas, mas a um bom tempo só se esquivava e mantenha-se intacto. Desarmou os dois. Um deles agarrou se pescoço e o outro tentou soca-lo. Chutou-o torre abaixo. O sobrevivente tentava esganar o garoto a todo custo, que criou uma estaca de gelo e cravou na perna esquerda dele, o homem soltou Edwin na hora e agachou segurando a estaca fincada. Edwin deu o famoso Soco Sangrento no rosto dele. O soco em que ele envolvia a punho de puro gelo inquebrável.

Enfim os três se encontraram frente a janela da torre do meio, onde Edwin estava. Respiraram fundo.

Tinham em mente que se entrassem, talvez não saíssem.

Estavam intactos, ainda. Por quanto tempo?


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Quero agradecer à NadineOpalley_ pela maravilhosa capa, é desejar muito sucesso a ela 😊

O Trono de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora