Com o passar da noite os acontecimentos noticiáveis foram diminuindo. Procurei por Leonard na esperança de encontrar o conforto de conversar com um mortal como eu, mas ele ainda estava muito ocupado tentando manter as coisas em ordem.
Perambulei um pouco pelos extremos do salão principal tentando manter a discrição. Tomei coragem e peguei um champanhe da bandeja de um garçom que passava e procurei por algum lugar mais calmo e longe de tudo.
Andei pelas galerias do museu que estavam abertas ao público até encontrar um lugar para sentar em meio às obras de arte e parei ali para respirar um pouco. Estava perdida em meus pensamentos e demasiadamente encantada com a grandiosidade do lugar que não me dei conta quando alguém sentou na outra extremidade do banco. Quando virei a cabeça para ver quem era, senti meu coração dar uma leve palpitada. Leve não, bem forte na verdade.
Eu imediatamente voltei minha cabeça para frente e tomei um gole do champanhe. De todos os convidados do evento, logo ele estava ali. Quais as chances?
- Espero que minha presença não a incomode - ele disse.
- De maneira alguma - consegui responder sem deixar que um riso de nervoso escapasse pela minha boca.
Houve silêncio pelo o que eu julguei ser uns 30 segundos até que ele novamente voltou a falar.
- Meu nome é Tom - ele estendeu a mão em minha direção para que eu a apertasse.
- Eu sei. Sou Ophelia, - engoli seco - uhm, Lia Brown. Eu já o entrevistei, na verdade.
- Sério? Em qual situação?
- Foi durante a divulgação de Loki. Apenas nos falamos pelo Zoom.
- Ah sim, tempos estranhos aqueles.
Houve mais silêncio. Dessa vez eu fiz o esforço de elaborar uma frase para continuar a conversa.
- Se não se importar com a pergunta, mas o que faz aqui? Quero dizer, longe da festa.
- Só estou um pouco cansado. Não sou mais tão jovem como você - ele sorriu - E você, o que faz aqui?
- Já tenho material o suficiente para meu artigo e sinceramente, não conheço ninguém aqui e nem sou boa dançando, então...
Tom riu por um momento e então levantou-se. Se aproximou de mim e estendeu a mão novamente, só que dessa vez, era um convite para que eu também me levantasse.
- Não posso ouvir alguém dizer que não sabe dançar e não sentir a obrigação de ensinar ao menos o básico.
- Não vai rolar - balancei a cabeça em negação - Eu sou uma jornalista. Sei o que vai acontecer se você aparecer na pista do MET Gala dançando com uma estranha.
- Então dançamos aqui mesmo.
A mão dele continuava estendida. Sabia que seria uma idiota se não a pegasse e aproveitasse aquele momento com o homem que já havia sido uma de minhas paixões platônicas. Eu nunca em um milhão de anos teria uma oportunidade daquela novamente. Parecia que a cena de uma das minhas novelas imaginárias havia se tornado realidade.
- Vou logo avisando que minhas técnicas se resumem em dois passos para direita e um para esquerda - segurei sua mão e finalmente me levantei.
- Anotado - ele falou enquanto colocava uma mão em minha cintura.
Começamos a dançar com pequenos passos, de forma suave, ao ritmo de uma melodia imaginária. Eu conseguia sentir seu perfume, a textura de veludo de seu terno preto e o calor que emanava de seu corpo. Tinha a certeza que meu coração iria sair pela minha boca a qualquer momento.
- Você não é tão ruim assim - sua voz estava em um tom mais baixo que o anterior.
- Espere até eu quebrar algum dedo do seu pé - por algum motivo, também falei mais baixo.
- Bem, a última mulher com quem eu dancei aqui quebrou meu coração. Então acho que ainda estou no lucro.
Senti um arrepio percorrer meu corpo. Parecia que se eu fechasse os olhos iria descobrir que estava em um sonho. Não poderia haver outra explicação para o que estava acontecendo comigo. Deus realmente havia decidido que aquele seria um bom dia para mim.
- Espero que isso não esteja te causando um dejavú...
- Ah, não - ele riu - apenas uma nova boa memória.
Nós ficamos em silêncio por mais um tempo e então, em um movimento que quase foi um espasmo, parei de dançar.
Tom me encarou com um semblante confuso, mas não falou nada. Eu queria ir embora e preservar aquele momento antes que eu falasse ou fizesse algo vergonhoso.
- Foi muito legal te conhecer - disse enquanto pegava meu bloco de notas e câmera que havia deixado no banco - e obrigada pelas dicas de dança.
- Sem problemas...Talvez nos vemos novamente? - ele perguntou quando eu já andava na direção oposta.
- Duvido um pouco - foi a única coisa que consegui pensar naquele instante.
Já me sentindo um pouco idiota, deixei o Metropolitan Museum em uma velocidade que nem sabia que era capaz.
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OPHELIA | Tom Hiddleston
RomanceApesar de sua vasta experiência com filmes românticos, nada poderia preparar Lia Brown para as consequências de se apaixonar por alguém de um mundo completamente diferente do seu. E por mais que tentasse, Tom Hiddleston nunca seria capaz de ter um...