𝑴𝑶𝑶𝑵 | Ricky x Nini

• 018 - Se não der certo desta vez eu desisto •

Nini

Desço as escadas a procura de Kourtney, mas só encontro minhas mães assistindo um filme juntas enquanto minha avó fazia a janta. Vou em direção a minha avó para perguntar sobre Kourtney e ela me olha com um sorriso sem mostrar os dentes quando vê que eu me sento na bancada.

— A Kourtney já foi? — eu pergunto.

— Ela foi comprar ou pegar alguma coisa. Mas ela disse que já volta. — diz minha vó, que logo depois prova um pouco da comida.

— Está com uma cara boa. Não precisa nem provar.

— Obrigado minha querida.

— Voltei. — Kourtney diz entrando na cozinha. — Ah Nini, você finalmente terminou de fazer sua redação!

— Redação?

— Ué, você não fez? Enfim, vem comigo.

Antes que pudesse falar algo Kourtney me puxa até o andar de cima e nos tranca no meu quarto.

— Okay, redação? Não tinha nenhuma desculpa melhor?

— Não. — ela diz e se senta em minha cama. — Eu arrumei um novo jeito de você e o Ricky se encontrarem.

— Não. Não Kourtney.

— Sim. Sim Nini! Não tem nada que possa atrapalhar vocês dessa vez.

— Tem um bilhão de coisas que podem atrapalhar a gente dessa vez. Eu e o Ricky estamos indo muito bem sem se ver.

— Mas vocês não vão conseguir ficar assim por muito tempo. Nini, vocês estudam no mesmo colégio. Se não se conhecerem por mim, vocês vão acabar se esbarrando no corredor qualquer dia desses.

— Tá. Mas qual é o plano desta vez? — pergunto e me sento do lado dela.

— Um cinema talvez? — ela diz tirando quatro ingressos do bolço.

— Kourtney! Você já comprou!? Você nem sabe se ele vai aceitar!

— É claro que ele vai aceitar, ele é doido por você.

— Correção. Ele é louco pela Rose. Não pela Nina.

— Vocês são a mesma pessoa, Neen! Não tem por que ficar preocupada.

— Kourtney, por favor. Você sabe que não é bem assim. O Ricky só conhece um lado meu. O lado apoiador e extrovertido. Ele não sabe sobre minhas mães, ele não sabe sobre os meus problemas, ele não sabe que eu tive um "amor de verão" nas férias de inverno. E que até hoje penso nele.

— Nini. Eu estou te pedindo ok? Não é Ricky, e também não é o outro Ricky. Sou eu, Kourtney, a sua melhor amiga. Eu sei como você se sente insegura, com medo de não ser suficiente. Mas Nini, você é a pessoa mais incrível que eu conheço. Agora você vai pegar esses tickets. — ela diz me entregando os dois ingressos. — E vai botar toda essa insegurança pra correr! Deixe a Nini 2.0 aparecer para nós.

— Okay Kourtney, definitivamente você sabe como me animar.

— Eu sei que eu sou incrível, não precisa dizer.

Ricky

Estava na quadra do apartamento treinando alguns arremessos na cesta, e enquanto isso Íris andava de patinete dentro dá quadra. Minha mãe me deixou como babá dela pelo resto do dia. Ela disse que "ela e o Todd precisam de um dia de princesa", como se eu não soubesse o que esse "dia de princesa" significa. Deveria se chamar de "dia de procriação".

— Ricky! — a garota me chama e vejo que ela estava no chão. Eu definitivamente nem sirvo para cuidar de uma criança.

Corro até a sua direção e vejo que tinha ralado o joelho. Não estava saindo muito sangue, mas sim, estava sangrando, o que é aparentemente desesperador para uma criança de 7 anos. Tiro o patinete de perto dela e a ponho em meu colo.

— Mas e a Rainbow?

Rainbow era o nome que ela deu para o patinete. Sim. Ela deu um nome pra bosta do patinete. Só por que ele é cheio de fitas coloridas.

— Eu vou te deixar lá em cima e pegar, ok?

— Ok.

Vou andando com ela até a entrada do elevador, onde o segurança vê que ela estava machucada e se disponibiliza a deixar a minha bola e o patinete dela na porta de meu apartamento. Subimos os três primeiros andares do prédio e entro em minha casa. Pelo menos minha mãe teria saído pra procriar em outro lugar.

— Senta ai que eu vou pegar um pano com água, ok? — eu digo e ela se senta no sofá.

Pego uma toalha de mão branca em meu banheiro e ligo a torneira sobre ela. Espero ela ficar bem encharcada, depois a torço para ficar no ponto ideal. Pego uma gaze e um algodão. Sim, eu irei enfaixar o joelho da criança. As vezes era mais fácil tacar um merthiolatia na perna dela que tudo iria se resolver. Talvez eu faça isso quando cansar de passar aquela facha na perna ela.

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