Prólogo- parte 2

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12/06/2019- Flashback

Kiara

Assim como combinado, juntei algumas roupas e desci até o jardim, evitando fazer qualquer tipo de barulho para que meus pais não acordassem. Não demorou muito para eu ouvir o som da kombi de John B se aproximando;provavelmente Maybank a teria pego emprestado. Assim que ele encostou, entrei sem dizer uma palavra. Ficamos assim durante a maior parte do tempo. Uma das coisas que mais me encantava sobre mim e JJ era que, na maioria das vezes o nosso silêncio era capaz de  explicar o que mil e uma linhas não conseguiriam descrever. E nos entendíamos mesmo sem falar nada. Quando cheguei à sua casa, ele disse para eu ficar no quarto enquanto ele preparava um chocolate quente. Chovia muito forte naquele dia e eu olhava as gotículas de água caírem lentamente no vitrô do menino, imaginando um mundo em que eu estaria distante.  Fui interrompida de meus pensamentos com seu toque delicado em meu braço, estendendo a caneca.

—Conseguiu respirar um pouco? Quer dividir?- pergunta e eu dou um semi- sorriso. Ele sabia que não precisava ser invasivo e que se eu não estivesse desconfortável era só não falar. Mas eu queria. Com ele eu nunca me sentia desconfortável. Respirei fundo e contei tudo, desde quando cheguei em casa. Quando terminei, entre soluços, ele me abraçou. Tão forte que parecia que todos os meus pedaços estilhaçados iam aos poucos se consertando com o seu toque. As coisas se clareavam; o nó na garganta ia aos poucos se desfazendo, assim como o desespero do choro. Meu coração voltava a regular as batidas.

—Vamos dar um jeito, Kie.

—Não há nada que eu possa fazer. Eles já decidiram.

—Eu juro por Deus, o Rafe é um homem morto.

—Não, ele não é. Olha para mim- digo colocando as mãos em sua bochecha, fazendo com que seu olhar encontrasse o meu- Não perca sua razão. Nós dois sabemos quem estará certo no final disso tudo se você fizer algo contra ele.

—Eu já perdi você. Foda-se a minha razão, eu nunca tive mesmo.

—Não vai ser por muito tempo. Eu prometo dar um jeito de voltar o mais rápido possível.

—Linda...

—Confie em mim. Por favor, eu só preciso disso.- implorei e ele me abraçou. E dessa vez os papéis se inverteram: eu era a força e ele precisava do meu colo. Acariciei seus fios loiros enquanto sussurrava ao pé de seu ouvido que tudo ficaria bem, embora eu mesma duvidasse disso. Após o gesto, selei nossos lábios com um beijo intenso e cheio e verdade. Encostei nossas testas e rocei meu nariz ao dele delicadamente.

—Quanto tempo você tem?- ele perguntou.

—Uma semana.

—Então você topa viver a melhor semana da sua vida comigo?- sorri com a pergunta e minha resposta foi um beijo. Dessa vez, mais intenso e quente. Era de euforia, esperança. E eu tinha certeza de que seria uma semana inesquecível.

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