Princesa Escarlate

I

Angel on

Sinto beijos sendo espalhados por todo meu rosto, fazendo-me suspirar. Os selinhos se estendem por toda a extensão de minha face e se concentram na minha boca segundos depois.

Quando eles sessam, emito um gemido frustado e abro os olhos a contragosto, tentando entender o que estava acontecendo.

Dylan estava lindo como sempre -o que era irritante- Não acho que alguém deveria ser bonito logo pela manhã pois era falta de educação, mas lá estavam os cabelos negros desgrenhados e o sorriso ladino no rosto que pareciam ter sido feitos para combinar com o resto de seu rosto harmônico.

-Bom dia-murmuro coçando os olhos e me forçando a ignorar sua beleza matinal

-Bom dia, amor-diz deslizando o indicador pelo meu rosto e colocando uma mecha de meus cabelos para trás da orelha, me fazendo corar com o apelido súbito

Ainda não entendo como depois de tudo esse idiota ainda consegue me faz corar ao me chamar por apelidos ou através de atos fofos e singelos.

Odeio ele. Odeio isso.

-Sei o que está pesando-fala contendo uma risada ao ver minha feição irritadiça- aposto que o pensamento termina com "odeio ele" ou talvez "odeio isso"

-Ora seu...-reclamo ofendida enquanto me sento na cama indignada, fazendo-o rir da minha cara no instante em que eu o fuzilo com o olhar

-Também te amo, Angel Haylock. Também te amo-afirma sustentando um sorriso convencido enquanto eu me aproximava suficiente para disferir um tapa em seu abdômen desnudo.

O ato fez com que eu pousasse minha mão sobre uma cicatriz em específica que tomava boa parte seu peitoral: aquela causada pela espada de William. A contorno com leveza lembrando-me de um dos momentos mais desesperadores da minha vida enquanto sentia meu estômago se revirar em uma sensação ruim.

Me lembro do desespero que senti quando aquela espada foi cravada em seu abdômen e eu nunca mais queria passar por nada remotamente semelhante.

Nada que eu pensava parecia passar despercebido pelos olhos analíticos de Dylan, porque quase que imediatamente sua mão pousa sobre a minha e ele beija minha testa em um ato de carinho e suporte

-Estamos bem agora, Angel-afirma levantando meu queixo com o indicador na intenção de me encarar- você sabe disso, certo?

-Sei...-murmuro insegura, desviando o olhar

-Ei... o que houve?-indaga mudando de expressão e me encarando com preocupação e receio enquanto se apoiava em um dos cotovelos para me enxergar melhor. Odeio a maneira como ele me conhece

-Nada -apresso-me em dizer- apenas uma sensação ruim que não sai de mim. Odeio dizer isso Dylan, mas eu geralmente estou certa

-Não sei se tento te confortar ou se te chamo de convencida-balbucia fazendo-me bater nele pela segunda vez nessa manhã, já sentindo um sorriso leve brotar em meus lábios, afastado a sensação ruim de antes

-Sinceramente, eu poderia estar junto com um nobre, alguém que beijasse meus pés e me dissesse o quão perfeita eu sou-dramatizo colocando a mão sobre a testa- mas naaaaaaaaaaaaaaaao, tinha que estar com um cara que me chama de convencida

-Está tentando ganhar mais um papel como atriz?-indaga arqueando uma sobrancelha

Maldito costas-musculosas!

E eu reviro os olhos antes de passar os pés para fora da cama e me espreguiçar, tentando resistir a tentação de voltar aos braços do homem atrás de mim. Hoje seria mais um longo dia no forte e eu e Dylan precisaríamos colocar as coisas em ordem para a visita do imperador, vulgo meu querido pai.