Hinata se sentou ao lado de Kageyama na fileira do meio, era vazia a não ser por ambos ali, mais tarde surgiu uma outra pessoa, a qual se sentou na cadeira do corredor
Os trailers passaram, junto da entrada do filme, que não demorou muito para iniciar. Shōyo parecia ter gostado da pipoca, já que havia começado a comer desde antes de entrarem na sala de cinema.
Alguns minutos se passaram e só então Tobio conseguiu perceber que era um romance entre dois garotos, as dificuldades passadas pelos personagens o atingiram indiretamente, fazendo então, tentar lembrar para nunca fazer alguma daquelas coisas feitas no filme
Não demorou muito para que seu pedido não fosse realizado, mas já era de se esperar que as coisas não iam dar certo consigo naquela noite, o azar andava colado consigo sem data para tomar um outro rumo.
Percebeu Shōyo começar a ficar nervoso e olhar para todos os lados em busca de algo, segundos depois ouviu o garoto reclamar de algumas dores baixinho, massageando disfarçadamente a parte logo abaixo da barriga.
— Sho, tá tudo bem? – falou baixinho, se inclinando um pouco para ver o rosto alheio melhor
— s-sim Kageyama-kun... Não se preocupa comigo, o filme ainda tá passando – disse falho, provávelmente pela dor do momento que o atingiu mais fortemente
— Hey Shōyo, vamos sair hum? Você tá suando frio, vai ser melhor... – entendeu a mão para o ruivinho, que pensou um pouco antes de aceitar e se levantar.
Saíram juntos da sala de cinema, e só quando conseguiram sair em uma parte clara, pode ver claramente qual era o problema pela mancha nas calças do amigo. Correu para ficar atrás do mesmo, escondendo das outras pessoas o que havia acontecido com o menor.
O acompanhou até o banheiro masculino, e lá, aproveitando que estava vazio, ficou esperando hinata dentro da cabine, que acabou ficando quieto por tempo até de mais, o deixando um pouco preocupado
— Hinata, tá tudo bem? – deu duas batidas na porta, esperando alguma resposta do garoto, que quando veio, percebeu vir acompanhada de um choro claramente desesperado
— não... E-eu... – disse trêmulo, no mesmo instante kageyama tentou abrir a cabine, mas obviamente estava trancada – Kageyama...posso te pedir um favor?
Se acalmou um pouco, olhou em volta para ter certeza de que não havia ninguém, o que menos queria era que outra pessoa sem ser ele próprio ouvisse seja lá o que Shōyo fosse falar.
— claro Hinata, sou todo ouvidos... – disse calmo, e então ouviu o trinco da cabine destravar.
— eu tenho uma coisa pra contar pra você... s-só que... É vergonhoso e eu tenho medo – ouviu novamente o som do choro alheio, nessa hora se permitiu a abrir a porta, e então viu o amigo sentado na tampa do vaso sanitário, com o rosto encharcado em lágrimas.
— Hinata... – ficou em silêncio, se agachou, ficando na altura do ruivinho, e então ofereceu um abraço, o qual foi retribuído quase que no mesmo instante.
O silêncio durou um pouco, compreendia Shōyo e não falaria nada naquele instante, a não ser que o garoto o fizesse, sentiu seu coração bater ainda mais rápido quando o amigo o soltou, abaixou o olhar e enxugou as lágrimas da face, respirando fundo e tentando se acalmar.
— eu...não sou o garoto que você pensa que eu sou... – soltou, deixando Kageyama um pouco mais aliviado, mas ainda sim atento a cada coisinha que o outro iria o falar — eu..não sou um "garoto de verdade", sabe? Eu não tenho o corpo certo, e esse corpo... Todo mês me faz sofrer o dobro, me lembrando de que não nasci certo que nem você, por exemplo... – falou e abaixou o olhar, segurando novamente o choro que o invadia, sentindo cada canto de seu corpo doer e formigar pela insegurança ao dizer tudo aquilo, sentia medo, e não sabia se devia mesmo ter dito, mas decidiu continuar – eu sou um garoto trans, e se quiser me abandonar aqui agora por isso, eu te entendo, saiba que não é o primeiro a fazer isso comigo...
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐅𝐥𝐨𝐰𝐞𝐫𝐬 𝐚𝐧𝐝 𝐊𝐢𝐬𝐬𝐞𝐬 • 𝙷𝚒𝚗𝚊𝚝𝚊 𝚡 𝙺𝚊𝚐𝚎𝚢𝚊𝚖𝚊
Fanfictiononde Hinata era um garotinho que trabalhava no campo e vendia frutas e verduras no bairro de Kageyama ou onde Tobio acaba estranhamente se interessando pelo ruivinho que fazia ótimos bolos de morando e decide enfim o chamar pra sair.