Azul é a cor do amor

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Movi minha cabeça com vagareza para o lado esquerdo, olhos sempre mórbidos, em meu campo de visão observava a horda de seres infernais fugirem de medo ao entrarem em minha presença, os sem sorte eram decapitados pelas espadas dos soldados de meu exército, eles tentavam relutar, mas a tensão que causei após aniquilar seu general lhes impossibilitava de raciocinar.

- Meu capitão. - Leviatã adentrou minha presença nesse estante enquanto meus pés tocavam o terroso solo manchado de vermelho, não dava para distinguir qual sangue era de quem. Apesar dos sangue dos demônios serem mais profundos, os dois se completavam. Isso é o que nos faz tão iguais, o sangue, todos nós sangramos, todos sofremos igual. Julgar o outro é estar julgando a si próprio.

- O que desejas Leviatã?

- Nós encontramos um filhote de gigante no meio da batalha. - Ela abriu caminho para um Anjo mostrar-me em suas mãos o peculiar filhote de gigante. Seu corpo era alongado, principalmente o pescoço, sem pele, apenas escamas, escamas pintadas de um azul escuro, enormes asas maiores que si próprio, quadrúpede. Acabara de nascer, estava adormecido se remexendo. - O que devemos fazer com ele?

Eu parei para refletir, ele é tão pequeno e inofensivo. Além de que eu sou culpado indiretamente pela morte de seus pais, o corpo quente de sua mãe ainda está lá, ao longe, com sua barriga aberta. De repente ele acordou, se espreguiçou em seu ninho, chacoalhou o seu corpo e se virou para mim. Em seguida abriu sua grande boca emitindo um som alegre, pulou em meu peito e subiu até o meu pescoço e lá deitou entrelaçando seu corpo em mim.

- Parece que ele gostou do senhor. - Disse Abaddon dando risada, eu correspondi a alegria do animal com um singelo levantar dos cantos dos lábios rosados, ele lambeu meu rosto em resposta.

- Vou apresenta-lo a Miguel, ele saberá o que fazer. De resto, deixem para apodrecer, sirvam de adubo para a terra frutificar os seus filhos. - Me virei para o lado oposto a direção deles. - Eu irei na frente apresentar as informações.

- Ok senhor, ficarei no comando. - Avisou Abaddon se colocando na frente.

Compreendi, sei que ele vai conseguir lidar com isso. Então, alcei vôo em direção ao Céu. Lá adentrei pelo mesmo buraco em que caí, caminhei entre os meus com a ferinha ainda em meu pescoço, esfregando as patas em seu pequeno rosto, em seguida contraiu seu rosto e de modo súbito e inesperado espirrou.

- Tá gripado amiguinho?

Ele emitiu um som em sua língua nativa.

- Não vá achando que eu sou sua mãe. - Mesmo dizendo isso ele parecia estar se apegando a mim, ao acariciar-me de face em face. - Tarde demais pra dizer isso. - Confesso que ri um pouco, uma felicidade ligeira, pois já me encontrei com os portões do palácio. Notei a imensidão dessas portas douradas, escritas com a língua sagrada, avisando de que você irá entrar em santidade. Sem hesitar pisei com firmeza sobre o primeiro degrau e escalei os seguintes.

Por fim me inseri novamente ao salão de meu Pai. Miguel estava em reunião com os principais Anjos: Rafael, Gabriel e Miguel. Nós formamos a elite dos Anjos. Rafael é a líder dos Clérigos, concentrando toda a cura de Deus, capaz de recriar toda e qualquer matéria. Gabriel, homem de boas palavras, comanda a tropa de mensageiros e o Anjo mais veloz que conhecemos. Miguel não tem muito o que falar, ele simplesmente é o segundo no poder do Céu, abaixo apenas do Todo Poderoso. E eu, o capitão de todo o exército. Quando andamos juntos, até os Serafins abaixam suas cabeças.

- Estávamos esperando por você Lúcifer... O que é isso que trazes em seus ombros? - Perguntou Miguel com estranheza.

- É um filhote de gigante que encontrei, diferente dos demais.

A História de Lúcifer: A Grande Queda Onde histórias criam vida. Descubra agora