Sétimo - Tudo no lugar

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Como é que estão? Cheguei nessa bagaça!!!
Último capítulo meu povo, porém com um extra. Então apreciem e não me matem.

Boa leitura!!!

...

Sim, Will tinha dezenove anos, porém naquele momento ele se assemelhava muito a uma criança.
--Eu quero de prestigio! –Declarou o loiro assim que entraram na sorveteria.
--A tua cara é prestigio. –Resmungou Apolo com diversão indo em direção ao balcão, enquanto o loiro mais novo encarava a vitrine de doces. Talvez pedisse uma fatia de bolo de chocolate para levar, estava ansioso por algum motivo e sempre que se sentia assim sentia uma grande vontade de comer doce.
--Aqui seu milkshake, vamos indo? —chamou o patriarca, saindo do local e sendo seguido pelo filho.
--Isso sim que é uma sobremesa digna. –disse Will com um sorriso enorme nos lábios, realmente muito parecido com uma criança.
Apolo apenas conseguia sorrir, por que o filho parecia tranquilo, e já faia algum tempo que o mesmo não notara o mais novo tão calmo.
--Vamos para casa Willy.
*
Will admitia para si mesmo que procurou o conde com os olhos assim que entrara na casa, porém o moreno não parecia estar em lugar nenhum. Aproveitando que o pai ia voltar para o quarto e tentar dormir um pouco, voltou para a biblioteca com o único intuito de restaurar aquele lugar. Terminar.
Com paciência o loiro trouxe baldes com água, sabão e vários outros materiais de limpeza para que conseguisse organizar de vez o lugar.
Assobiando animadamente o mesmo retirou as cortinas acabadas e deu inicio a passagem de pano no chão e lentamente o ambiente começava a mudar, voltando a ficar habitável.
--Oh, ficou bem legal. –O comentário assustou Will, que estava empenhado em trocar as cortinas das imensas janelas.
--Papai! Acordou a muito tempo? –questionou o loiro mais novo, descendo da escada, encarando a figura sonolenta do pai.
--Acabei de acordar, você está limpando desde o horário que chegamos? –indagou o mais velho, surpreso e um tanto preocupado, no momento em que o filho assentira. –Já são quase seis horas.
--Wow, isso tudo? —Will parecia realmente surpreso, encarando além das cortinas o sol sumindo aos pouco, percebendo a figura do conde em meio as rosas. Ele estava ali de novo.
--Vou preparar o jantar, você deveria tomar um ar, passou a tarde trancado aqui. Talvez um banho resolva. –comentou o mais velho, o som de sua voz saindo abafada pois o mesmo se dirigia à cozinha.
--Sim, deve ser uma boa ideia. –falou automaticamente, sem prestar real atenção ao que o pai falara, pois encarava a figura translucida do conde com atenção. –Está desaparecendo...—sussurrou apenas para si, seus olhos abriram-se ainda mais, como se o loiro finalmente nota-se o que estava em as frente. O conde está desaparecendo.
Fechando as cortinas e desligando tudo o loiro se dispôs a ir ao jardim, parando atrás do conde.
Nikólaos permaneceu em silêncio por poucos minutos, apreciando a beleza do lugar e sem falar nada seguiu em direção a uma pequena cabana que residia aos fundos do jardim, aonde eram guardados todos os matérias de jardinagem.
--Sente-se aqui Will, faça companhia para essa pobre alma em seus últimos instantes. –pediu, o sorriso divertido nos lábios, porém os olhos não detinham aquele brilho característico.
--Você já vai? Mas eu acabei de arrumar a biblioteca, esta linda...você devia ver como ficou.
O moreno balançou a cabeça, o sorriso não deixara seu rosto por nenhum minuto.
--Tenho certeza que você fez um ótimo trabalho. –Declarou com convicção, de tal forma que o loiro se sentiu estranhamente constrangido, afinal, ninguém fora seu pai e sua mãe demonstrava tanta confiança em si.
--Bem...eu não se se ficou muito bom. –disse acanhado, remexendo os dedos em sinal de nervosismo. –Mas eu fiz o meu melhor.
Desta vez o conde sorriu e o sorriso finalmente chegara nos olhos negros.
--Então tenho a certeza que deve estar incrível. –Retrucou calmo, deixando o loiro desconsertado.
O silêncio ao redor deles era tranquilizante, como um anestésico antes de uma cirurgia.
--Will, você quer ouvir sobre o dia da minha morte? —a pergunta quebrara o clima calmo, deixando o loiro tenso. Will não tinha certeza se gostaria de saber sobre como o outro morrera, mas sabia que precisava ajuda-lo a se libertar.
--Se não for incomodo vossa graça, eu estaria honrado de ouvir um pouco mais sobre a sua vida. –disse o loiro de maneira polida, gesto que arrancou uma risada encantada do moreno e estranhamente suas bochechas ficaram avermelhadas e o loiro realmente ficou surpreso, afinal, almas podiam ficar vermelhas?
--Você é encantador Will. –sua declaração causou uma agitação estranha no estomago do futuro universitário, que sorriu mesmo que envergonhado.
--Vou fingir que acredito que isso seja verdade.
O novamente o silêncio se fez presente, o conde tentando organizar os fatos em sua mente e o loiro esperando pacientemente os fatos que seriam narrados.
--Você lembra da fotografia que estava no meu armário? —iniciou fitando os olhos azuis com determinação.
--Sim. –E declarou apenas isso, mais em sua mente o loiro recordava do sorriso radiante no rosto do outro e do quanto ele ficava bonito quando sorria daquela forma.
--Ela fora tirada no dia de meu aniversário de dezoito anos, Willahelm fez questão e tira-la, ele dizia que como meu fiel servo ele faria esse sacrifício por mim. –disse com um sorriso saudoso no rosto, parecendo perdido em meio as lembranças.
--Ele era seu servo mesmo? –indagou curioso.
Mais o conde simplesmente riu, como se aquele fato fosse apenas uma brincadeira interna.
--Não, Willahelm descendia de uma família de burocratas e muito famosa na capital. Ele era um jovem cobiçado, não apenas por ser rico, mas ele era alegre, divertido e obviamente bonito e isso chamava bastante atenção e inveja de algumas pessoas. –Os olhos que antes brilhavam em nostalgia, agora detinham uma opacidade, uma dor escondida em meio àquela escuridão.
Will permaneceu em silêncio, com medo de atrapalhar a narrativa de alguma forma.
--O dia seguinte ao meu aniversário, Willahelm teve que viajar cedo, ele precisava resolver algumas coisas para a família de última hora. Então ele foi e eu fiquei. Naquela noite alguns invadiram a minha casa, procurando por ele e quando não o encontraram...bem...—o conde sorriu, a amargura invadindo sua boca, as palavras finais saíram com dificuldade. –Eles mataram a mim e a toda a minha família, sem nenhum remorso.
--O-o que...então...Meu Deus...—sussurrou Will incrédulo, não acreditando nos fatos. –Mas, por que?...
Nikólaos abriu um sorriso de escárnio, lembrando-se do motivo.
--Willahelm tinha um irmão adotivo, Octavian e ele sempre sentiu inveja do maravilhoso filho dos Solace, ele foi o mandante do crime. –A declaração saíra em meio a um rosnado de ódio. –Quando Willahelm voltou semanas depois e descobriu o que houve ele ficou devastado...—seria eufemia dizer que os olhos negros exalavam solidão, pareciam imensos buracos negros que sufocavam à todos com um sentimento de desamparo.
O loiro sentiu o peito apertando, a história era mais triste do que imaginara.
--Você...você já era um espirito errante? —indagou baixinho, o receio de interromper o devaneio do outro sendo claro.
--Sim, eu estava aqui no momento em que ele descobriu que estava morto, quando ele se despedaçou, quando atacou o irmão ao descobrir que ele fora o culpado...e-e estava aqui, quando ele se foi atormentado pela culpa.
Will sabia que se espíritos pudessem chorar o moreno já estaria se debulhando em lágrimas, por que o loiro estava chorando.
--E eu fiquei aqui, esperando por ele, mas ele nunca voltou. –Sussurrou por fim, um suspiro entrecortado saindo de seus lábios.
--Isso não é justo. –Resmungou o loiro triste. –Por culpa de um idiota vocês perderam tudo que poderiam ter vivido juntos, não é justo...—completou choroso.
E por mais que a situação fosse triste, o moreno sentiu-se livre, finalmente aquele peso de décadas saíra de seus ombros.
--Não, não foi justo com nenhum de nós. Mais isso faz tantos anos que até mesmo a raiva já se foi, ficando apenas a saudade, do que passou e do que poderia ter acontecido.
O jovem se encontrava inconformado com a história do conde, porém sabia que de nada adiantava, décadas se passaram desde o dia atual.
--É boa...
--O que? —indagou o loiro, fanho devido ao choro.
--A sensação de liberdade, é maravilhosa. –Declarou o moreno, abrindo o maior sorriso que o loiro já o vira dar. Will sentiu como se uma brisa cálida se infiltrasse em suas veias. –Obrigado Will, por que me escutar e por ser um bom amigo.
Os olhos azuis do outro se arregalaram em descrença e desamparado, o conde sumia aos poucos.
--Obrigada Nikólaos, por me apoiar e estar ao meu lado. Nunca vou esquecer de você.
O moreno sorriu encantado, dando um tchauzinho para o loiro.
--Cuide-se Will...—e sumiu, junto com a brisa fria da noite.
O conde finalmente poderia descansar.
*

O que acharam?

Lágrimas?

Espero que tenham gostado, até daqui a pouco!!!
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Sayo, bye bye

Piacere di conoscertiOnde histórias criam vida. Descubra agora