Takemichi estava sentado em um balanço, refletindo sobre tudo que aconteceu desde de manhã. Agora que ele parou para pensar, aconteceram tantas coisas, coisas demais para sua mente pequena processar. Ele já não acreditava que estava vivendo um flashback, era tudo muito real para ser fruto de sua imaginação.
Se fosse como nos filmes, ele poderia até dizer que era um viajante do tempo, e embora essa ideia fosse absurda, o fazia vibrar de emoção. Se fosse verdade, isso significaria que a vida estava lhe dando outra oportunidade, e essa ele não desperdiçaria por nada neste mundo.
Quem em sã consciência escolheria aquela vida solitária e sem graça?! Ele tem seus amigos e melhor amiga de volta, sem falar que ele tem a vantagem de saber o futuro, isso é bom demais para ser verdade! Então ele afirmou para si mesmo, que mudaria não importa o quê, pelo seu bem e pelo bem de seus amigos!
Takemichi começou a chorar novamente, fazia tanto tempo desde a última vez na qual ele sentiu a sensação de ter amigos. Pessoas com quem contar, e gente a quem gostaria de proteger, é um sentimento muito bom. Ele não precisava mais passar todos os dias sozinho, se lamentando pelo passado imutável, dessa vez ele pode mudar, então vai mudar! Então, em meio as lágrimas cristalinas, ele abriu um sorriso sincero e feliz, o primeiro em anos.
Ele gostaria de continuar olhando para as estrelas e pensando na vida, mas já era muito tarde e os trens estavam acabando. Ele levantou-se e voltou para casa, pensando no que fazer a seguir e como lidar com o grupo do Kiyomasa.
'Até onde me lembro, o Kiyomasa fazia parte de uma gangue bem famosa, o nome era... Toman. Espera aí, essa é a Gangue Manji de Tokyo, a mesma gangue que assassinou a Hinata! Como eu pude me esquecer do mais importante?! Não importa o fato de eu ter voltado no tempo, se tudo continuar do mesmo jeito, a Hinata ainda vai morrer daqui a 12 anos!'
Chegando em casa, Takemichi correu para seu quarto, ele precisava organizar todas as informações que ele conseguia lembrar. Ele não pesquisava deliberadamente a respeito da Toman, mas era impossível não saber sobre ela, afinal, ela era uma das maiores organizações criminosas de Tóquio. Prostituição, assassinato, roubos e vários outros crimes levavam seu nome aos jornais, a reputação da Toman era péssima. Como um telespectador assíduo das notícias, Takemichi já tinha ouvido muito a respeito, então obviamente ele lembraria de algumas coisas.
'Pelo que me lembro, a Toman tem duas cabeças que a gerenciam, e eles são: Kisaki Tetta e Manjirou Sano. Se eu conseguisse... Não, conhecê-los está fora de questão, ainda sou muito novo pra morrer. Mas, por outro lado, não tem outra alternativa... Cara, isso é tão difícil! Calma, se concentra Takemichi, você não vai resolver nada se desistir antes mesmo de tentar! Deixa eu ver... Eu posso perguntar pra o Kiyomasa... Atá, como se aquele brutamontes fosse me responder numa boa, é mais fácil ele me quebrar em dois. Ah que seja, não tenho muitas alternativas, uma costela quebrada ou talvez duas não é nada comparado a morte de uma amiga, se sacrificar pelos outros é tão difícil..." Uma dor de cabeça o fez dar uma pausa em seus pensamentos, sua mente tinha trabalhado demais, se forçasse tanto seria perigoso lhe causar um curto-circuito.
Takemichi deitou-se na cama enquanto fitava o teto, ele estava cansado e todo doído, seu corpo implorava por um descanso. Fechando os olhos lentamente, Takemichi adormeceu imediatamente, deixando as informações fluírem em seu subconsciente, dando-lhe sonhos estranhos e um pouco assustadores. Foi assim até o raiar do dia, quando ele foi acordado pelo toque insistente do celular.
"Alô?" Takemichi esfregou os olhos enquanto bocejava.
"Takemichi, não me diga que você ainda tava dormindo, a gente vai se atrasar!" Uma voz bem disposta, vinda do outro lado da linha, o fez despertar um pouco mais.
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Delinquentes também amam.
RomansaQue outros caminhos um jovem fracassado pode escolher? Se resignar a isso e continuar a viver? Ou será que a vida pode mudar de repente e lhe dar uma segunda chance? Takemichi pensava que nada poderia mudar, mas um acidente nos trilhos do metrô o pr...