[Carta]
Olá Nevra. As obras já finalizaram? Se sim, dependendo de você, deve estar pior do que sua cara! Haha!
Já se passaram tantos meses desde que tudo ocorreu, já passei por muitas coisas para chegar até aqui e te escrever esta carta. Não mantive contato antes pois é a primeira vez que paro em uma aldeia já conhecida pelos mensageiros de Eel. Pois é, já andei por muito canto nesses últimos seis meses, e você talvez já faça ideia de algumas novas coisas que eu tive a sorte e o prazer de ver!
Agora me faltam palavras, nós dois sabemos que a minha mente é incrível, nunca falha, mas eu sou péssimo com o meu lado emocional então estou te mandando a merda como forma de dizer: “Se cuida amigo.”! Hehe!
Ok! Agora que já nos “comprimentamos”, irei te passar um pequeno relatório do que eu vi durante esses seis meses longe de Eel. A primeira das coisas que me chamou bastante atenção foi a vegetação, Eldarya está mais colorida do que nunca. Estou estudando várias novas categorias de flores e frutos, até nomeei uma nova fruta que provei durante minha viagem, ela se chama: “Fruit arc-en-ciel”; por fora tem uma casca dura de coloração azul escuro, mas por dentro possui todas as cores de um arco-íris, é macia e doce feito o mel.
A segunda coisa são os mascotes; pequenas e enormes criaturas, algumas são até semelhantes a aqueles "dinossauros" que víamos nos livros da biblioteca quando éramos mais jovens.
Terceiro, eu perdi a noção de quantas vezes vi vilas pobres, sem missões e mercadorias. O QG precisa resolver isso, você precisa cuidar melhor dessa gente… É claro, a maldade e a pobreza em Eldarya nunca irão acabar, mas fico muito preocupado pois as Forças Centrais deveriam estar ajudando!
Como Erika está? Me mande todos os detalhes! Conte tudo! Eu sei que saí dizendo que não me importaria com ela, mas eu sinto muita falta e só ela sabe a dor quando lembro de nossos momentos juntos!
Você não vai me convencer de voltar, o cargo chefia da Alquimia já é para outra pessoa, eu estou buscando paz e o QG não traz isso! E nem venha falar sobre Marie Anne, ela fez o que fez mas acredito que está havendo mudanças, afinal, sua desintoxicação está indo muito bem, voltará como humana em todos os aspectos!
Meu amigo, não demore para me enviar uma resposta, vou permanecer aqui na cidade de Mouvven o quanto der, aqui parece ser um lugar perfeito! Os cidadãos estavam buscando um enfermeiro, e bom, não é a minha melhor área, mas eu entendo e posso ajudar! Em missões não hesite em me visitar, se serve de motivação, aqui tem muitas mulheres para você paquerar!
Assinado: Ezarel Swain.
Para: Nevra Hokki.
Endereço: Quartel General Central.
Data: ||| / V| / ||||.[...]
Retiro a faixa de seu rosto e me surpreendo com o resultado. Mostro um sorriso para a garota que me olha nervosa e então pego o espelho de suas mãos.
— Seu processo de desintoxicação realmente foi rápido! – Viro o espelho para ela. — O que você vê?
— Nossa… Olhe só para meu rosto! – Ela diz tocando na própria bochecha e então sorri. — Nem parece eu mesma. Meu olho, ele voltou ao normal!
— Sim, a sua esclerótica está branca novamente como a de um humano. Ewelein fez um bom trabalho como sempre!
Suspiro. Jogo a faixa usada no cesto de lixo e pego outra na mesa ao meu lado. Fico de frente para a mulher e passo com cuidado a faixa em volta de sua nuca, assim cobrindo todo o seu rosto, menos a boca e um de seus olhos.
— O que escreveu na carta? — Ela pergunta olhando no pequeno espelho seu próprio reflexo.
— Escrevi notícias para o Nevra sobre o que passamos e vimos durante nossas viagens. — Respondo concentrado nos cuidados com o rosto dela.
— Você contou para ele que raspou a cabeça?
— Não! — Nego rapidamente. — Não é necessário.
Acho que é importante que ele pense que pelo menos um de seus amigos esteja bem…
Valkyon estaria melhor? Quanta falta ele faz. Vou sentir falta das noites de bebidas… Ele era um ótimo ouvinte e muito sábio, sempre me dava os melhores conselhos… Me ajudou bastante com as garotas!
— Eu gostava dos seus longos cabelos.
Ah! Cabelo! Estamos nesse assunto.
— E logo, logo você terá os seus! Esses seus cabelos emborrachados e secos cairão e com isso nascerão novos com uma consistência melhor.
— Acha que nascerão rosa? Ou de uma cor natural?
— Defina natural, pois eu nunca pintei os meus! — Ironizo.
— Você mal tem cabelo, não pode falar assim! — Anne ri.
— Engraçadinha — Abro um pequeno sorriso. Pego meu bloco de notas na mesa.
Em um momento desse fico pensando... O que Ewelein não faria para ter informações sobre esse processo de desintoxicação? Acho que posso ajudar, então junto com a carta enviarei os últimos relatórios que já tenho por escrito!
— Pode me passar um relatório de hoje? Como está se sentindo? Você sofreu algo durante essa semana? Sentiu algo a mais?
Marie Anne abaixa o olhar e silencia.
Eu disse algo de errado? Por que ela se calou? Não é o normal dela, pois ultimamente conversamos bastante, sempre contando nossas aventuras ou aprendendo lições de experiências vividas!
Anoto na folha: Décimo terceiro relatório da desintoxicação de Marie Anne.
— Pode começar, quando quiser. – Aviso molhando a ponta da pena na tinta.
— Certo… Eu já não sinto minha pele áspera; minhas escamas sumiram de ontem para hoje, eu não escuto mais as vozes em minha cabeça e ando esquecendo de várias coisas!
— Pelo o visto a sua memória está se apagando. – Isso não é bom. – O que você esq-...
— Apenas as coisas boas se vão. – Ela me corta com uma resposta curta e seca. – Consigo me lembrar perfeitamente de cada ser vivo que matei, cada dor que causei às famílias, à mãe do garoto Mery e entre outras...
Marie Anne cobre o rosto com as duas mãos e se encolhe na cadeira.
Como devo dizer a uma assassina que ela não deve se preocupar com isso?
No exterior víamos uma mulher maldosa, mas no interior, depois de ter conversado com ela durante dois meses nas masmorras do QG, descobri que ela não estava sozinha no seu próprio corpo. Ficou cega de ódio e amargura, foi controlada pela insanidade, que é o que muitas raças contém; mas com a junção de vários sangues no seu próprio corpo, Marie Anne acabou se desligando de sua humanidade!
— Você não pode se culpar por isso, todos entendem que você estava fora de-... – Sou cortado novamente!
— É claro que eu sou a culpada! – Ela se levanta da cadeira. – Todos me olham torto, temem a mim e eu sei o porquê disso! Sou culpada pois eu poderia ter…
— Poderia…? – Paro de escrever e olho em direção a ela.
— DROGA! EU ME ESQUECI! – Ela grita e bate o punho na mesa. – Não lembro como fiquei desta forma, ou o por que de eu não ter entrado na merda daquele portal! Mas foi isso, por causa das minhas escolhas eu acabei trazendo muitas dores!
— Você não pode pensar assim! Presta atenção… – Largo a folha e a pena, vou até a mulher e toco em seus ombros. – Seus sentimentos estão voltando à tona como um turbilhão de dúvidas e angústias. Sei que está sendo frustrante e vergonhoso notar que várias pessoas temem e te odeiam, mas não era você! Essa é você, a mulher que estou vendo no reflexo deste espelho; a mulher que se arrepende; que sofre; que se preocupa; que quer mudar! Esse é seu lado humano, VOCÊ está de volta!
— Como sabe disso, Ezarel? Bobagens sua, o que te garante de que eu não cometerei mais crimes? – Marie Anne indaga.
— Já não vejo mais insanidade nos seus olhos, você é dona das suas próprias atitudes agora. — Abro um sorriso sincero de alívio. — As vozes já se foram, você mesma tomou consciência dos seus atos maldosos, é isso que importa.
Marie Anne vira o rosto rapidamente numa tentativa de esconder suas lágrimas, mas as vejo escorrendo e pingando de seu queixo até o chão.
É nítido! Consigo ver a mesma garotinha que salvei a alguns anos atrás. Tão triste... Confusa… Desesperada…
— Não se preocupe, estou aqui com você! – Puxo a mulher para um abraço, para acalmá-la.
— Você devia ter medo de mim, ou raiva… Você conhecia aquele garotinho e eu… Eu… — Ela desaba em lágrimas.
Não digo nada, apenas deixo que o silêncio conforte suas dúvidas esmagadoras enquanto eu a aperto com força, numa tentativa de apoiá-la. Um pouco escroto da minha parte, mas eu adoraria estar no "antigo ela", ouvir a voz de uma pessoa especial… Eu já não aguento mais o silêncio, ele me enlouquece, preciso escutar a doce melodia da Erika… Sinto tanta falta! Quando nos veremos novamente? Por que isso tinha que acontecer justamente com a mulher que eu tanto amo?
Sinto Marie Anne subir suas mãos para meus ombros e apertar de uma forma estranha.
Epa!
Ela se inclina jogando o corpo sobre mim e aproximando seu rosto do meu! Entendo que ela está confundindo as coisas e rapidamente me afasto com um leve empurrão!
— O que estava fazendo? — Vejo novamente seu rosto enfaixado.
Rejeitada e talvez envergonhada, ela desvia o olhar.
— Eu… - Ela tenta se pronunciar.
— Tudo bem! A culpa foi minha. Só quero que saiba que eu já tenho uma pessoa importante.
— Aquela garota morta?
— Todos sabem que ela não está morta. E o nome dela é Erika.
— Achei que tinha terminado com ela…
— Eu terminei, mas eu nunca quis isso realmente! Ainda sou apaixonado.
— Ezarel você precisa aceitar que ela foi uma heroína, ela escolheu o próprio destino e você não pode ficar esperando por ela! O Cristal precisa absorver energia de algum canto para que possa distribuir para a vida em Eldarya. É por isso que o nome é "Sacrifício Branco"...
Encaro Marie Anne e em seguida mudo meu olhar para a lareira. Assustador, sua voz mansa invade minhas orelhas como o sibilar da cobra. Talvez seja maldade minha. Os atos da Marie causaram uma péssima imagem para a própria, nem eu mesmo confio nela. Ela tenta me convencer de algo que não é real. Eu sei que a Erika vai voltar, escolheu o bem de todos e isso inclui ela também!
Não respondo.
— Eu tenho pacientes para atender... – Não vou entrar em um diálogo sem rumo. – Nos vemos de manhã cedo, voltarei com o café.
Me viro e preparo o kit medicinal que contém pomadas; band-aids; luvas descartáveis; máscaras e algumas poções. Pego meu jaleco, mas antes de sair paro e olho para Marie Anne.
— Até amanhã! – Me despeço.
Ela acena.
Saio de casa apressado, tentando esquecer as palavras da mulher que tentou me beijar alguns minutos atrás!
Definitivamente, nunca, nunca mesmo que eu irei ficar com Marie Anne! Eu a vejo como uma irmã, ela que precisa entender e aceitar!
Ao chegar na trilha do jardim que leva até a feira noturna da cidade, olho para o céu e vejo a lua surgindo entre as nuvens, ela chama as rosas lunares que se acendem com sua luz e balançam com a brisa silenciosa da noite. É o momento perfeito para um encontro, muitos casais saem de suas casas para aproveitar, passear pelos jardins, jantar algo de especial, se conhecerem ou até mesmo apreciar a beleza um do outro sob a luz do luar.
Olho novamente para o céu.
A melhor versão de mim foi embora quando a mulher que eu amo adormeceu... Me recuso a dizer que ela está morta... Eu me sinto perdido, arrependido e temeroso por ter saído de perto dela, mas ainda assim tenho esperanças de alguma resposta! E quando ela acordar… Ah! Quando ela acordar! Nossa casa será aqui, seremos um casal ainda melhor e eu poderei fazê-la rir com minhas piadas patéticas!
Olho novamente para o céu.
— Estou falando com a lua na esperança de que você me escute Erika… A demora como vedes me levará a ruína, então não demore para acordar. — Estou ficando louco? Não, eu creio que ela me escuta.
Chego na feira e acabo encontrando Purroy e Purral bem na entrada perto de uma barraquinha de poções. Tento falar com eles que se animam em me ver mas parecem apressados e logo se retiram afirmando estarem contentes com nosso reencontro. Eu nem tive tempo para perguntar sobre Eel. As coisas lá devem estar corridas, vou ter que esperar a carta de Nevra.
Inclusive, onde está o Taenmil? Deve estar dormindo, então eu o convoco amanhã.
O planejado era vir para uma vila e esquecer dos problemas, apenas relaxar, mas nada é como planejamos. Para que eu pudesse esquecer toda a perda, tive que arranjar alguma profissão e como esses faeries estavam sem um enfermeiro, eu decidi ajudar.
Ao entrar na barraca vejo uma paciente, a mesma de sempre! Eu havia me esquecido de que mesmo não tendo as vozes na cabeça como a Marie Anne, tenho essa mulher aqui comigo, toda santa noite!
Não acho ruim, na verdade ela me distrai bastante, eu gosto muito dela.
— Boa noite Sra.Janna, como está seu joelho hoje? — Cumprimento.
— Mal, por isso vim aqui!
Não é legal quando a patada é com você, até porque eu fui gentil…
— Então deixe-me ver.
Digo colocando minhas luvas e o traje apropriado.
Ajudo a Sra.Janna a subir na maca. Ela vem aqui toda noite, fala sempre dessa dor no joelho e passa horas aqui na enfermaria me contando sobre suas antigas missões no QG. Janna é viúva há poucos meses, seu marido viajou e não voltou mais, apenas o mascote retornou, ele trouxe uma carta com a despedida de seu dono.
— Tá legal, você não está sentindo nada, não é? — Me encosto na maca.
— É, acho que finalmente você se tocou. — Ela desce e bate as mãos na calça.
— Sra.Janna aqui é o lugar mais chato para se ficar, porque não vai dormir?
— Primeiro, a única coisa que deixa esse lugar chato é você. — Recebo um dedo bem feio na minha cara. — E em segundo lugar, você não manda em mim!
— Não foi uma ordem. — Acabo rindo com o comportamento e a pose dela. — Foi uma sugestão.
— Oh garoto me diga logo no que eu posso ajudar! Não aguento mais ficar parada dentro de casa, a merda do QG não aceita idosas em boa forma como eu, então preciso vir para cá!
Ela não dá a mínima que eu seja o ex chefe da Alquimia. Não posso falar nada, ela realmente sabe mais do que eu.
Suspiro.
— Tem outros trabalhos extras à noite.
— Mas eu gosto desse aqui e acabou!
Não dá pra discutir com louco! Eu não tenho paciência, é melhor deixar ela ficar.
Desisto! Inicio a preparação do local para novos clientes, ela organiza as pomadas que ultimamente eu não tenho tido paciência para arrumar!
— Obrigado. Eu não sei o que seria de mim sem você aqui! — Brinco.
— Com certeza você iria se virar Ezarel. Eu já ouvi muito de você por aí, sempre arrumado e dedicado em tudo… Só no ranking que você era uma merda, haha!
— Aaah! É que o chefe da Sombra não aguentava perder, então fizemos um acordo.
— Que acordo?
— Todas as rações e todo o mel dele seriam meus. — Janna caí na gargalhada. Sorrio lembrando da época.
— Bem que disseram que você era um fominha! Eu realmente não esperava por essa!
— Comida é mais importante do que imagem, e tem mais, eu ajudei o meu amigo. Sou um ótimo parceiro!
Não demora muito para um novo assunto aparecer.
— E Marie Anne, como ela está? — Janna é a única além de mim que se importa com a Anne.
— Ela tentou me beijar.
Sinto que posso contar tudo para ela, sem preocupações!
— Jura? E o que você fez?
— Interrompi! Eu criei ela, foi por pouco tempo, mas tenho ela como irmã! — Suspiro. — O pior de tudo é que não sei como falar isso para ela. Digo, eu já disse várias vezes, mas ela não manda no coração, assim como ninguém!
— Você não deve apenas ignorar, sabe? Não deixe ela criar expectativas bob-... — Marie Anne entra na barraca com uma expressão de espanto.
— O que houve? — Fico de pé rapidamente.
— Tem uma mulher lá em casa… — Ela para para respirar. — Está desmaiada e muito ferida!
— Ótimo, teremos uma paciente! — Janna ri ironicamente e bate palma.
Essa velha é totalmente sem piedade! Mas é verdade!
— Vamos lá Anne! Logo voltaremos!
Corro para longe da feira, atravesso o jardim e finalmente vejo a casa. De longe já noto uma enorme bagunça na entrada. Abro a porta e vejo uma mulher caída no chão em meio a cacos de vidro e pequenas poças de sangue perto da lareira.
Me abaixo ao lado da pessoa. Ela sangra muito e respira pesadamente. Seus machucados realmente dão sinais de que foi atacada pelas feras da escuridão, então peço a ajuda de Marie Anne para que ela me ajude a levar a mulher até o sofá.
— Será impossível levá-la para a enfermaria agora. Eu preciso parar com o sangue e acordar-lá!
— Eu sei, e tem mais uma coi… — Corto o que Marie Anne iria falar!
— Ela não reagiu quando a colocamos no sofá, isso significa que ela já está com uma boa parte dormente por causa do veneno no corpo. Traga leite!
— Ezarel!
— Agora não, Anne. Vai logo! — Digo pegando os esparadrapos e os curativos.
— É UMA HUMANA! — Ela grita.
Humana? Não! Impossível!
Tiro os cabelos do rosto da mulher e vejo uma orelha pequena e redonda na lateral da nuca.
O leite que temos talvez piore as coisas para um ser tão frágil como este!
— Obrigado, agora traga o leite! Eu preciso arriscar!
Não posso apenas observar ela morrer lentamente com esse maldito veneno! Agora é torcer para que o leite ajude e que veneno não tenha atingido os músculos, que eles não tenham corroído![Continua...]
Pessoal eu sinto muito mesmo, a imagem logo será publicada! Como esse é o primeiro capítulo, apenas ele foi deste jeito. Os próximos capítulos já virão com capa, tudo bem bonito e incrível para vocês! 🥴😁😂 Obrigada por chegarem até aqui! Eu adoraria conversar com vocês, então os comentários estão livres! Kkkkk Me falem o que acharam!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Loin de Eel
Fiksi RemajaÉ sempre aconselhável esquecer o passado e seguir em frente, mas a verdade só pode ser encontrada a 100 milênios atrás, quando Eldarya era somente escuridão, temperaturas congelantes e ruídos assustadores. O que está perdido é obscuro demais para se...