A balsa atracou e finalmente podemos ir para a nossa nova casa. Assim que o carro passa pela placa "Outer Banks" no início da cidade eu dou um sorriso. Finalmente chegamos!
Há sete anos tivemos que nos mudar para San Diego por conta de uma proposta de trabalho muito importante para o meu pai, foi um dos piores momentos da minha vida, porém eu tinha que entender. Finalmente ele teve o reconhecimento que merecia e iríamos mudar de vida. No vocabulário de OBX não seríamos mais pogues, e sim kooks.
— Eu não me lembrava como esse lugar era tão bonito. – suspiro.
O pôr do sol refletindo no mar, os sons das gaivotas, tudo remetia um ar de "casa".
Meu pai vira levemente o corpo e me olha:— Outer Banks, filha. O paraíso na terra.
Dou uma risada anasalada e ele solta um risinho, essa frase está escrita embaixo da placa de entrada da cidade.
— E eu não duvido que seja mesmo, sempre quis voltar pra cá.
O carro vira em uma rua cheia de casas imensas e entra em uma garagem.
— Chegamos!
Tenho certeza que demorou pelo menos dois minutos inteiros o caminho do carro do portão externo para a entrada da casa. Olho tudo de cima abaixo com um sorriso no rosto, já amo morar aqui.
Desço do carro e começo a descarregar as malas.
[...]
Ontem não tive tempo de conhecer nada, passamos o resto do dia arrumando tudo que trouxemos no carro, e quando terminamos de arrumar já era muito tarde. A sorte é que meu pai já fez a mudança inteira há um mês, estávamos apenas esperando as férias de verão começarem para a viagem, então tive que arrumar apenas algumas roupas que estavam dentro das caixas e alguns livros que trouxe na mala.
— Lexi, venha tomar café da manhã! — ouço meu pai me chamando da cozinha. Termino de calçar o tênis e desço as escadas correndo.
— Bom dia, paizinho — entro na cozinha, dou um beijo em sua bochecha e pego uma banana. — hoje não vai dar para comer com você, vou correr pela ilha, quero ver se lembro de algo daqui.
— Bom dia, filha. Tudo bem, mas volte para o almoço, o vizinho veio mais cedo e nos convidou. Disse que é uma tradição dar as boas vindas aos vizinhos com um churrasco.
— Tradição estranha, né? Mas ta certo.
— Com esse povo a gente não discute, só aceita.
— Uhum... vou indo. Beijo, pai. — vejo ele acenando com a cabeça enquanto saio da cozinha.
Faz um tempo que não tenho oportunidade de correr, todas as manhãs eu tenho esse hábito mas com as provas finais da escola e a mudança, minha rotina estava uma loucura e as corridas ficaram de lado. E nada é melhor que estrear uma cidade nova com uma boa corrida... na verdade tem um jeito sim, surfar. O surfe é a minha paixão desde que me entendo por gente, meu pai costuma dizer que eu aprendi a surfar antes de andar. Rio com o pensamento. Tudo o que eu faço ele acha incrível.
Jogo a casca da banana no lixo em frente ao portão externo e sigo meu caminho enquanto coloco minha playlist e coloco os fones de ouvido. Vou correndo pelo asfalto seguindo um caminho arborizado. Durante o percurso eu vejo vários barcos, e muitas pessoas conversando e sinto o cheiro de maresia. E também de peixe. Eca.
Depois de um tempo avisto um restaurante e paro, descansando minhas mãos nos joelhos. Realmente essa corrida me desgastou mais do que eu pensei que iria. Tento recuperar minha respiração.