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Bloqueei a tela do meu celular e segui em direção à casa vizinha, que agora eu sabia que pertence a Sarah Cameron, obrigada JJ.

Enquanto eu estava me arrumando fiz uma lista mental sobre tudo o que aconteceu.

Primeiro, ninguém reparou em como eu estava me vestindo, eu achei isso reconfortante, em San Diego se eu tivesse com um fio de cabelo fora do lugar provavelmente seria julgada até o dia do meu sepultamento.

Segundo, por que eu não mantive o contato com a Kiara? Ela é a pessoa mais incrível que eu conheço, me identifiquei com ela mais do que a maioria dos meus amigos (que diga-se de passagem não me mandaram nenhuma mensagem desde que me mudei).

Terceiro, como eu vou reagir com esses flertes do JJ? Ele é muito lindo, gostoso, e definitivamente o meu tipo de homem, ele sabe conversar, tivemos um papo muito bom no barco, e o pior: sabe que é bonito.

Quarto, hoje conheci três homens lindos e só to pensando em um, o que isso diz sobre tudo isso? Não sei.

Quinto, não estou preparada para um relacionamento agora.

Há cinco meses terminei com o amor da minha vida, ou pelo menos eu pensava que era. Nós estávamos juntos há 3 anos quando ele simplesmente me largou dizendo que não estava mais feliz no nosso relacionamento. Dediquei três fucking anos da minha vida pra uma pessoa pra no final ser chutada de lado. Doeu muito. Passei uma semana inteirinha no meu quarto, faltei todas as aulas de revisão das provas finais e criei trauma de namoros. E agora, aos 18 anos, pela primeira vez em muito tempo estou totalmente sozinha. Quero me conhecer, viver a vida e ter novas experiências, então, no momento, estou ignorando homens.

Eu tinha meus amigos, meu namorado, toda a minha vida feita em San Diego. Eu não era completamente feliz, mas conseguia controlar tudo o que acontecia. Eu era importante, e agora sou a novata numa cidade cheia de gente desconhecida que provavelmente nem lembra da minha existência.

Assim que eu e meu pai chegamos agradeci mentalmente por ter me arrumado mais do que apenas para um churrasco entre duas famílias, fui treinada para ler nas entrelinhas que quando alguém diz tradição, envolve mais do que um cara na frente da churrasqueira e mesas de plástico. O que era pra ser uma festa intimista está mais pra um brunch de boas vindas com direito a uma banda em cima de um palco montado no jardim e 30 pessoas desconhecidas.

— Anthony Mackie — vejo um homem se aproximar sorridente e cumprimentar meu pai com um aperto de mão — e você deve ser a Alexandra. Venha, vou te apresentar para a minha filha, tenho certeza que vocês vão ser grandes amigas.

Andei um passo atrasada dos dois, que conversavam. Descobri que o nome do homem é Ward e que ele tem uma empresa grande na ilha, mas parei de prestar atenção e olhava em volta percebendo cada detalhe da decoração, tudo parecia planejado com muito cuidado.

— Sarah, querida, venha aqui. — a garota loira andou até nós com a cara fechada, segurei um riso. Ela definitivamente não queria estar aqui. Vejo ela olhar para o pai e sua expressão muda para um sorriso um pouco forçado. Ward aponta a cabeça na minha direção, indicando para ela se apresentar.

— Oi, sou Sarah. Tudo bem? — estende a mão e eu cumprimento.

— Oi, Sarah. Lexi. — falo um pouco apreensiva mas dou um sorriso amigável — To ótima, e você? — assim que falo vejo seu sorriso vacilar um pouco e ela me puxa pela mão, para longe do seu pai.

Andamos em direção a um banco um pouco distante de todos.

— Não to bem, sabe. — suspira — eu não queria estar aqui hoje, acho um pouco absurdo o papai fazer um tipo de festa enquanto a menos de 5 quilômetros tem gente sem energia e água corrente.

— Eu acho que eu sou a culpada por isso. — sorrio sem graça — isso é um churrasco de boas-vindas, né. Tradição de vocês.

— Olha, tradição é sim, mas não precisa se sentir culpada porque isso não tem nada a ver com vocês — vejo a loira chegar mais perto e falar com um tom raivoso — meu pai adora mostrar que tem conexões, e dar uma festa apresentando os novos vizinhos ricos passa uma impressão de controle.

Ela passa a mão no cabelo e cruza os braços, mantendo seu olhar fixo em algo em sua frente. Estou um pouco confusa com o que ela falou agora, mas nada surpresa, a alta sociedade é a alta sociedade em qualquer lugar.

Sigo seu olhar e vejo dois caras do outro lado do gramado. Não seguro minha língua, sou curiosa, fazer o quê?

— Quem são? — aponto com a cabeça. Eles estão de lado, então não conseguem nos ver.

— Meu irmão e o bff dele. Não se desgrudam nunca. — olha pra mim pensativa enquanto continuo concentrada nos dois. Aparentemente um pré requisito para morar nessa ilha é ser um gostoso. — Quer conhecer eles?

— Não. — falo subitamente — agora não, pelo menos.

— Tudo bem. — dá de ombros.

Continuamos juntas a tarde inteira e quando chego em casa minhas bochechas estão doloridas de tantas risadas e minha cabeça mais leve após uma garrafa de vinho roubada da adega de Ward Cameron. Ah, também tenho mais três contatos salvos no meu celular.

Caio na cama de costas e chuto meus tênis dos pés enquanto encaro o teto rodando. Rio sozinha e fecho os olhos, caindo no sono.

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⏰ Última atualização: Aug 23, 2021 ⏰

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