CINCO

166 7 3
                                    

Minha pele arde, sinto que se eu sair vivo de mais uma, sairei pelo menos queimado, e morrerei de dor, mas eu preciso continuar, eu preciso pegar a caixa, eu preciso carregar ela pelo resto da minha vida, que talvez seja pouco.

Chego no porão, preciso sair logo daqui, está tudo em chamas, cacos de vidro no chão, tudo está um caos, quando vejo a caixa, percebo que ela está menor, talvez seja pra eu poder a carregar com mais facilidade, mas ainda não entendo o porquê da ajuda que eles, seja lá quem forem, me deram.

Saio correndo o mais rápido que posso, o fogo tomou conta de tudo, tento me desviar das tiras de madeira em chamas que caem sobre mim, talvez agora eu me junte com meus antepassados.

Avisto a porta, que ainda não pega fogo, logo a minha frente, preciso chegar até ela, a minha vida depende da minha saída daqui, quando penso em correr, o fogo estoura como uma bolha, nunca havia visto aquilo, aquele fogo saiu do nada e queimou tudo o que não estava queimado.

Minha respiração está quase encerrada e meus batimentos cardíacos querem acompanhá-la, eis aqui o meu fim, não, eu não posso, meu pai precisa de mim, eu preciso dele, preciso de meu amigo, preciso até de Anna. Na verdade, mesmo com poucas pessoas em minha vida, só agora percebo que minha vida é o que eu tenho de mais valioso, e agora querem buscá-la.

Eu sei que sairei queimado daqui, tenho certeza disso, mas tenho que cruzar aquele fogo, tenho que sair daqui agora, eu vou até 3 metros de distância atrás de mim, e sem pensar em mais nada eu saio correndo em direção a única saída.

O fogo arde em meu rosto, mas a adrenalina não me deixa sentir muita dor, na verdade, o fogo apenas arde, e nada mais, ele não me toca, acho isso estranho, mas agora sei a razão, estou em um campo de força, alguma coisa me ajudou novamente.

Quando saio, sinto apenas umas dores, sem queimaduras, sem nada, estou suando como quando viajei até o deserto com minha família, aah, essas lembranças me fazem cair na grama, e chorar, como uma criança em seu berço, pedindo por um colo, eu começo a lagrimar.

Uma dor se forma em meu estômago, ah meu Deus, há alguém em cima de mim, eu o empurro para o lado, e vejo um portal azul flutuante se fechar, é um garoto, ele também está tão desesperado quanto eu.

— Quem é você? — eu o questiono.

— Seu nome é Finn, e meu pai está tentando te matar. — ele tenta dizer algo a mais, mas sua voz falha.

— Quem é seu pai? — estou trêmulo.

— O rei dos mortos, amigo da própria morte, vivemos em um mundo diferente, eu te ajudei duas vezes seguidas, nós podemos mudar o mundo de vocês, mas há regras, a não ser que alguém deva morrer, aí as coisas mudam.

— Então qual é a razão de você estar como corpo?

— Achei que você era mais esperto, eu te ajudei, por pena, e fui banido, agora estou condenado à uma segunda morte, porém natural. — Ele ri olhando pra cima.

— Obrigado, mas desculpe, ainda estou confuso, como é seu nome?

— Marek, futuro rei do reino da morte, não, talvez não mais. — nome estranho, mas, ele parece ser importante.

— Bem, vamos sair daqui antes que seu pai faça chover pedras em cima de mim.

— Não duvido disso. — Marek riu.

~~~

Estamos indo a caminho da estação de metrô, eu não falo nada, apenas fico pensando na possibilidade de minha vida voltar ao normal, não sei onde meu pai está, minha mãe está em choque, e Chuck é imortal até que eu morra.

A Profecia MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora