Tempestade

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                          °P.O.V Jão°

                 _Ainda naquela noite_

Pego meu capacete e vou até a garagem, monto na moto assim abrindo a garagem e dando partida para sair.

As lágrimas ainda se fazem presentes no meu rosto, andando sem rumo nas ruas vazias dessa cidade encontro um lugar familiar

Jão -- O mercadinho da Madame.. - quanto tempo não via esse lugar

Entro no local, logo avistando a Madame

Madame -- Quanto tempo Jão ! - ela sorri - Senti sua falta, faz um tempinho que você não aparece por esses cantos da cidade

Jão -- Verdade Madame - sorrio - Vejo que as coisas mudaram por aqui - olho ao redor

Madame -- E pelo meu ver, não foi apenas o local - ela olha para mim - Você também mudou bastante meu jovem, o que tem feito da vida ? - enquanto escuto suas palavras vou pegando alguns salgadinhos, e mais bebidas alcoólicas, hoje a noite promete..

Jão -- Sabe, tenho trabalhado como professor de música, consegui uma casa e consegui minha moto novamente - aponto para fora onde a minha amante está

Madame -- É realmente uma bela moto - novamente ela sorri - Fico muito feliz que tenha realizado tantas coisas, mas me diga, até você mudou seu visual - fico sem fala por alguns minutos

Jão -- Ah, eu não sei o que aconteceu, apenas aconteceu - sorrio - Tô parecendo um tio né ?

Madame -- Perdão por dizer - ri - Mas sim, está parecendo - observa minhas roupas - Mas você sempre foi estiloso, mesmo usando um óculos, com calça xadrez vermelha, uma camiseta preta e tênis - ela basicamente descreve minhas veste ali mesmo

Jão -- Te agradeço Madame - me aproximo com as mãos cheias de coisas - A senhora também mudou, ficou mais linda - sorrio

Madame -- Assim você me deixa sem graça - um sorriso sem graça aparece enquanto ela vai passando as coisas - Três litros de vodka ? - me olha assustada - Cuidado rapaz você está dirigindo

Jão -- Madame, só vou beber em casa

Madame -- Assim espero hein - continua passando - 150 reais - pego minha carteira e entrego uma nota de duzentos, ela me dá o troco logo em seguida - Obrigada pela visita, e por comprar aqui - ela sai do balcão e me abraça - Foi bom te ver novamente

Jão -- Igualmente Madame, prometo voltar mais vezes, e quem sabe para nós tomarmos um café

Madame -- Vou adorar sua presença - me acompanha até a saída, coloco as mercadorias no banco da moto - Até mais meu jovem !

Jão -- Até mais Madame ! - travo o banco da moto, monto e vou embora

                              / / / /

Vou até uma das praças mais abandonadas da cidade, estaciono a moto, saio de cima e destravo o banco. Pego as coisas e fico por ali na praça mesmo, abro um litro de vodka e viro inteiro na boca, aquilo desce rasgando tudo o que tem de direito

Jão -- Caralho isso queima - abro um dos salgadinhos - O que eu não faço pra te esquecer né ? - me sento na guia da calçada e fico ali, sentindo o frescor da madrugada e ficando bêbado aos poucos

Em poucas horas a vista já estava turva, assim me levanto para ir embora

Jão -- Opa opa opa ! - me apoio na moto e começo a rir pela situação - Hora de ir embora - termino a garrafa em uma virada - Foi bom enquanto durou colega, agora tchau - jogo ela em algum lugar pelo o qual ela se quebra por completa, causando um puta barulho - Merda deixa eu ir embora logo ! - monto na moto, dou partida e vazo dali

No caminho sinto meu corpo flutuar da moto, como se eu nunca estivesse ali, minha cabeça parenta girar, tento me concentrar para não me acidentar

Jão -- Não acredito ! - sinto os pingos fortes da chuva no meu cabelo, e aos poucos fico encharcado - Tenho que chegar em casa logo - acelero

                             / / / /

               Chegando em casa

Jão -- Merda me molhei todo - começo a rir, com as sacolas na mão, vou e coloco na bancada

Jupiter -- Onde cê tava ?

Jão -- Puta que pariu - me encosto na parede com a mão no peito - Tem como me devolver as chaves da minha casa ?! - falo embolado por conta da bebida

Jupiter -- Cê ta bêbado ? - se aproxima

Jão -- Não sou obrigado a dar satisfação da minha vida - me afasto e quase caio de cara no chão, por sorte Jupiter me segurou

Jupiter -- E eu não é minha obrigação te ajudar - me solta e eu caio de cara no chão

Jão -- Aiii ! - rolo no chão - Ai ai ai - começo a choramingar - Que maldade fazer isso - me arrasto até no sofá

Jupiter -- E que maldade ser grosso - vê meu sacrifício pra sentar no sofá - Você não é o mesmo

Jão -- Tem como parar de falar isso ?

Jupiter -- João você tem que mudar esse seu jeito - se aproxima - Desde quando você e o.. - pausa na hora

Jão -- Ago ? Desde quando eu e o Ago se separou, eu estou diferente é isso ?!

Jupiter -- Sim é isso ! - me observa com raiva - Desde aquele dia você se tornou esse cara durão, ignorante e grosso ! - me levanto, pego um copo e encho de whisky - Todo final de semana que eu venho aqui você ta bêbado, sempre sozinho, quem você se tornou ?

Jão -- Eu sempre fui o mesmo

Jupiter -- Agora você mudou - em um só gole, o whisky desce queimando por minha goela

Jão -- E quem vai ser você pra mudar isso porra ? - taco o copo longe - Vai embora Jupiter !

Jupiter -- Eu não vou embora

Jão -- Vai embora logo porra ! - me aproximo dele, assim vou empurrando até ele sair - Vai embora ! - paramos no quintal, a chuva já nos molhava por inteiro

Jupiter -- Você é um idiota por ter ficado com o Ago, foi um idiota que amou sozinho ! - suas palavras me machucam como facas - Você, apenas você ! - aquilo já foi a gota d'água

Jão -- Eu fui um idiota por ter sido um brinquedo pra ele ! Eu fui um idiota por ter amado sozinho, eu sei ! - me ajoelho com as lágrimas correndo pelo meu rosto, levanto a cabeça e olho para os olhos de Jupiter - Mas pelo menor eu amei, não fui um idiota com ele - me desabo nas lágrimas

Jupiter -- João.. - me abraça - Me desculpa irmão

Jão -- Vai embora Jupiter, eu quero ficar sozinho - me afasto dele - Só vai embora por favor

Jupiter -- Ok - ele se levanta e se retira

                        °P.O.V Jupiter°

Ao chegar no carro, ouço seu grito de dor. Meu irmão não deveria ter se transformado em alguém assim por quem não vale a pena, e eu também não deveria ter falado tudo aquilo

Pablo -- Ele tá bem ?

Jupiter -- Não, mas espero que fique - entro no carro e saio da residência


Jão T-2Onde histórias criam vida. Descubra agora