Eu queria morrer.
Okay, talvez não literalmente. Mas sumir por alguns dias me parecia uma ótima idéia.
Nesse momento eu estava sentado no fundo do meu prédio, fumando como sempre. Minha realidade me fazia querer continuar sentado naquele banco olhando o céu por toda a eternidade, sem jamais levantar um dedo sequer.
Eu estava completamente perdido.
"Um repetente com notas baixas, propensio a vícios e a episódios de raiva descontrolada. Frequentemente envolvido em brigas e em outras atividades não incentivadas"
Essas eram as palavras tocantes que meu diretor gentilmente escreveu para meus pais, em uma de suas advertências casuais.
E é claro que meus pais, como boas pessoas semi-presentes que são, fizeram o que qualquer um faria: me enviaram um e-mail. E-mail esse a qual eles pareciam inconformados, expressando sua total repreensão com meus "comportamentos impróprios". E me "informando que eles tomaram precauções para que isso não se repetisse."Em outras palavras, contrataram um professor particular.
Seu nome era Takashi Shirogame, ou Shiro, como eu gostava de chamar.
Shiro aparecia três vezes por semana, pontualmente as 17:30, com suas aulas sobre química, física e todos as outras matérias que poderiam envolver números chatos. Ele era um estudante de Astrofísica, filho de amigos próximos dos meus pais, e também o homem mais certinho que eu já virá em toda a minha vida. Não bebia, não fumava, sem nenhum antecedente ou mal historico em lugar algum..."Um bom exemplo" como minha mãe chamava.
Um puta gostoso, como eu chamava.
Soltei a fumaça mais uma vez, e a observei formando figuras no céu e desaparecendo. Que belo exemplo eu era. Um deliquente cujo os pais viviam viajando, que só tirava notas baixas e que gostava do seu professor particular. Que maravilha.
- Keith? - uma voz conhecida me tirou dos meus devaneios - Você esta fumando? - quando me virei, Takashi estava parado lá, segurando seus livros rotineiros e me olhando com um olhar nada aprovador.
E lá estava minha parte favorita do dia.
- Olá, professor. - eu disse me levantando e jogando o cigarro fora - Me desculpe, você queria uma tragada?
Em meio a todo aquele caos que era minha vida, provocar meu professor perfeitinho era meu passa-tempo favorito.
Ele levantou uma sombrancelha e me olhou dos pés a cabeça, para depois se virar.
- Vem, vamos subir.
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- Então pra terminar, você divide tudo por dois e tem o resultado final.
Shiro estava sentado do meu lado, explicando novamente uma equação que eu simplesmente não conseguia aprender. Parte por eu não saber matemática muito bem, e parte por não conseguir parar de o admirar.
De uns tempos pra cá comecei a prestar mais atenção nele. Talvez pelo fato de na maior parte do tempo eu só ter ele de companhia? Talvez. Mas eu sabia que não era só por isso também.
Eu não gostava de admitir, mas talvez eu tivesse de fato uma pequena quedinha pelo meu mentor. Mas a culpa não era minha! Ele era muito, mas muito bonito, e sempre me travava muito bem também. Ele me enchia de elogios toda hora, coisa que normalmente as pessoas não faziam, e sempre estava lá por mim.
Mas mesmo assim... eu queria saber mais sobre ele.- Você entendeu essa, Keith?
- Você já fumou, professor?
Sua expressão tranquila mudou repentinamente para a que eu havia visto mais cedo, com mais repreensão e menos gentileza. Eu gostava especialmente dessa.
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Marlboro Nights
FanfictionEm um mundo onde Keith não aguenta mais ver seu professor certinho ser tão certinho, e decide ensinar ao "Sr. Aulas particulares" um pequeno truque adolescente. Ou Onde Shiro aprende a fumar.