Sweet Blood • Taekook

Capítulo 1

— Feliz aniversário — a garrafa de vidro foi pousada em cima do balcão de mármore. O líquido viscoso brilhava com a luz branca da lâmpada presa no teto; sustentada por fios elétricos. O vermelho escarlate parecia respirar de tão vivo que estava.

— Estou fazendo vinte anos pela... O quê? Décima segunda vez?! - a retórica foi expulsa depois de tirar o cigarro dos lábios, apagando-o sem antes expulsar a fumaça pela boca. Colocou-o dentro da pia como de costume.

— Tem sorte por ter parado nos vinte. — Passou a língua por um dos dentes afiados, sentindo um pouco de inveja por não ter parado em uma idade consideravelmente jovem. - Pausei nos trinta e três. Infelizmente.

— Eu nasci depois de você. — Deu de ombros, desencostando-se da estrutura não muito alta do lado da pia. Deu dois passos a frente e alcançou a garrafa que seu irmão havia colocado em cima da pedra limpa. — O que é isso Seokjin?

— Notei que por você ter nascido depois que eu é bem, mas bem mais burro. — Zombou, alargando o sorriso. — Está perdendo a visão ou está aprendendo a fazer perguntas estúpidas como o seu amiguinho faz?

Taehyung estalou a língua no céu da boca.

Para conviver com Kim Seokjin a paciência era extremamente necessária. O mais novo já era impaciente, agora com o mais velho sempre por perto, o ponteiro disparava até ao limite; o máximo dos máximos. Por vezes Seokjin até ultrapassava os tais limites, mas amenizava a situação no segundo seguinte como se não tivesse feito absolutamente nada. Não era uma característica ruim, nem boa, e sim uma neutra; dependia do humor de cada um.

— Eu não bebo sangue humano — ignorou a provocação anterior, comentando após analisar e balançar o líquido do bico a base que se encontrava dentro da garrafa de vidro de um litro e meio.

— Mas deveria — desfez lentamente o sorriso. Agora, Seokjin olhava atento para o irmão.

— Não vamos ter novamente essa conversa, vamos? - Suspirou ao pousar a garrafa. — Eu saio daqui se estiver pensando nisso.

— Não, você não vai sair. — Ordenou com seriedade. — E sim, nós vamos ter outra vez a mesma conversa. Você até pode pensar que nós, vampiros, somos imortais. — Taehyung torceu o pescoço. — Ok, nós somos imortais. — O mais novo sorriu, abanando a cabeça por ter razão. — Somos imortais ao ingerimos sangue humano. Você não repara que está morrendo aos poucos?

— Disse isso há dois anos atrás, ano passado, fala sempre a mesma coisa, e olha... Surpresa, estou vivo — levantou os braços, balançando as mãos. Um sorriso sarcástico pôs-se nos lábios rosados, desaparecendo em breves segundos.

Kim Taehyung não se alimentava de líquido humano há anos. Deixou de o fazer depois de parar de falar com os pais e ter tomado a decisão de dar início a um trajeto totalmente aleatório e sem planejos algum. Poderia ter ocorrido muito, mas muito mal, mas nada aconteceu. Conseguiu encontrar um lar onde o dominou como seu, isto após notar que ninguém era responsável pela casa pequena que começou habitando ao lado de alguns trilhos quebrados e uma estrada extensa, infinita ao olhos.

Somente 40% da população ainda era humana, o que era mau, péssimo, na verdade. Os vampiros foram acabando com os seres humanos e os seres humanos com os vampiros. Desde o início da guerra que começou quando Taehyung ainda era uma criança, em meados do século dezoito, o planeta terra ameaçou ruir, ruindo após a ameaça.

O mais novo nunca deu tanta atenção e importância para isso quando pequeno porque mal sabia o que estava acontecendo, portanto sempre tratou humanos e vampiros por igual, nunca realçando as qualidades de um ou os defeitos de outro. Conviveu com os dois lados até aos quatorze anos sem problemas, só que quando atingiu os quinze tudo pareceu desmoronar. Seus pais o proibiram de encontrar-se com humanos, pois diziam serem seus rivais.