Capítulo 3

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Sou acordada por uma luz vinda de um dos meus lados. Sinto-me encurralada e dou uma olhadela em meda à minha volta. Estou ligada a imensas máquinas com imensos tubos a incomodarem-me. Tento ver-me livre deles mas ouço uma voz que me faz parar.

Perante mim estava um jovem que me deixa maravilhada que tem vestido uma bata branca com um sorriso deslumbrante na cara.

-Bom dia? Sabe-me dizer o seu nome?-pergunta.

Esta pergunta trás muitas outras comigo para a minha cabeça. Quem sou eu? Onde estou? Eu só sei que não me lembro de nada. Acordei com uma imagem de uma menina e sua mãe a dançarem debaixo de um sol radioso, com os cabelos soltos, as duas a rirem imenso sem preocupações mas parece nada disso está a acontecer neste momento. Não tenho qualquer tipo de memória na minha cabeça o que me deixa aflita e com vontade de gritar. Preciso de respostas e em total desespero pergunto: -Quem sou eu? Aonde é que estou? Quem é você?

-Eu sou Jamie, o médico encarregado pelo teu caso. Encontramo-la num mau estado mas vai melhorar só tem que ficar sossegada e manter-se calma- diz ele mas eu reposto logo de seguida: -Como é que quer que eu fique calma se não sei quem sou! Diga-me por favor- e ao dizer isto começo a chorar. Ele ampara-me com uma mão no ombro limpando uma das lágrimas que corria na minha face mas eu afasto-me. Não quero que um estranho me toque neste momento de fraqueza e confusão.

-Eu vou chamar a enfermeira, volto já de seguida.- diz ele aclarando a voz de seguida.

Ao entrar no quarto com uma enfermeira a trás de si dizendo qualquer coisa que não consigo nem quero ouvir, só penso no quão confusa estou. Quem sou eu? Não me lembro de nada, nada, nada. Vasculho por todo o meu cérebro mas nem sombra de lembranças. Parece que estive a dormir desde se nasci e só agora acordei passado... quantos anos? Nem isso eu sei.

Tenho cede, muita na verdade.

-Poderia dar-me um copo de água? Estou com cede.- digo eu olhando para a enfermeira que apontava algo olhando para as máquinas ligadas a mim.

-Sim minha querida, espere só um minuto.- diz ela fazendo um sorriso forçado de mais para mim.

Saiu do quarto deixando-me ansiosa por água mas, para minha surpresa quem aparece com a minha água é Jamie.

-Aqui tem.- diz ele entregando-me a água tocando na minha mão quente em comparação à sua.

Bebo a água fresca que me acaricia a garganta a sua passagem e enquanto isso, Jamie não tira os olhos de mim. É um homem muito encantador e com um aroma bastante agradável.

-Procure na sua memória o mais profundo possível.- diz e passado muito pouco tempo continua -Lembrasse de alguma coisa?

-Não. Não me lembro de nada. Já tive uma vida certo?

-Sim Lana, já teve -diz ele a rir educadamente. E enquanto o silêncio reinava entre nós eu apercebo-me que o meu nome é Lana.

-E família? Eu tenho alguém?- pergunto.

-Lamento mas só me tem a mim. -diz ele.

-A si?- pergunto incrédula sentindo saudades de pessoas que não me lembro de conhecer, mas sinto carinho.

-Sim, eu fiquei encarregue de si, de lhe ensinar tudo o que sei, de lhe mostrar tudo o que tenho e não tenho apesar de não me conhecer pode confiar em mim.

Será que posso? Jamie é a minha única esperança neste momento de solidão neste mundo desconhecido cheio de mistérios que sinceramente não quero descobrir sem ninguém ao meu lado.

-Isto só acontece se você quiser. Não tem que decidir nada agora.- continuou e de repente apareceu uma enfermeira que cumprimentou Jamie com um enorme sorriso quase a derreter dirigindo-se para as máquinas a que eu me encontrava ligada sem deixar de tirar os olhos dele. Vindo do nada, uma espécie de ciúmes apoderou os meus pensamentos e, talvez alto de mais, eu disse: -Jamie, você é o mais próximo de família que tenho. Não tenho como recusar.- e ao dizer isto, um sorriso instalou-se nos seus lábios. Um sorriso que não cansa.

-Ótimo. Depois teremos que tratar de alguma papelada. -e ao dizer isto dirigiu-se para a porta de saída do meu quarto enquanto os meus olhos o perseguiam durante todo o percurso e para meu espanto, ele parou na porta e olhou para mim. Eu soltei um pequeno sorriso e ele fez o mesmo deixando-me sem respirar.

Durante o resto do dia, muitos foram os enfermeiros que entraram no meu quarto mas não tive mais sinal nenhum de Jamie.

Pelos vistos não posso ir a casa de banho sozinha e a "televisão" (não me lembro bem do nome utilizado pela enfermeira de mãos demasiado enfeitadas, mas penso ser este) ofereceu-me uma grande dor de cabeça.

A noite chegou e presenciei um acontecimento que nunca mais me esquecerei, o "por de sol" (nome dado pela mesma enfermeira que me mostrou o instrumento de tortura à cabeça). Foi magnífico. Gostava que alguém tivesse visto aquele momento comigo.

Nos três dias seguintes só tive contacto com Jamie de manha e era só para tratarmos de assinar e ler imensos papeis que ele trazia consigo para poder ficar encarregado de mim "até você se cansar de mim" disse ele um dos dias com um sorriso que curiosamente se tornou muito nostálgico de seguida.

No quarto dia, Jamie não trazia papeis mas sim um saco que parecia cheio. Entregou-mo dizendo: -Vista-se, estaremos lá fora a sua espera.

LanaWhere stories live. Discover now