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— Juliette, minha filha, você irá se atrasar mais uma vez.

— Já estou de pé, mãe, pronta pra passar mais um dia naquele inferno de lugar. Não é fantástico? — Respondeu irônica.

— Só precisa aguentar mais seis meses, filha. Depois disso vice irá para a faculdade, irá poder ir para onde quiser ir, mas não acho que vale a pena trocar de colégio agora — Respondeu enquanto colocava um prato com ovos mexidos e bacon em cima da mesa. Juliette sentou-se na frente do prato e começou a comer rapidamente. Odiava sua mãe te apressando diariamente para que não chegasse atrasada no colégio.

— Sua mãe tem razão, filha... — Disse enquanto beijava o topo da cabeça de Juliette e a Sérvia com um copo de suco de laranja. — Bom dia, querida.

— Vovô eu pensei que o senhor me amasse. — Respondeu incrédula. — Estão conspirando contra mim? Vovô... — Disse apontando o dedo para o senhor grisalho que agora se encontrava sentado à sua frente. — Eu não esperava isso do senhor.

— Mas eu amo e muito. Porém, sua mãe tem razão. Além do mais, esse colégio é bem mais perto da nossa casa.

— Eu não me importo de dirigir um pouco mais vovô.

— Juliette, não iremos voltar nesse assunto de novo, por favor. Você vai ficar no colégio Withmore e pronto. — Disse enquanto pendurava sua bolsa no ombro e pegava as chaves do SUV em cima do balcão. — Agora da um beijo na sua mãe que chegar atrasada nos compromissos já basta você.

Juliette riu para sua mãe e beijou seu rosto. Pegou sua mochila que estava repousa da em cima da bancada e aproximou-se do seu avô com um enorme sorriso no rosto.

— Tenho que ir, vovô. — Disse beijando o rosto do seu avô. — Vejo o senhor mais tarde.

— Tchau minha linda. Tenha um ótimo dia.

— Você também vovô.

É segui em direção a garagem, logo atrás de sua mãe.

Destrancou a porta do seu Fusca modelo 1939 verde azeitona e acomodou-se no banco do motorista repousando a sua mochila no banco do lado. Encaixou a chave na ignição, deu a partida e deixou a propriedade dos Freire com o seu avô na porta da entrada da casa acenando pra ela.

•••

Ao passar pelo portão do estacionamento da escola, Juliette notou que havia somente uma vaga disponível e infelizmente, era ao lado do carro de luxo do garoto mais popular e igualmente baba a da escola: Rodolffo Matthaus.

Rodolffo estava encostado no porta-malas do seu carro, com uma garota que parecia ser sua namorada e mais os amigos deles ao redor, conversando e zuando despretensiosamente.

Ao notar o Fusca de Juliette se aproximando, todos pararam subitamente oque estavavam fazendo, para acompanhá-la com o olhar. Um nó se formou na garganta de Juliette. Mas mesmo assim, criou forças dentro de si, forças que nem sabia que possuía e estacionou seu carro ao lado do de Rodolffo.

Desligou o motor, pegou sua mochila e enquanto trancava a porta, ouviu Rodolffo rosnar:

— Você deveria tirar esse lixo daqui.

— E você deveria deixar de ser tão babaca, está ficando extremamente tedioso. — Disse enquanto colocava a alça da mochila em meu ombro direito.

Os amigos de Rodolffo começaram a vaiá-lo e questioná-lo se ele iria deixar barato, mas quando ele ia se aproximar de Juliette, apareceu o diretor do colégio, senhor Rolland.

— Acho bom vocês começarem a ir entrando, agora! — Ordenou no seu tom sempre firme. Rodolffo, a garota que o acompanhava e o seus amigos começaram a se mover.

— Isso não vai ficar assim Juliette. Não mesmo. — Disse apontando seu dedo indicador para a garota. A garota acompanhava tudo com um sorriso debochado estampado no rosto enquanto entrelaçava seus dedos nos de Rodolffo. Juliette só conseguia se questionar oque fazia uma garota se submeter a isso.

— Idiotas. — Disse para ninguém em particular.

— Ta tudo bem senhorita Freire? — Questionou ao notá-la pensativa.

— Está tudo bem senhor Rolland. Eu agradeço. — Disse enquanto caminhava apressadamente para entrar no colégio.

•••

— Posso entrar? — Questionou Juliette após bater três na porta da sua sala.

— Novamente atrasada, senhorita Freire? — Juliette assentiu.— Entre por favor. Espero que não ocorra uma próxima vez senão, não terei outra opção a não ser mandá-la conversar com o diretor. Quando atrasos tornam-se corriqueiros, medidas devem ser tomadas. Não toleramos isso aqui.

— Compreendo e me desculpe,senhorita Aida. — Disse seguindo para a sua cadeira. Ao entrar na fila onde se sentava, notou que a garota que viu com Rodolffo segundos antes, havia ocupado a carteira ao lado da sua. Tentou apenas ignorá-la, mas o sorriso cínico nos lábios da garota eram extremamente irritantes. Sentou-se no seu lugar e tirou seu material da mochila.

— Bom pessoal, como vocês devem ter percebido temos uma aluna nova. — Disse a professora apontando para a garota ao lado de Juliette. Esta, por sua vez, olhava para os demais alunos sorrindo simpaticamente. — Seu nome é Sarah Andrade. Ela veio de Sin City, e estudava no colégio de mesmo nome lá. Quero que vocês deem um "Bem-vinda Sarah."

Todos na sala responderam em uníssono, exceto Juliette.

•••

A

manhã tinha passado dolorosamente lenta para ela e para ajudar, as aulas da senhorita Aida ocuparia tanto as primeiras, como as últimas aulas do dia, mas para Juliette estava impossível prestar atenção na aula.

Após dar o horário do intervalo, Juliette apenas se levantou para ir para a biblioteca como fazia comumente, mas ao virar no corredor, encontrou Rodolffo, Sarah e sua trupe. Ao vê-los, Juliette pensou em voltar pra trás, para a sua sala, mas já era tarde demais, Rodolffo já vinha em sua direção. Ao se aproximar dela, ele a empurrou  com toda a força nos armários. Uma dor dilacerante atingiu o ombro direito de Juliette, obrigando-a a fazer uma careta de dor.

— Aí Juliette, pensou que iria ficar por aquilo mesmo? Ainda não acabou. — Ameaçou.

Todos os amigos de Rodolffo riam alto pelo corredor, exceto Sarah que a olhava com uma expressão preocupada no rosto.

— Eu, você esta bem? — Disse Carla, melhor amiga de Juliette enquanto a ajudava a desencostar do armário. Juliette ainda fazia careta de dor. — Caramba, Juliette, estão a cada dia pegando mais pesado com você. Te machucaram?

— Não, Carla. Obrigada. — Disse recuperando a postura. Os olhares no corredor a fuzilhavam. Outros riam baixo e disfarçadamente, outros apenas pareciam indignados.

— E se te machucarem um dia, Juliette? Você precisa ir até a direção e falar oque está acontecendo. — Carla transparecia desespero.

— Pra que? Para que peguem ainda mais pesado comigo? Você sabe, o pai do Rodolffo é praticamente dono desse colégio. Ninguém faria nada com ele. Ele é intocável. No máximo, três dias de suspensão.

— Que ficar comigo durante o intervalo? — Convidou Carla ainda preocupada.

— Não, eu vou até a biblioteca, vejo você depois.

— Tem certeza?

— Absoluta. Nenhum desses idiotas entraram lá, pra nada. — Disse sorrindo para a amiga que apenas assentiu e seguiu para a biblioteca logo em seguida.

><

Continua...

Todos os créditos vão para @dudaization

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