II

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Juliette voltou do intervalo assim que o sinal tocou. Ao voltar a sala, notou que havia retornado muito depois que a maioria dos aluno, oque pra ela era estranho, já que Rodolffo é seus amigos eram os que ficavam sempre por último no corredor, até alguns inspetor obrigá-los a entrar na sala de aula.

Ao se sentar, inevitavelmente foi atingida por uma dor no ombro direito causado pelo impacto com os armários, então levou a mão para segurá-lo e captou o olhar curioso e preocupado de Sarah em sua direção.

— Voce está bem?

— Isso lhe importa? Não preciso de alguém que finja preocupação comigo.

— Olha, estar com ele não significa que eu o apoie em tudo que ele faz.

— Ok.— disse Juliette, dando de ombros, Sarah olhou pra ela mais alguns instantes, até a voz da professora capturar a sua atenção. O olhar curioso é preocupado da outra deixava Juliette um pouco incomodada. Se sentiu absolutamente aliviada quando a professora começou a falar.

Alguns trovões cortou o céu e não demorou muito para que uma chuva grossa começasse a cair violentamente. Os olhos de Juliette foram totalmente desviados para as gotas que batiam com força no chão lá fora. A voz da professora ficou sem som algum e de repente, pensamentos vinham em sua mente. O ano todo desse colégio tinha sido um verdadeiro inferno pra ela. Não aguentava mais Rodolffo e sua trumpe mirabolante e agora, apareceu mais uma garota para unir-se a eles e incomodá-la. Oque faz uma garota se aliar à pessoas como eles para incomodar outra garota? Caramba, cadê a sororidade, a compaixão, a empatia? Bom, tem seres humanos que são incapazes de sentir tais sentimentos. É como se a consciência os faltasse. Essa era a única explicação lógica que Juliette havia encontrado para descrevê-los.

Todos os devaneios de Juliette foram interrompidos por uma carteira encostando na sua.

— Desculpe atrapalhar os seus pensamentos, mas a professora Aida ordenou que fôssemos duplas nesse trabalho estúpido de física. — disse sentado-se ao lado de Juliette.

— Sério? Vou falar com ela.— disse se levantando, mas o toque quente da mão de Sarah em seu pulso a impediu de prosseguir em direção a mesa da professora e uma dor dilacerante fez Juliette se encolher com uma careta no rosto.

— Me desculpe, Juliette. — disse preocupada. — Eu só queria dizer que não adianta a você ir pedir para ela trocar de duplas, eu já fui lá. — Juliette se sentou. — Sério, se estiver muito dolorido seu ombro, precisa urgentemente ir a enfermaria.

— Olha, como eu disse antes, você não precisa se preocupar comigo, não falsamente. — disse Juliette grosseiramente.

— Não estou sendo falsa.

— Eu não confio no que você diz.

— Não precisa confiar em mim.

— Ótimo... Se você não quiser fazer esse trabalho "estúpido", — disse fazendo um sinal de aspas com as mãos. — Pode deixar comigo. Eu faço e entrego com o seu nome.

— De forma alguma.— protestou. — Eu quero fazer metade. Pode ser?

— Ué, achei que gente da sua laia não gostava de estudar. — Sarah apenas respirou fundo sem olhar para Juliette. — Tanto faz, traga a sua parte pronta uns dias antes da entrega para que possamos acertar alguns pontos.— Disse dando de ombros. Abriu o livro e começou a ler o conteúdo obrigatório para a realização do trabalho, Sarah fez o mesmo.

Após longos minutos em silêncio, o sinal da saída soou por toda a escola. Ambas as garotas se levantaram, arrumaram suas coisas e Sarah saiu na frente com Juliette indo logo atrás dela.

Nós Duas (Adaptado) Onde histórias criam vida. Descubra agora