— Valeu pela carona Nate... — meu melhor amigo diz, se despedindo de mim.
Tyler era incrível sabe, mas não dava pra negar que esse cara conseguia ser mais fechado que eu.
— Ah, imagina. Sem problemas. Qualquer coisa me liga.
— Ok. Obrigado, mesmo...
Aceno para ele dando partida no carro outra vez e indo em direção a minha casa.
Eu estava cansado até. Tinha acabado de sair da escola. Era setembro. O ano estava quase acabando, o que era bom, mas todo mundo já não aguentava mais ter que ir pras aulas.
Estacionei o carro na garagem e desci com a minha mochila, vendo pela janela minha madrasta cozinhando.
Eu estava morrendo de fome, então yay!
— Anh... cheguei pessoal.
— Nathan? Oi! — Grace sorri pra mim com aquele jeito todo fofo.
(E sim, meu nome é Nathan, não Nate. Nate é apelido)
— Oi... Cadê o papai?
— No escritório — ela responde.
— Certo...
— Oi Nathan! — meu meio irmão mais vem pro meu lado todo animado.
— Ah, oi Ben... tudo encima?
— Eu estava pensando...- — ele tenta falar mas eu o corto.
— Desculpa Ben, lição de casa. Vou ver o papai e estudar, tô cheio. Até o almoço gente. — respondo sem jeito e saio o mais rápido.
Entro pelo corredor do escritório, e dali dava para ver as outras pessoas chegando em casa pelas janelas de vidro sabe?
Sei o que elas pensavam. Todos pensavam sobre mim e todos os outros.
Eu era só um mauricinho qualquer que estudava numa escola paga, que o pai era médico e rico e que tinha uma casa quase do tamanho de uma mansão.
Acho que entendo o por que as pessoas sempre me julgam, mas isso não quer dizer que não é complicado as vezes.
Eu sei que o dinheiro sobe a cabeça, sei o que ele pode fazer com o ser humano, já vi isso com meu pai, vejo com a minha madrasta, com meu meio irmão (ou talvez eu só esteja exagerando). Tento mudar algo, mas nunca da muito certo.
Sinto falta de quando mamãe era viva. Sinto falta dela.
Depois que ela se foi, por uns tempos achei que tudo ia melhorar. Que as pessoas iam finalmente me enxergar como alguém normal.
Pena que não durou muito.
Era sempre assim. Eu odiava se eu, odiava ser o Nathan Alex Gilmore, filho do médico mais famoso do pais.
Odiava.
Pelo menos eu consegui achar um ou dois amigos de verdade então podia ter sido pior, mas não mudava que eu odiava ter que fazer amizades arranjadas e a pessoas vindo para cima de mim por causa do dinheiro.
Só entrei no escritório para falar um oi mesmo, e fui pro quarto.
Fazer o que? Nada ué. Quer coisa mais legal pra fazer?
Liguei os fones e fiquei ouvindo música, até que percebi que acordei. Já era bem tarde e caralho, não era que eu nem tinha percebido que tinha caindo no sono?
E meu deus, parecia que eu ia morrer de fome.
Desci as escadas, e eu podia sentir o cheiro de coisas sendo assadas.
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City Lights
RomanceNada é o que parece. Ninguém é quem você pensa que você é. Só as experiências podem te mostrar a verdade, e só quem se aproxima e quer se aproximar, pode te conhecer. Toda cidade tem caos, toda pessoa tem o ruim dentro dela, todo mundo tem seus trau...