Na primeira página da nossa história, éramos apenas dois adolescentes descobrindo como o mundo funcionava pela primeira vez.
Quando fugimos de casa tarde da noite, nos encontrávamos às escondidas e corríamos para a casa da árvore perto da praça do condomínio. Nos abraçamos e aproveitamos as noites conversando, lendo, repartindo os mais obscuros segredos ou assistindo um filme qualquer, apenas porque somente a companhia um do outro bastava.
No segundo capítulo, um ano depois, nos beijamos pela primeira vez. Com 14 anos, não era seu primeiro beijo, mas foi o meu. Você sempre me fazia sentir borboletas no estômago, e foi um momento tão especial, eu me senti verdadeiramente feliz, talvez até amada.
Mas então começamos a desenvolver hormônios e entrar no ensino médio, você já não fugia para a casa da árvore com frequência. Mesmo que eu fosse para lá todas as noites, descontando minha decepção nos livros e estudos.
Na escola, Rafe era popular, capitão do time de futebol e famoso entre as meninas. Seus cabelos estavam mais compridos, desenvolveu músculos e um sorriso extremamente perigoso. Não demorou para aparecer com a primeira namorada.
Meses depois, já não nos falávamos mais, e aquilo teve um impacto grande em mim. Eu sentia falta dos seus abraços, das brincadeiras, da amizade íntima que possuíamos.
Dois anos depois, acabamos o ensino médio. Maddison me arrastou para a festa de formatura, odeio admitir mas valeu a pena. Eu estava com um vestido longo, verde esmeralda com uma fenda na perna direita. Uma maquiagem leve, cabelos soltos e um salto prata.
Todos estavam animados, ansiosos por começar uma nova fase, a tão esperada faculdade.Festas, sexo, festas, decepções estudantis e mais festas universitárias.
As férias de verão nunca estiveram tão próximas, poderiam ser ouvidos os gritos histéricos de felicidade dos estudantes a quilômetros. Rafe estava entre eles, com um terno azul escuro e um sorriso capaz de iluminar o quarteirão, agora mais famoso ainda, agarrado à nova namorada.
E quando os chapéus de formatura foram jogados para o alto, senti um enorme orgulho de mim mesma relembrando de tudo que passei para conseguir esse diploma. Sozinha.Ao contrário de toda a turma, voltei cedo para casa, eram onze da noite e amanhã eu completaria dezoito anos. Precisava parar para pensar.
Entrei em casa em passos leves com os saltos na mão, fui até meu quarto e tirei o vestido, colocando uma calça de moletom e uma regata preta, prendendo os cabelos, corri para meu lugar secreto.
Peguei um saco de salgadinhos, arrumei umas almofadas no chão e continuei minha leitura de ontem. Hamlet.
O relógio marcava 23:48 quando ouvi uma movimentação embaixo da árvore. No início pensei ser algum jovem bêbado ou o cachorro da vizinha. Mas todas essas opções foram descartadas quando alguém subiu as escadas e abriu a porta pesada sem a menor dificuldade.
— Eu sabia que você estaria aqui - paralisei ao reconhecer a voz. Rafe estava sem o terno, com a camisa social branca com os dois primeiros botões abertos, as mangas dobradas no cotovelo, deixando algumas tatuagens visíveis.
— E o que você faz aqui? Não deveria estar na festa? Como sabia que eu estava aqui?
— Por que você não está na festa? - ele retrucou.
— Não se responde uma pergunta com outra pergunta, e você sabe porque não estou na festa - cruzei os braços enquanto ele roubava uma almofada para se sentar ao meu lado.
— Peguei minha namorada transando com meu melhor amigo.
— Uau, isso é realmente trágico, sinto muito.
— Não sinta.
— Quer desabafar? Sabe, continuo sendo uma ótima ouvinte.
— Como nos velhos tempos - ele me olhou e sorriu.
— Está falando como se tivéssemos sessenta anos - falei e ele gargalhou alto.
— Senti sua falta - Cameron falou depois de alguns minutos em silêncio.
Uma sensação de nostalgia me atingiu em cheio, de repente, todas as borboletas voltaram a festejar em meu estômago, um sorriso sincero brotou em meus lábios, foi inevitável. Seu perfume me deixou hipnotizada. E quando ficamos frente à frente, nos beijamos intensamente, demonstrando em atitude toda saudade do tempo separados.
Um beijo que ficaria marcado para sempre, porquê depois dele, nos amamos como verdadeiros apaixonados, e Rafe novamente foi o meu primeiro. Primeiro amor de infância e adolescência. Primeiro beijo e transa. Mesmo com todo sentimento envolvido, era tarde demais.
— Feliz aniversário, amor - disse com sua testa colada na minha, controlando a respiração ofegante.
E na manhã seguinte, foi minha vez de partir sem me despedir. Meu coração se partiu em mil pedaços quando deixei a casa na árvore, para nunca mais voltar. O aeroporto me esperava, Califórnia me esperava. Havia mais um sonho a ser realizado. E dessa vez era sobre mim.
E quando as borboletas se encontravam mortas, me senti devidamente livre. Rafe fez sucesso e eu fiquei feliz por ele, apesar de tudo.
O silêncio é a melhor forma de esconder seus sentimentos. E a pior forma de suportá-los.
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𝘐𝘔𝘈𝘎𝘐𝘕𝘌𝘚, 𝘥𝘪𝘷𝘦𝘳𝘴𝘰𝘴.
Random𝖠𝗌 𝗂𝗅𝗎𝗌𝗈̃𝖾𝗌 𝗌𝗎𝗌𝗍𝖾𝗇𝗍𝖺𝗆 𝖺 𝖺𝗅𝗆𝖺 𝖼𝗈𝗆𝗈 𝖺𝗌 𝖺𝗌𝖺𝗌 𝗌𝗎𝗌𝗍𝖾𝗇𝗍𝖺𝗆 𝗈 𝗉𝖺́𝗌𝗌𝖺𝗋𝗈. 𝗜𝗺𝗮𝗴𝗶𝗻𝗲𝘀 𝗱𝗶𝘃𝗲𝗿𝘀𝗼𝘀: 𝗮𝘁𝗼𝗿𝗲𝘀, 𝗷𝗼𝗴𝗮𝗱𝗼𝗿𝗲𝘀, 𝘁𝗶𝗸 𝘁𝗼𝗸, 𝘀𝗲́𝗿𝗶𝗲𝘀 𝗲 𝗳𝗶𝗹𝗺𝗲𝘀. • S/n = seu nome. •...