𝘑𝘑 𝘔𝘢𝘺𝘣𝘢𝘯𝘬 - 𝘖𝘶𝘵𝘦𝘳 𝘉𝘢𝘯𝘬𝘴

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Por causa das ameaças de Rafe, meu ex namorado, e do meu crescente peso na consciência, a semana seguinte à festa da Nora foi uma quebra de recorde em termos de consumo de álcool para mim. Cerveja, uísque, Kahlua, mais cerveja. Vômito, Kahlua. Mas você conhece o ditado: para grandes males, grandes remédios...

Eu estava em casa na quarta-feira à noite, lavando os pratos depois de jantar com a mamãe, quando o JJ apareceu.

— Oi, oi. - Mamãe e eu demos "ois" separadamente. JJ entrou na casa, sem cerimônia, e sentou-se na bancada junto à pia da cozinha. Passei um prato úmido e um pano para ele.

— Enxugue, por favor.

— Dá para ela nos ouvir aqui? - ele piscou e se inclinou para mim.

— Consigo te ouvir perfeitamente - Mamãe reagiu, sem se mexer diante do computador.
Assim, eu fui a fornecedora do Kahlua; a única coisa que ele achou foi que os meus pais não sentiriam falta no bar. Surrupiei duas cervejas da geladeira da nossa garagem, que bebemos enquanto cantávamos Vienna junto com o Billy Joel.

Mais ou menos uma hora depois, estávamos bêbados. A maior parte do Kahlua já tinha ido, as duas garrafas de cerveja estavam vazias, e uma pilha enorme de embalagens prateadas de Kisses da Hershey se acumulava no futon entre a gente.

— Tudo bem, então diga aí, você falou assim: "Não estou pronto para ter um compromisso sério", e então ela respondeu, o quê? Ela disse exatamente o quê? - Eu estava explodindo de tanto rir. Histérica. Não que o rompimento do JJ com a loira fosse remotamente engraçado.

— Então ela ficou... triste, S/n. Ela ficou triste! Pare de rir!

— Foi péssimo. Não gosto de magoar as pessoas. Especialmente ela, que é um doce.
- Ele enfiou um punhado de chocolate na boca. Dei uma risadinha por dentro.

— Estou de coração partido - JJ anunciou bem alto. — Acabei de romper com a Cloe.

— Ora, faça-me o favor. - Passei outro prato para ele. -- Você é que partiu o coração dela. Você não ficou com nada partido.

JJ continuou a conversa.

— Quero acampar hoje à noite na casa da árvore. Com a S/n. Sra.S/s, por favor?

— Hoje é dia de semana, amanhã tem aula. - Ela ainda estava diante do computador.

Cutuquei JJ no ombro e gritei para a mamãe.

— Tenho uma janela no primeiro horário, só preciso chegar na escola às nove!

— S/n, não me deixe ser a vilã. Nove da manhã não é exatamente meio-dia.

— Mas, sério, a gente só vai estar a dois metros de você. - E JJ prosseguiu: - Vamos comer um pacote de biscoitos e dormir por volta das onze. É só que não quero ficar sozinho em casa hoje à noite. Tão deprimente.

— Sozinho? E o Pope?

JJ curvou o corpo em uma pose de dar dó - cabisbaixo, ombros caídos. Mamãe amoleceu.

— Tudo bem, nem sei por que me preocupo. Vocês é que vão sofrer amanhã. - Ele olhou para nós: - Vai ser bem puxado. - Ela beijou a minha cabeça, depois passou pela sala e foi para o quarto. - Vou tomar banho. Se não me encontrar mais com vocês, divirtam-se. S/n, me dê um toque pela manhã, antes de sair.

Assenti, dei uma gingadinha, e então ensaboei mais um prato engordurado.

Engoli e continuei.

— Não, é sério, você tem razão. É triste. É muito triste - tentei torcer o lábio, fazendo uma careta.

𝘐𝘔𝘈𝘎𝘐𝘕𝘌𝘚, 𝘥𝘪𝘷𝘦𝘳𝘴𝘰𝘴.Onde histórias criam vida. Descubra agora