VII- Eu te odeio

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                       - Harry -

Hoje é sábado. Vou ao banheiro e tomo um banho, visto uma calça moletom preta e um blusão branco, estou sem planos pra hoje então decido descer e tomar café. Queria ver alguma série ou filme na tv.

Quando desço as escadas escuto uma conversa e me deparo com uma cena nada agradável.

- Já disse que eu não quero ele aqui! Eu iria manda-lo pra Nova York fazer umas das faculdades mais caras de lá. Quero meu filho andando com pessoas de classe  e não nesse lugarzinho aqui. Ele vai pra uma universidade com bolsa de estudos! Ele poderia estudar em uma muito melhor e eu pagaria!

Era minha mãe...Pois é.
Por mais que eu more com  vovó e ame viver aqui, minha mãe aparece do nada e sempre briga com vovó pra deixar eu ir morar com ela.

O fato é que eu não quero me mudar novamente pra Nova York . Lá eu sofri muito e não quero passar por aquilo novamente. Além disso, deixar Londres é deixar  a escola que eu gosto, as pessoas que eu gosto e principalmente a vovó, que sempre cuidou de mim, desde pequeno. Eu não quero me mudar e até hoje ela não entendeu isso.

Desço as escadas de fininho pra ela não perceber que estou em casa.. certamente falho na missão.

- Aaa..oi Harry. Como você está querido?
Ela diz abaixando o tom de voz.

- Para de gritar com a vovó, Carla!
Chamo sua atenção passando sem olhar pra ela, indo para a cozinha.

- Porque não me chama de mãe??
Ela questiona indo atrás de mim e vovó nos observa calada. Sei que ela fica com o coração quebrado toda vez que eu e Carla discutimos.

- Bom primeiro, você está na nossa casa - digo apontando pra vovó e pra mim mesmo 

- Segundo você acabou com minha vida, quando eu era pequeno. Ou já se esqueceu das coisas que falou comigo, das proibições que me fez? Você acabou com minha infância! Então não me sinto confortável em te chamar de mãe...

- Humm - ela respira fundo - Harry, eu presciso conversar com você.

- Fala - Digo pegando o leite na geladeira de jeito irônico.

- Em particular...
Ela olha para vovó fazendo cara feia. Não gosto de sua expressão.

- Pode falar aqui mesmo... quero que vovó ouça!

Ela não insiste sabendo que não vou seder e se aproxima de mim. Até esqueço que estava tomando leite.

- Não quero que você viva aqui, você já  está no terceiro ano do colegial e...eu queria que você fizesse administração, ser igual eu e seu pai, cuidar dos negócios. Prescisa frequentar as melhores faculdades de Nova York filho....quero que viva bem! - ela diz se aproximando

Não acredito que ela esteja falando isso. Carla nunca ligou pra mim. Nunca. Agora quer me oferecer escola? Faculdade? Vida melhor? A troco de que? Ela nem sequer consegue ver que eu estou bem aqui. Que em Nova York eu era sozinho. Não quero cuidar de empresa besta de contabilidade. Quero fazer o que eu amo. Eu sempre quiz fazer só o que eu amo.

- Eu vivo bem.. aqui onde é a MINHA casa...eu sou feliz com a minha avó com os meus amigos e com as coisas que eu faço. Não quero ir viver onde sei que os olhares de julgamento e nojo vão se voltar pra mim. Não quero ser uma vergonha pra você e seus amigos. Não quero ver as pessoas que me fizeram mal.... não quero deixar vovó sozinha... Mas você não se importa por acaso você se importou quando aquelas pessoas fizeram aquilo comigo? Quando aconteceu aquilo com meu pai?

Minha raiva só cresce. Se ela tivesse feito algo...se ela tivesse impedido...

- Mas Harry.....
Carla coloca a mão em meu ombro e me distancio de suas mãos no mesmo instante, saindo rapidamente de perto dela.

- Pela última vez Carla eu não vou, não vou e pronto...- respiro fundo - Sai da minha casa por favor... não quero apelar com você!
Ando até a entrada e abro a porta pra ela.

- Não vou sair! Quero conversar com você!
Ela respira e se direciona novamente até mim.

- Sinto muito filho, mas isso ainda não acabou!

- Pra mim já acabou a muito tempo!

Meu ego é forte e eu guardo mágoas dela pra vida inteira.

Vou até a porta e a destranco. Preciso respirar.

- Eu te odeio e sempre vou te odiar!

Vovó me olha sair e não olho na cara de Carla.

Saio e fecho a porta.

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Quando o sol se pôr. - PAUSADOOnde histórias criam vida. Descubra agora