26 - Adam

6.1K 444 43
                                    

Sufocado. Eu estava me sentindo sufocado e totalmente fora da minha zona de conforto, parte de mim estava contente por ter vindo, a paisagem é deslumbrante assim como a vinícola, a família de Amy me acolheram bem e são pessoas incríveis mas uma outra parte de mim e essa é bem maior, tinha se arrependido.

Eles são sorridentes e carinhosos uns com os outros, são gentis e eu não estava pronto pra encarar algo assim, me lembrou de como a minha família era antes do acidente, eu não estava conseguindo lidar com tantos sentimentos e pensamentos dentro de mim, que me tomaram desde que eu cheguei e além de tudo isso, não consegui um tempo a sós com Amy.

O dia está animado entre eles, todos estão fazendo alguma coisa para o jantar de ação de graças. Vejo os homens conversando e vejo Amy brincado com o sobrinho mais velho, filho de Liam, me afasto um pouco da casa e fico olhando a vista enquanto penso.

- Eles são intensos não são? - ouço e me viro, Daniel estava se aproximando.

- Parecem até que saíram de um comercial... - respondo e ele fica do meu lado - É sempre assim? Quer dizer, eles são desse jeito mesmo?

- Por incrível que pareça sim, eles são assim mesmo... Quando eu vim aqui pela primeira vez eu me senti deslocado, não sabia como agir, como me comportar, eu nunca tinha visto esse tipo de coisa, tanta demonstração de afeto e união, além de ser britânico, ou seja, é mais difícil demonstrar afeto, eu nunca tinha vivido isso antes e tinha perdido meu pai fazia pouco tempo. Então eu me sentia desconfortável.

- Sinto muito pelo seu pai.

- Obrigado... - Daniel me olha - Eu sei que é assim que você se sente, percebi isso desde ontem, não sei o que aconteceu pra que você se sinta dessa forma, imagino que não seja fácil estar aqui mas, por experiência própria, eu te digo que se você deixar eles podem te amar de verdade. - Daniel fala e eu desvio o olhar até me fixar em Amy ao longe.

- Acho que eu não deveria ter vindo... Mas só em olhar pra ela, eu sinto que faria qualquer coisa.

- Somos parecidos nisso também, eu não me achava suficiente pra Ellie, pensava que ela merecia alguém extraordinário... enfim... por alguma razão ela me ama de volta e estamos juntos até hoje. - Daniel olha para Amy também - Acho que Amy é parecida com Ellie, impossível não se apaixonar por elas.

- E o que eu faço? Quer dizer, como devo agir?

- Deixe os seus medos de lado e deixe o resto com Amy, quando você perceber ela vai ter preenchido sua vida com tanto amor que você não vai mais conseguir viver de outra forma.

- Foi assim com você e Ellie?

- Sim... Ellie foi a melhor coisa que me aconteceu... aliás, ela e Connor são muito importantes na minha história, se não fosse pelo Connor ter me trazido até aqui, eu não teria conhecido essa família, não teria conhecido a mulher da minha vida e sinceramente não sei onde estaria agora.

Antes que eu pudesse responder, a filha de Daniel chegou correndo, ele pega a menina nos braços e eu vejo o quanto ela é bonita, aliás esse é outro detalhe da família, eles são todos bonitos.

- Papai, vamos dar uma volta? Queria pegar uma florzinha.

- De novo filha? A gente passeou mais cedo... Mas o que você acha de chamar o Hugo pra sala de jogos? Vocês podem jogar tênis de mesa ou montar um quebra cabeças, que tal?

- Tudo bem... Mas podemos pegar uma florzinha depois disso?

- Podemos... agora vai brincar. - a menina sai correndo e eu sorrio.

- Ela é esperta. - comento.

- Lilian é persuasiva igual a mãe.

Depois da conversa com Daniel, entrei na casa mas Amy estava ocupada terminando de fazer uma torta de nozes com Alice. Vou até a sala onde onde os homens estão conversando e tomando vinho enquanto passa uma reprise de jogo de basquete na TV.

Mais tarde, subo para o quarto e encontro Amy se arrumando para o jantar, ela vestiu um vestido curto azul e prendeu os cabelos em um rabo de cavalo, me aproximo dela e a encaro através do espelho.

- Você está linda. - elogio e ela dá um sorriso fraco.

Passo os nós dos dedos desde o seu ombro até chegar na mão, respiro fundo e seu perfume doce me deixa inebriado, meu coração estava disparado no peito, beijo o seu ombro e me afasto.

- Vou me aprontar também.

Vou para o banheiro e tomo um banho, me arrumo da melhor forma e então desço para encontrar todos indo para a sala de jantar. Me sento ao lado de Amy.

- Antes de comer eu gostaria de agradecer por mais um ação de graças e por meus filhos estarem todos aqui... - o pai de Amy fala e depois me olha - Nós valorizamos a família e todo o tempo que passamos juntos são importantes, se a Amy gostou de você meu jovem então só podemos agradecer por você está aqui conosco... Eu acredito que todos aqui tem motivos para agradecer, então antes de brindar vamos fazer um instante de silêncio e agradecer.

Todo mundo fechou os olhos e eu baixei minha cabeça, o momento era ainda mais constrangedor pois eu não meu sentia parte desse mundo deles e dessa família. Após isso, fizemos um brinde e então começamos a comer, A comida estava realmente deliciosa.

Depois do jantar, todos se reuniram na sala de estar, ainda era cedo, o sol estava se pondo, olhei para eles sorrindo e em um clima leve, comecei a me sentir sufocado de novo, olho para Amy ao meu lado.

- Posso sair no carro? - pergunto e ela me olha.

- Por quê?

- Queria dar uma volta na cidade, volto logo.

- A chave está na escrivaninha.

Subo até seu quarto, pego a chave e saio da casa pela porta da cozinha. Dirigi pela estrada até chegar na cidade e parei em um bar, entrei e pedi cerveja. Fiquei no bar até perder noção da hora até que Lee se senta ao meu lado no balcão, olhei ao redor e vi todos os irmãos em uma mesa, só faltava Amy.

- Ela não veio, ficou esperando você. - Lee responde a minha pergunta silenciosa.

- Merda... não percebi que era tão tarde. - falo e me sinto culpado na mesma hora.

- Quando éramos crianças, Amy lia histórias pra gente mas principalmente pra mim que estava sempre por perto e era mais retraído. Em uma tarde, marquei de me encontrar com Amy na casa da árvore mas então chegaram dois amigos meus da escola e ficamos brincando até o anoitecer. Quando Amy voltou pra casa sozinha, eu lembrei que a  tinha deixado sozinha esperando, ela ficou tão chateada comigo que eu me senti mal por vários dias, sabia que não tinha sido algo grave mas ler algo para mim era importante pra Amy, eu nunca tinha visto minha irmã tão chateada daquele jeito... até hoje.

Fecho os olhos me sentindo um babaca completo, me senti egoísta por não ter percebido que esse feriado não deveria se tratar só de mim, mas era algo importante pra ela.

- Desde aquele dia eu dediquei mais atenção pra Amy, quando ela começou a jogar tênis nos aproximamos ainda mais por que era algo que tínhamos em comum, eu já vi nosso futuro no tênis, poderíamos jogar na categoria de duplas mistas... Mas veio a lesão e outras questões pessoais que exigiram muito de Amy, ela achou que se desistisse do tênis eu a amaria menos e que não sentiria orgulho dela. Tenho o privilégio de ser irmão de uma pessoa tão sensível e amorosa como ela é... por isso eu vou te dizer uma coisa Adam, não brinque com os sentimentos da Amy, se você percebeu que não vai dar certo termine antes que as coisas piorem, agora se você sente algo de verdade pela minha irmã se comporte com o mínimo de consideração, Amy não merece alguém que não sabe o quer.

- Desculpe por isso Lee... eu... - começo a dizer mas ele levanta a mão me interrompendo.

- Não é pra mim que você tem que pedir desculpas... se você machucar a Amy nós vamos conversar de novo e eu não vou ser tão gentil como hoje.

Lee se afasta e volta pra mesa onde estão seus irmãos e eu arrependido de ter feito mais uma burrada, pago a conta e saio do bar.

Amor na PistaOnde histórias criam vida. Descubra agora