Catarina

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Em uma manhã de segunda feira, após ter concluído o último caso com meu amigo templário moderno como o chamo, decidi admirar a vista antes de descansar um pouco na velha cama que ficava no escritório o qual eu usava de moradia também. Notei poucos metros após a padaria uma moça com cachecol de lontra, maquiada, cabelos loiros na altura do pescoço, olhos claros e pele pálida como a nuvem que cobria o sol tornando aquela paisagem mais agradável e aconchegante. Aparentemente estava conversando com dois rapazes ali que apontaram para cima em direção ao prédio o qual me encontrava, ela puxou da bolsa de mão duas moedas reluzentes e os agradeceu indo em direção ao local apontado. No momento eu estava com meu sobretudo de couro ainda manchado de sangue e fluidos de máquinas, com fedor de óleo e entranhas, cabelo bagunçado e meio embolado, a expressão de quem não dormia há dias e havia cheirado carreiras de cocaína, meu coturno sujo de lama e minha calça jeans mais rasgada que de costume; rapidamente me despi e fui para o banheiro ligando a torneira para encher a banheira ainda na esperança de que aquela Dama não me procurasse naquele momento ou que o porteiro dissesse que eu atendia só a partir das dez horas; ainda despido peguei uma camisa xadrez preta e branca, a calça jeans preta apertada, separei uma bota marron juntamente com a camisa de manga comprida gola V, por um instante me olhei no espelho e vi que haviam marcas de garra, arranhões e cortes por todo meu corpo.
Me direcionando para a banheira, deitei ali e relaxei por alguns segundos enquanto pensava comigo mesmo que destruir aqueles traficantes de nanotecnologia não foi nada ruim, livramos um quarteirão inteiro disto além de levarmos alguns estupradores e pedófilos para seu devido lugar, mas em breve meu amigo não estará mais aqui para me auxiliar nestes casos  dos seres que blasfemam de forma extrema contra seu Deus ou traficam gente, robôs, peças, narcóticos...
Ao abrir os olhos, vejo que meu corpo estava recuperado e ouço batidas na porta seguido de uma voz ríspida mas com toque de gentileza:
"Agente?! O porteiro disse que você estaria disponível... Agente?"
Respondi educadamente:
"Um segundo milady, perdão."
Acho que minha voz carregada de sono e cansaço me entregaram. Levantei da banheira me secando com uma linda toalha a qual tinha meu nome bordado em crochê, feito por uma cliente após eu ter resolvido o caso daqueles que levaram seu filho antes do tempo, pobre senhora Stacy... Após um breve momento, me troquei e fui atender a moça, para minha surpresa, era a mulher que havia visto poucos instantes atrás na padaria, seu perfume era sutil e seus lábios pintados com um batom vermelho da cor de sangue, uma sombra escura e maquiagem leve, traziam sua beleza a tona de forma única. Abri mais a porta e a convidei a entrar já dizendo:
"Senhorita, perdão, mas a noite foi longa e eu acabei de chegar. Por favor, sente-se."
Ela observa atentamente ao redor e me pergunta:
"Então Agente, você só sabe chutar cachorro morto ou tá afim de algo de verdade?"
Olhei indignado enquanto me sentava e retruquei:
"Depende. O que vai me pagar melhor? Porquê até então chutar cachorro morto tem sido mole pra mim além de me proporcionar meu sustento, então..."
Ela sorri revelando seus caninos mais afiados que o normal e fala de forma mais gentil:
"Você era um policial... Agora, um cara maluco que sai batendo em drogado por aí e causando medo nos becos. Sinceramente Agente, eu não acho que você valha somente isto. Então eu pensei em lhe dar um caso real, procure por Lady Trish, soube que você e Brie eram parceiros, ela está lá. Mas tem um detalhe..."
Peguei minha lata de coca e ofereci uma a ela, a qual aceitou e concluiu:
"Eu movi uns pauzinhos e agora você precisa reportar o caso, quando concluir, a polícia. O que me diz?"
Olhei espantado e ainda bebendo o líquido que desta vez descia amargamente pela minha garganta como um gato com as unhas de fora, tossi ao final e respondi:
"Tenho teu nome pelo menos? E quanto eu ganho?"
Ela revelou os caninos e levantou aproximando-se de mim olhando com  seus lindos olhos azuis:
"Catarina, e você ganha uma quantia suficiente pra sair desta espelunca..."
Mordi os lábios e respirei fundo, então disse:
"Eu preciso descansar. Peço desculpas mas não estou apto para executar o serviço no momento..."
Ela termina a bebida e deixa um cartão na mesa
"Quando estiveres pronto, me ligue. Assim saberei que irá concluir o serviço."
Acenei com a cabeça e me levantei da cadeira a qual estava para levá-la até a porta, a reação dela foi um tanto inesperada pois ela se apoiou na mesa e disse:
"Você, Agente, é um tapado. Dá sorte que pelo menos é bonito e tem certas... Habilidades."
Ela se ajeita e vai indo em direção a porta concluindo:
"Não demore muito, ou acharei outro que terá enormes prazeres concluindo tal serviço..."

#Lobo_Pala

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